Durante o 1º Fórum de Integração do Aftermarket Automotivo Brasil, realizado dentro da AUTOP 2024, George Rugitsky, Diretor de Economia e Mercados do Sindipeças, compartilhou uma análise detalhada sobre os avanços e desafios do programa Rota 2030, um marco regulatório essencial para o desenvolvimento do setor automotivo no Brasil. Sua apresentação destacou a importância do programa para alavancar a inovação, fortalecer as PMEs e promover a sustentabilidade na indústria automotiva.
Rugitsky iniciou sua apresentação destacando que o programa Rota 2030 foi um sucesso no que tange à inovação no setor de autopeças. Com mais de 308 projetos desenvolvidos por empresas associadas, o programa incentivou uma mudança significativa na abordagem das empresas, que passaram a adotar práticas mais modernas e a investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Esse impulso à inovação foi especialmente evidente nas pequenas e médias empresas (PMEs), que encontraram no Rota 2030 um suporte crucial para modernizar suas operações e competir em um mercado global.
A apresentação também enfatizou a importância das parcerias fomentadas pelo programa. Rugitsky destacou que o Rota 2030 acelerou a jornada de inovação na indústria de autopeças, promovendo colaborações entre empresas, startups, universidades, institutos de ciência e tecnologia (ICTs) e outras entidades. Essas parcerias foram fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias e para a modernização das empresas, criando um ecossistema de mobilidade mais robusto e dinâmico.
Rugitsky apresentou dados significativos sobre a participação das PMEs no Rota 2030, evidenciando que, entre as 308 iniciativas apoiadas pelo programa, um número expressivo foi liderado por pequenas e médias empresas. Além disso, ele destacou o impacto dessas iniciativas na economia brasileira, mencionando que a integração de novas tecnologias e processos produtivos nas PMEs foi um dos fatores que mais contribuíram para o fortalecimento do setor automotivo. O envolvimento dessas empresas em projetos prioritários, como os da EMBRAPII, FINEP e SENAI, demonstrou a importância de políticas públicas voltadas ao apoio das PMEs.
Outro dado relevante apresentado por Rugitsky foi a alocação de recursos financeiros para o desenvolvimento tecnológico e a inovação. Ele mencionou que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT), que será gerido pelo BNDES, está previsto para receber um investimento de R$ 19,3 bilhões ao longo de cinco anos. Esses recursos serão distribuídos em diversas frentes, incluindo pesquisa e desenvolvimento, ativos fixos e realocação de unidades industriais, o que, segundo Rugitsky, é essencial para garantir a competitividade do Brasil no cenário automotivo global.
A sustentabilidade foi outro tema central da apresentação de Rugitsky. Ele mencionou que o Rota 2030 incorporou requisitos obrigatórios para a comercialização de veículos novos, como eficiência energética, reciclabilidade e rotulagem veicular integrada. Essas exigências visam garantir que o setor automotivo brasileiro se alinhe às melhores práticas globais de sustentabilidade, reduzindo a pegada de carbono e promovendo tecnologias de propulsão mais limpas e eficientes.
Além dos avanços já mencionados, Rugitsky discutiu a importância do Regime de Incentivos à Realização de Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento, regulamentado pela Portaria GM/MDIC Nº 43, de março de 2024. Esse regime, segundo ele, é vital para fortalecer a capacidade de inovação das empresas automotivas brasileiras, incentivando a produção de novos produtos e tecnologias. Ele também destacou a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT), que será gerido pelo BNDES e servirá como uma importante fonte de financiamento para projetos de P&D no setor.
Em sua conclusão, George Rugitsky reforçou que o Rota 2030 é uma ferramenta essencial para o futuro do setor automotivo brasileiro. Ele incentivou as empresas a continuarem aproveitando as oportunidades oferecidas pelo programa, investindo em inovação e colaborando para que o Brasil se consolide como um líder global na indústria automotiva. O 1º Fórum de Integração do Aftermarket Automotivo Brasil, portanto, foi um evento crucial para discutir os avanços e os desafios do Rota 2030, apontando caminhos para um futuro mais inovador e sustentável no setor.
Evolução dos Incentivos Automotivos: Do Rota 2030 ao MOVER
O programa Rota 2030 ainda existe, mas ele foi complementado e, em parte, sucedido pelo programa MOVER (Mobilidade Verde e Renovável). O MOVER foi lançado pelo governo brasileiro como uma evolução das políticas de incentivo ao setor automotivo, focando ainda mais na sustentabilidade e na mobilidade verde.
O Rota 2030 foi um marco para o setor automotivo, com foco em incentivar a inovação, a eficiência energética, a segurança veicular, e a competitividade da indústria nacional. Ele trouxe uma série de benefícios fiscais e incentivos para empresas que investiam em pesquisa e desenvolvimento (P&D), especialmente em tecnologias que aumentassem a eficiência energética e reduzissem as emissões de gases poluentes.
Já o MOVER surgiu como uma extensão e evolução desse programa, adaptando-se às novas demandas globais por uma mobilidade mais sustentável e alinhada aos objetivos de descarbonização. O MOVER incorpora muitos dos princípios do Rota 2030, mas com um foco mais acentuado em tecnologias limpas, eletrificação de veículos e sustentabilidade, integrando requisitos adicionais relacionados à eficiência energética, reciclabilidade e pegada de carbono dos veículos.
Portanto, o MOVER não substitui totalmente o Rota 2030, mas sim o complementa e refina, com um foco ampliado nas questões de sustentabilidade e inovação verde.