Cinco faculdades de São Paulo, uma do Rio Grande do Sul e uma de Minas Gerais vão participar da Maratona DANAtureza, competição inédita no Brasil que premiará a equipe de estudantes de Engenharia que construir o veículo mais econômico. Vence a prova quem conseguir percorrer a maior distância gastando a menor quantidade de combustível. Promovida pela Dana, e com apoio do Campo de Provas da Cruz Alta, da General Motors, a competição vai reunir 11 equipes, nos dias 30 e 31 de julho, em Indaiatuba (SP).
Os alunos começaram a projetar seus carros quando a Dana decidiu patrocinar pela primeira vez a realização desse tipo de competição no Brasil, seguindo quase as mesmas regras da Shell Eco-Marathon, que acontece há mais de 20 anos na Europa. Entre as faculdades paulistas que aceitaram o desafio estão a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), A FEI (Fundação Educacional Inaciana), o Mackenzie, a FATEC e a Faculdade de Design de Mauá. A Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) vai representar o estado do Rio Grande do Sul e a Universidade do Estado de Minas Gerais, única escola que já participou da maratona na França, competirá com o carro Sabiá 5.
Os quatro carros supereconômicos da FEI (Fundação Educacional Inaciana) – FEI X-10, FEI X-11, FEI X-12 e FEI X-13 – já estão prontos, pois fazem parte das atividades extracurriculares dos alunos de Engenharia da faculdade. Os modelos foram desenvolvidos para consumo mínimo de combustível, mas nunca tiveram seu desempenho colocado à prova em uma competição. Segundo Ricardo Bock, professor de Engenharia Mecânica Automobilística da FEI e orientador das equipes, será uma grande oportunidade para avaliar na prática idéias concebidas ao longo de sete anos.
A Faculdade de Design de Mauá, localizada na região do Grande ABC (SP), vai competir com duas equipes, uma com um carro de alumínio e a outra com o protótipo em fibra de vidro. Segundo o professor Leone Fragassi, orientador das equipes, além da economia de combustível, os alunos da Mauá vão enfatizar a ergonomia. “O pára-brisa terá uma visão global, bem ampla, e o carro terá 70 cm de espaço interno”, destaca Fragassi. “A Dana acreditou no potencial dos alunos e tomou uma iniciativa extraordinária. Ao longo da competição, a empresa poderá colher informações preciosas e conhecer soluções simples e engenhosas desenvolvidas pelos estudantes”, acredita Fragassi.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, também participa da Maratona DANAtureza com uma equipe de seis alunos, orientados pelo professor de Engenharia Mecânica José Pucci. “O chassi já está pronto e agora e estamos montando os componentes de freio e direção e as rodas”, diz Edson Terra, quintanista do curso de Engenharia. Para o aluno, a competição motiva os estudantes na busca de novas idéias.
Os alunos do curso de Mecânica de Precisão da FATEC (Faculdade de Tecnologia de São Paulo) , que formaram a equipe Lenda, já estão em fase avançada da construção do carro. Segundo o aluno Rogério Barbosa, faltam apenas a pintura, o acabamento e a montagem do pára-brisa. “A experiência nos permitiu ultrapassar os limites da sala de aula e vivenciar todo o processo de construção de um veículo, trabalhando em equipe e cumprindo prazos, como em uma empresa”, destaca o estudante.
Um dos destaques da competição será o Sabiá 5, veículo projetado pelos alunos da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (Belo Horizonte/MG) e que competiu na Shell Eco-Marathon este ano. O carro foi considerado pela organização e pelo júri do prêmio de Design e Eco-Conception como o veículo mais bem concebido e inteligente da prova. A universidade mineira é a única no Brasil que possui experiência nesse tipo de competição de veículos supereconômicos, por já ter participado da Shell Eco-Marathon em 1994, 1995, 2000, 2002 e 2004. De acordo com o professor Jairo José Drummond Câmara, coordenador do projeto, o desenvolvimento do Sabiá 5 priorizou a utilização de materiais e processos que reduzem o consumo de energia para a produção e que apresentem melhor performance ambiental ao longo de sua vida útil.
Para Augusto Cesar Sanchez, quartanista do curso de Engenharia Agrícola da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) , a Maratona DANAtureza é uma oportunidade de se aplicar na prática o conhecimento adquirido ao longo do curso, utilizando novos materiais e conceitos. “É gratificante saber que grandes empresas do setor automotivo, como a Dana, demonstram que vale a pena investir em um evento ligado ao futuro da engenharia, voltado à utilização de novos conceitos e tecnologias que vão beneficiar o meio ambiente”, destaca o estudante. A equipe é formada por oito alunos dos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia Agrícola, do 2º ao 5º ano, e orientada pelos professores Caio Glauco Sanchez e Renato Pavanelo.
Os estudantes da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) , localizada em Canoas (RS), projetaram e estão construindo um modelo supereconômico batizado de Camelo. Para Luiz Gertz, professor do curso de Engenharia Mecânica e orientador da equipe gaúcha, a criação do carro é um ótimo laboratório. “Os alunos entram para o curso de engenharia mecânica e se deparam com muita teoria, cálculos, física. Agora, eles têm a oportunidade de colocar a mão na graxa e, motivados pela maratona, dedicam-se ainda mais. É nesse contexto que surgem as melhores idéias”, destaca Gertz.
A competição
Segundo Luciano Pires, diretor de Comunicação Corporativa da Dana, a Maratona DANAtureza é uma excelente oportunidade de incentivar jovens engenheiros a buscar soluções para as questões ambientais. “Despertamos neles o interesse pelo desenvolvimento de novas tecnologias e de formas mais aerodinâmicas, visando a redução do consumo de combustível e das emissões de poluentes”, explica Pires.
A Maratona DANAtureza terá duração de dois dias e será realizada na pista circular do Campo de Provas da Cruz Alta, onde são testados os carros da General Motors. No primeiro dia, acontecem as avaliações de segurança, originalidade e design. A prova prática terá duração de cerca de duas horas e será cumprida no dia seguinte. Os carros precisarão completar quatro voltas na pista de 4,3 km e largarão com intervalos de um minuto.
Antes da corrida, os minitanques de todos os veículos são abastecidos com 250 cm³ de gasolina, sob a fiscalização de um comissário da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo). A temperatura também é medida para corrigir a dilatação do combustível. No final do percurso, a quantidade de gasolina restante é aferida, considerando-se o peso e não o volume pois, como os protótipos chegam a atingir temperaturas de até 50°C, o combustível pode dilatar-se. Em seguida, aplicando uma regra de três, calcula-se o número de quilômetros que o carro percorreria com um litro.