Em oito temporadas, o projeto Fittipaldi, que ficou conhecido como Copersucar, superou algumas das principais equipes do mundo
Um segundo lugar, dois terceiros, cinco quartos, quatro quintos e sete sextos. Essa seqüência de números sumariza a atuação da equipe Fittipaldi durante oito temporadas na Fórmula 1, somando 44 pontos, mais do que muitas equipes famosas, como a Williams, que antes do patrocínio dos árabes precisou de dez anos para chegar a 46, apenas dois além da equipe brasileira.
Esse resumo é utilizado por Luciano Pires, diretor de Comunicação Corporativa da Dana, para demonstrar a importância do projeto Fittipaldi para o Brasil e justificar o investimento da empresa na restauração do primeiro carro brasileiro da Fórmula 1. Para Luciano, é importante que os jovens de hoje tenham a oportunidade de conhecer um dos mais ousados projetos do esporte nacional e saibam que o País possui talentos reconhecidos em todo o mundo. “Restaurar esse símbolo histórico constituiu-se numa das mais gratificantes ações em comemoração aos 100 anos de atuação da Dana na produção mundial de componentes automotivos”, salientou o executivo.
Prosseguindo em suas comparações, Luciano Pires enfatiza que, em confronto direto, Emerson empatou com o canadense Gilles Villeneuve, com Ferrari, em 1978, e com o francês Alain Prost, com McLaren, em 1980. Além disso, em 1978, a equipe Fittipaldi terminou a disputa do Troféu dos Construtores com 17 pontos, à frente da McLaren, da Williams, da Renault e da Arrows. “No mundial de 1980, com onze pontos, a equipe brasileira chegou à frente da Ferrari e da Alfa Romeo e empatou com a McLaren e a Arrows”, relembra Luciano.
A equipe Fittipaldi foi formada por gente como Emerson Fittipaldi, duas vezes campeão mundial de Fórmula 1, duas vezes vice e Keke Rosberg, que trocou a Fittipaldi pela Williams em 1982 e foi campeão do mundo. Jo Ramirez, chefe de equipe, era considerado por Senna o melhor de todos. Ricardo Divila, projetista, já conquistou mais de 20 títulos no automobilismo mundial. Adrian Newey, projetista em 1979 e 80 – faturou os mundiais de 92, 93, 96 e 97. Harvey Postlethwaite, projetista entre 1980 e 1981 – na Ferrari, conquistou o mundial de construtores de 82. A equipe Fittipaldi acumulou um índice de quebras ao longo de sua história de 33,3%. Enquanto isso, a Jordan teve 44,5%, a Sauber 44,4%, a Williams 35% e a Ferrari 34,5%.
Em seu relato sobre o projeto, Luciano Pires não se conforma com o desrespeito dedicado à equipe Fittipaldi até mesmo por famosos formadores de opinião, que emitem pontos de vista injustos, sem o necessário conhecimento para uma avaliação fundamentada de uma iniciativa sem precedentes no País. “Apesar das estatísticas que mostram resultados respeitáveis, que orgulhariam qualquer país do mundo, a equipe brasileira entrou para a história como um fracasso, virando motivo de piadas para a mídia que, trinta anos atrás, quase nada conhecia sobre Fórmula 1”, diz Luciano. “Essa percepção, infelizmente, foi passada para as novas gerações. Ninguém comenta, por exemplo, que Frank Williams, antes de receber investimentos milionários dos árabes, correu usando motores emprestados pela equipe Fittipaldi”, enfatizou o diretor da Dana.
Luciano Pires salienta que o Fittipaldi FD 01 apresentou soluções avançadas para a época, como a cobertura da parte mecânica; os radiadores instalados longitudinalmente e com resfriamento pela turbulência provocada pelo movimento das rodas, e o bico dianteiro com desenho atualmente adotado nos carros da Williams. O projetista do carro é o brasileiro Ricardo Divila, que surgiu na construção do protótipo Fitti-Porsche (outro projeto dos Fittipaldi) e que, ao longo de sua carreira, conquistou mais de 20 títulos nas diferentes categorias do automobilismo mundial e, hoje, é responsável por uma das equipes de competições da Nissan, no Japão.
“Consideramos o projeto de restauração do Fittipaldi FD 01 uma oportunidade para a manutenção de um dos mais significativos símbolos do esporte brasileiro e reconhecimento do valor dos participantes do projeto. Vamos ampliar a participação da Dana nesse regaste histórico e o próximo trabalho será dedicado ao Fittipaldi FD 04”, anunciou Luciano Pires.
A restauração do primeiro carro brasileiro da Fórmula 1 está integrada aos programas culturais desenvolvidos pela Dana e representa para Luciano Pires um exemplo de que é preciso preservar os importantes símbolos e incutir nas pessoas a necessidade de reconhecer o valor do brasileiro nos mais diferentes setores de atividade. A participação da empresa no resgate histórico do País inclui a reconstrução de um Simca Chambord, utilizado pelo Vigilante Rodoviário, herói do cinema e da televisão do Brasil, e do motor do Jahu, primeiro avião a cruzar o Oceano Atlântico.