Pela primeira vez na história, os modelos Fittipadi FD 01 e FD 04, que correram nas pistas nos anos de 1975 e 1977, respectivamente, foram expostos lado a lado, completamente restaurados. Os carros foram apresentados ontem à noite aos irmãos Emerson e Wilson Fittipaldi Jr., em um evento promovido pela Dana, em São Paulo. A façanha é resultado de um amplo projeto da Dana cujo intuito é demonstrar a importância da equipe Fittipaldi para o Brasil, recuperando sua história e seus principais carros.
Para Luciano Pires, diretor de Comunicação Corporativa da Dana, é importante que os jovens de hoje tenham a oportunidade de conhecer um dos mais ousados projetos do esporte nacional e saibam que o País possui talentos reconhecidos em todo o mundo. “Restaurar esse símbolo histórico constituiu-se numa das mais gratificantes ações que já promovemos”, destaca o executivo. “Consideramos o projeto de restauração do Fittipaldi FD 01 uma oportunidade para a manutenção de um dos mais significativos símbolos do esporte brasileiro e reconhecimento do valor dos participantes do projeto”, anunciou.
Luciano Pires não se conforma com o desrespeito dedicado à equipe Fittipaldi até mesmo por famosos formadores de opinião, que emitem pontos de vista injustos, sem o necessário conhecimento para uma avaliação fundamentada de uma iniciativa sem precedentes no País. “Apesar das estatísticas que mostram resultados respeitáveis, que orgulhariam qualquer país do mundo, a equipe brasileira entrou para a história como um fracasso, virando motivo de piadas para a mídia que, trinta anos atrás, quase nada conhecia sobre Fórmula 1”, diz Luciano. “Essa percepção, infelizmente, foi passada para as novas gerações. Ninguém comenta, por exemplo, que Frank Williams, antes de receber investimentos milionários dos árabes, correu usando motores emprestados pela equipe Fittipaldi”, enfatizou o diretor da Dana.
A equipe Fittipaldi conseguiu um segundo lugar, dois terceiros, cinco quartos, quatro quintos e sete sextos durante oito temporadas na Fórmula 1, somando 44 pontos, mais do que muitas equipes famosas, como a Williams, que antes do patrocínio dos árabes precisou de dez anos para chegar a 46, dois a mais que a equipe brasileira.
Em confronto direto, Emerson empatou com o canadense Gilles Villeneuve, com Ferrari, em 1978, e com o francês Alain Prost, com McLaren, em 1980. Além disso, em 1978, a equipe Fittipaldi terminou a disputa do Troféu dos Construtores com 17 pontos, à frente da McLaren, da Williams, da Renault e da Arrows. “No mundial de 1980, com onze pontos, a equipe brasileira chegou à frente da Ferrari e da Alfa Romeo e empatou com a McLaren e a Arrows”, relembra Luciano.
A equipe Fittipaldi foi formada por gente como Emerson Fittipaldi, duas vezes campeão mundial de Fórmula 1, duas vezes vice, e Keke Rosberg, que trocou a Fittipaldi pela Williams em 1982 e foi campeão do mundo. Jo Ramirez, chefe de equipe, era considerado por Senna o melhor de todos. Ricardo Divila, projetista, já conquistou mais de 20 títulos no automobilismo mundial. Adrian Newey, projetista em 1979 e 80 – faturou os mundiais de 92, 93, 96 e 97. Harvey Postlethwaite, projetista entre 1980 e 1981 – na Ferrari, conquistou o mundial de construtores de 82. A equipe Fittipaldi acumulou um índice de quebras ao longo de sua história de 33,3%. Enquanto isso, a Jordan teve 44,5%, a Sauber 44,4%, a Williams 35% e a Ferrari 34,5%.
A restauração dos primeiros carros brasileiros da Fórmula 1 está integrada aos programas culturais desenvolvidos pela Dana e representa um exemplo de que é preciso preservar os importantes símbolos e incutir nas pessoas a necessidade de reconhecer o valor do brasileiro nos mais diferentes setores de atividade. A participação da Dana no resgate histórico do País inclui a reconstrução de um Simca Chambord, utilizado pelo Vigilante Rodoviário, herói do cinema e da televisão do Brasil, e do motor do Jahu, primeiro avião a cruzar o Oceano Atlântico.
Site mostra passo a passo do projeto de restauração
A Dana também criou um site na internet que mostra todo o processo de restauração dos carros da equipe Fittipaldi, no endereço www.dana.com.br/fittipaldif1. No site, o internauta pode assistir e fazer o download dos vídeos que mostram os preparativos e os primeiros testes em pista com o FD-01 restaurado, além das reportagens veiculadas no Jornal da Band, Jornal da Globo e Globo Esporte.
Há ainda uma galeria de fotos do making-of da restauração e do histórico retorno do FD-01 ao Autódromo de Interlagos. É possível visualizar também notícias antigas e atuais sobre a equipe Fittipaldi e as fichas técnicas dos modelos FD-01, FD-04 e F-5. Outra seção interessante do site é o “blog” (diário virtual), que conta um pouco sobre a história da parceria entre a Dana e os irmãos Fittipaldi e traz uma entrevista exclusiva com Ricardo Divila, projetista do carro.
Fatos sobre a equipe Copersucar:
– Em oito temporadas, a equipe Fittipaldi acumulou 44 pontos, sendo 1 segundo lugar, 2 terceiros, 5 quartos , 4 quintos e 7 sextos lugares.
– Enquanto isso, a Williams, uma das principais equipes da atualidade, marcou apenas 21 pontos em seis temporadas (1973-78).
– A Fittipaldi terminou o Mundial de Construtores de 1978 à frente da McLaren, Williams, Renault e Arrows. E o Mundial de Construtores de 1980, à frente da Ferrari e Alfa Romeo e empatada com McLaren e Arrows.
– Em seu primeiro ano na equipe, em 1976, Emerson terminou o campeonato de estréia empatado com Carlos Reutemann (Brabham-Alfa Romeo). Em 1978, marcou o mesmo número de pontos que Gilles Villeneuve da Ferrari e ficou à frente de pilotos da Williams, Renault, McLaren e Tyrrell. No certame de 1980, terminou empatado com Alain Prost, da McLaren, e à frente de pilotos como Mario Andretti, da Lotus.
A equipe Fittipaldi teve integrantes como:
– Emerson Fittipaldi, duas vezes Campeão Mundial de Fórmula 1 e duas vezes vice-campeão.
– Keke Rosberg – trocou a Fittipaldi pela Williams, em 1982, e foi campeão do mundo.
– Jo Ramirez – primeiro chefe de equipe da Fittipaldi, sagrou-se campeão várias vezes na McLaren e foi considerado por Senna o melhor de todos.
– Ricardo Divila – projetista, já conquistou mais de 20 títulos no automobilismo mundial.
– Adrian Newey – projetista da equipe em 1979 e 1980, conquistou o título mundial em 1992, 1993, 1996 e 1997.
– Harvey Postlethwaite – projetista da Fittipaldi entre 1980 e 1981, integrou a equipe da Ferrari na conquista do mundial de construtores de 1982.