ECONOMIA AMERICANA – LOCOMOTIVA PLANETÁRIA
A economia norte-americana surpreendeu o mundo ao crescer 1,4% no último trimestre do ano passado, logo após os ataques terroristas de 11 de setembro. Todas as indicações nos primeiros meses deste ano também apontam em direção à uma aceleração na velocidade da locomotiva planetária. O que se avalia, hoje, é o risco de um crescimento
muito rápido começar a gerar pressões inflacionárias.
O Fed (Banco Central dos Estados Unidos) manteve sua taxa básica de juros em 1,75%, na reunião de março, sendo certo que sua reescalada é questão apenas de tempo. Na realidade, a taxa de 1,75% já é negativa e seria preocupante se não fosse suficiente para recolocar a economia americana no rota do crescimento (como tem ocorrido no Japão).
A economia americana não chegou à uma recessão, na sua definição usual de queda seguida do PIB por dois trimestres consecutivos. O PIB americano cresceu 1,1% em 2001 e poderá crescer à uma taxa próxima de 2% este ano e a uma taxa maior em 2003. Isso melhora a perspectiva do desempenho econômico de todo planeta.
EUROPA – COM TENDÊNCIA À RECUPERAÇÃO
A recuperação da economia americana ajudará a reverter o desaquecimento da economia européia. Na Europa, também, os juros básicos dos bancos centrais estão estabilizados, (depois de estarem em queda ano passado) e deverão voltar a subir, seguindo a tendência norte-americana. O PIB dos países integrantes da região do EURO, que cresceu cerca de 1,5% em 2001, poderá repetir taxa semelhante de crescimento este ano. A maior economia da região, a alemã, apresentou taxa negativa de crescimento no último trimestre do ano passado e deverá crescer menos de 1% este ano.
O desempenho da economia italiana também não tem sido favorável. Os melhores resultados na Europa, este ano, deverão ficar com a França, a Espanha e a Grã-Bretanha. O efeito, sobre os negócios, da unificação monetária nas principais economias da Europa, tem sido positivos e o Banco Central Europeu tem atuado para evitar uma valorização do EURO, que possa colocar em risco a competitividade internacional da região.
ÁSIA – NAS ASAS DA RECUPERAÇÃO AMERICANA
Com a exceção do Japão, que ainda não encontrou uma saída para sua recessão, as principais economias emergentes da Ásia tendem a se beneficiar da recuperação norte-americana, como já está, aliás, ocorrendo. A China, a segunda maior economia do Planeta, pelo critério de paridade do poder de compra (PIB de 5 trilhões de dólares pelo critério ppp), tem crescido em ritmo acelerado (7% a.a.) nos últimos anos e deverá manter esse desempenho este ano. A Índia, outra importante economia emergente da Ásia, tem apresentado crescimento relativamente acelerado, no patamar de 4 a 5% a.a. Os chamados tigres asiáticos poderá ter o novo fôlego através das exportações em geral e, em particular, para o mercado americano.
AMÉRICA LATINA – DEPENDENTE DO BRASIL
Das três mais importantes economias latino-americanas (Brasil, México e Argentina), podemos dizer o seguinte, resumidamente.
O México, que enfrentou recessão sob o impacto do desaquecimento da economia americana, tenderá a ser salvo pela retomada de seu principal parceiro.
A América do Sul depende do Brasil, para não ficar muito desajeitada na fotografia da economia mundial, este ano. Nessa foto, de qualquer modo, a América do Sul somente ficará melhor que o continente africano, infelizmente.
A situação da Argentina continua crítica e nenhum dado objetivo, até o momento, permite supor que o seu quadro possa mudar significativamente, para melhor, a curto prazo. As negociações com o FMI tem sido difíceis e burocráticas, como prevíamos, e a asfixia cambial pode agravar-se, a não ser que se monte uma operação de socorro internacional que, infelizmente, não parece provável no Governo G.W. Bush.
Se a economia brasileira não crescer à uma taxa próxima de 3%, este ano, o PIB do Continente Sul-americano poderá ficar estagnado ou cair, diante da forte retração que ocorre na economia argentina.
Se a economia americana faz o papel de locomotiva da economia mundial, a brasileira pode (e até precisa) fazer o mesmo na área do MERCOSUL.
Com a taxa de juros que temos praticado no Brasil, entretanto, mesmo com as reduções projetadas (15% para SELIC no final do ano), estamos condenados a um desempenho medíocre.
O Brasil é o único trunfo para a América do Sul não se sair muito mal no cenário da economia mundial em 2002. Entretanto, precisaremos de muita habilidade, e até de um pouco de sorte, para conseguir um bom equilíbrio entre os diferentes objetivos da política econômica.
Dentre esses objetivos, um crescimento econômico razoável (3% ou mais) parece crucial para que consigamos manter acesa a chama da confiança e da credibilidade, indispensável para assegurar suficiente fluxo de investimentos e financiamentos externos, sobretudo em um período sujeito às turbulências da campanha eleitoral.
Pagnoncelli & Associados S/C Ltda.
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