Cuidados com lubrificação e o devido dimensionamento do conjunto encabeçam uma série de verificações que podem levar esses sistemas a diversas horas a mais de operações ininterruptas. Confira!
Quando o assunto é sistema de transmissão, o eixo cardan não pode ser esquecido. O conjunto é responsável pela transmissão da força gerada pelo motor para as rodas, sendo um componente essencial para caminhões e muitos equipamentos industriais.
A vida útil do eixo cardan pode ser bastante longa, mas isso dependerá de uma série de atividades de manutenção, a começar pela lubrificação correta e pela operação do veículo, o que requer treinamento do motorista em aspectos como o próprio componente, problemas potenciais e cuidados que devem ser tomados durante o uso do veículo na execução dos serviços.
No caso da lubrificação, o tipo de graxa e o modo como ela é aplicada corresponde a mais de 90% das exigências de durabilidade do eixo cardan.
De acordo com especialistas, a ausência de graxa pode resultar em componentes desgastados rapidamente, além de elevar o sistema a temperaturas acima dos 130 °C, que é o limite de componentes como as cruzetas.
Por isso, em operações fora de estrada, o cuidado com a lubrificação deve ser ainda maior. A indicação é que, além das verificações de rotina, seja realizada a verificação da quantidade e qualidade de graxa nos componentes do eixo cardan toda vez que o veículo entrar em contato com níveis altos de água ou de lama, como acontece em enchentes e atolamentos.
A aplicação da graxa correta é outro ponto de atenção para caminhões pesados e máquinas. Geralmente, esses equipamentos utilizam lubrificantes para eixos do tipo EP-1 ou EP-2, feitos à base de sabão de lítio. Já o modo de aplicação pode ser permanente ou não permanente, dependendo da preferência do usuário.
Do mesmo modo que é essencial elaborar um plano de verificação do lubrificante, também é indicado criar um plano adequado de prevenção para todo o conjunto do eixo cardan.
Para um caminhão pesado em condições rodoviárias (ou “moderadas”), especialistas indicam inspeção nos cardans a cada 150 hodas de operação. Nos casos mais severos, principalmente em terrenos irregulares, a inspeção deve ser feita a cada 50 horas.
Indicativos de avarias
Como o eixo cardan se encontra na parte inferior do veículo, exposto diretamente ao atrito com solos irregulares e substâncias contaminantes, é recomendado que o motorista se mantenha atento aos indicadores de avaria.
Qualquer alteração no funcionamento normal do eixo cardan pode ser detectada por meio de ruídos e vibrações anormais. A vibração, mesmo que leve, é um dos principais indícios da necessidade de reaperto, troca de um componente de desgaste ou alinhamento no eixo.
No caso de ruídos, é mais difícil identificar a peça que está com problemas, porém é um indicador de que componentes do eixo estão gastos, desalinhados ou até fundidos. A cruzeta, por exemplo, responsável pela transmissão do torque e angulação do sistema, é uma peça de desgaste que, quando danificada, pode apresentar ruídos e resíduos de pó de ferro.
Ao se notar alguma avaria nesse componente, é necessário levar o veículo a uma oficina ou estacioná-lo em um local seguro, até que um técnico especializado retire e verifique o componente.
Além de ser uma peça pesada, o eixo cardan pode atingir temperaturas altíssimas em operação inadequada. Portanto, não é indicado manuseá-lo sem o conhecimento técnico necessário ou mesmo sem a utilização de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual), como luvas, capacete e óculos de proteção. Mesmo na ausência de problemas, é aconselhável criar um plano de manutenção do eixo, juntamente com os outros componentes.
Em casos mais críticos, como quebra ou reforma da peça para adequação, é necessário substituir o cardan. Porém, especialistas afirmam que em 95% dos casos a substituição do conjunto acaba não ocorrendo, pois os clientes invariavelmente optam por sua manutenção/recuperação, que chega a custar até 60% menos que um conjunto novo.
Por isso, quando a opção for pela manutenção do conjunto danificado, será necessário que a oficina escolhida tenha estrutura e maquinário adequados para efetuar todos os processos de inspeção, manutenção, alinhamento e balanceamento dos eixos, além de mecânicos treinados, que executem o trabalho de acordo com os requisitos de qualidade, de preferência certificados por selos como o ISO 9001.
Procedimento padrão
O eixo cardan deve ser cuidadosamente transportado sobre dois calços, para não encostar diretamente no chão ao chegar à oficina especializada. O primeiro passo da manutenção consiste em desmontar a peça em uma bancada limpa e apropriada, soltando os parafusos e retirando os componentes do eixo, incluindo flanges, ponteiras, mancais, luvas, garfos, yokes, rolamentos, retentores, peças de suporte e cruzetas. Esses itens devem ser cuidadosamente medidos e comparados com peças novas, selecionando as que serão substituídas ou recuperadas.
Durante a inspeção, as cruzetas não podem estar espelhadas, o que indica desgaste por rotação. É preciso verificar também a folga nas cruzetas e entre os entalhados das ponteiras e luvas. Nos garfos, mancais e terminações deve-se verificar a existência de trincas ou folgas, além das condições gerais, balanceamento e possíveis impactos no eixo. Ao final do processo, deve-se testar o cardan na rotação de trabalho para verificar se não há ruídos no rolamento ou outros problemas.
Lubrificação do sistema
A montagem do eixo cardan exige um exame cuidadoso de possíveis folgas no conjunto deslizante, assim como o aperto dos parafusos dos flanges. Executa-se a lubrificação em todos os pontos, aplicando-se a nova graxa até que a antiga saia totalmente pelos anéis de vedação e respiros. As peças mais importantes nesse processo são as luvas deslizantes e a cruzeta, na qual a reaplicação deve ser feita em todas as quatro capas. É importante lembrar que o canal de lubrificação não deve ser retirado ou limpo.
Após executar a lubrificação adequadamente, o eixo é cuidadosamente montado, já que pequenos erros podem afetar a integridade de todos os processos anteriores. Os garfos, por exemplo, devem estar totalmente alinhados.
A lubrificação é o ponto-chave para obter vida longa dos eixos cardan. Ela é aplicada nas cruzetas, rolamentos, luvas e ponteiros deslizantes. Esses componentes utilizam a mesma graxa à base de sabão de lítio, do tipo EP (Extrema Pressão), com graus de consistência 1 ou 2. Outros lubrificantes, como os que possuem base de silicone, não devem ser utilizados, pois não asseguram proteção suficiente ao sistema.
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