A importância deste componente no desenvolvimento da tecnologia automotiva é tão grande que muitos pesquisadores atribuem às juntas homocinéticas e sua antecessora, a cruzeta ou junta universal, a evolução e popularização do automóvel e sua produção em larga escala. Conheça um pouco da história e fabricação deste simples, mas fundamental, componente.
Uma junta homocinética, junta de velocidade constante, junta VC, ou JVC, é um componente de acoplamento elástico, que tem como finalidade transmitir movimento entre árvores permitindo que formem ângulos entre si.
Construída com uma cúpula e rolamentos, foi inventada com a intenção de substituir as juntas universais (cruzetas), componente inventado por Clarence Spicer, engenheiro automotivo norte-americano, conhecido pelo primeiro projeto e uso da junta universal em aplicações automotivas em abril de 1904.
Antes das homocinéticas, as juntas universais eram os únicos elementos de ligação e transmissão de força entre o motor, eixos e rodas, porém deixavam a desejar na dirigibilidade e perdiam eficiência na transmissão de força quando trabalham fora do ângulo correto, principalmente em pisos irregulares.
A invenção da junta homocinética é creditada ao americano de descendência silesiana (região que fica entre a Polônia, Alemanha e República Checa) Alfred H. Rzeppa, que trabalhava na Ford e a criou em 1926. As juntas homocinéticas são as responsáveis pela transmissão da força do motor para as rodas de tração, fazendo com que elas girem corretamente, independentemente das condições da via ou de direção. A Dana foi a primeira fabricante de juntas homocinéticas no Brasil e apoiou a introdução deste produto de sucesso no mercado de reposição na década de 1970, começando pelo Corcel I e Passat e depois para vários veículos icônicos, razão das juntas homocinéticas Spicer e Albarus serem sinônimo de produto original, há décadas.
A junta homocinética “liga” o semieixo da transmissão ao cubo da roda, sendo a responsável por fazer com que haja tração mesmo em condições diferenciadas. Isso porque é composta por um sistema de rolamentos esféricos, que permitem a variação da posição do eixo da roda. Sem a junta homocinética seria impossível pensar em veículos com tração dianteira.
Elas permitem a transmissão da rotação, em uma variação de ângulo, entre os eixos com uma junta cardan e em todos os sentidos. Sem as juntas homocinéticas, as rodas travariam ou perderiam a tração ao esterçar, em elevações, buracos ou declives na via, que fazem com que os eixos das rodas assumam ângulos diferentes em relação ao semieixo da transmissão.
A junta homocinética é constituída por:
- Veio transmissor;
- Esferas de aço numa cúpula. As esferas rolam em rolamentos próprios;
- Cúpula e veio transmitido, parte do cubo da roda.
O nome ‘homocinética’, vem do grego homos = igual + kinein = movimento. O nome indica exatamente o que acontece, movimento igual de parte condutora da junta em relação à parte conduzida.
Tipos de homocinéticas
A junta de velocidade constante conecta o eixo de transmissão às rodas dianteiras (fica no lado da roda). Sua construção permite funcionamento suave e com menor nível de ruídos. Esse tipo de junta não permite movimento axial.
A combinação entre Juntas Fixas e Deslizantes apresentam a vantagem de permitir maiores ângulos de trabalho, menor raio de giro em veículos de tração dianteira, maior capacidade de torque, menor nível de ruído e outras vantagens.
A junta universal (universal joint, U-joint), também conhecida como cruzeta, é composta basicamente por dois “U” defasados de 90° e interligados por um pino em forma de cruz, também têm a capacidade de transmitir movimento em ângulo, porém essa transmissão sempre resulta na aceleração positiva e na aceleração negativa entre os “U”.
A junta homocinética não requer manutenção por toda sua vida, sendo necessário apenas certificar-se de que a coifa protetora não esteja furada ou rasgada, uma vez que a entrada de água, geralmente acompanhada de terra, inutiliza a peça em pouco tempo.
Há outro tipo de junta homocinética, a chamada junta tripoide, que recebeu o popular apelido de “trizeta”, derivado da cruzeta. A junta tripoide conecta a saída da transmissão ao eixo das rodas dianteiras (fica no lado transmissão). Em função de seu desenho interno, ela é completamente flexível e permite movimento axial (deslocando-se para dentro e para fora)
O rolamento é um dos principais componentes da peça. É constituído por esferas, o que dá maior capacidade de carga e segurança ao sistema. Nas juntas homocinéticas fixas as esferas funcionam em trilhas que existem dentro do eixo conduzido. Já nas juntas deslizantes a gaiola que abriga os sulcos é por onde as esferas correm.
As carcaças das juntas homocinéticas são normalmente forjadas a partir de tarugos de ferro. Depois que a junta é usinada, o tratamento térmico por indução é usado para endurecer as superfícies de desgaste.
As juntas são compostas de um anel externo, outro interno, uma gaiola de esferas e seis ou oito esferas dependendo da configuração.
A coifa protetora age como o próprio nome já diz. Feita de borracha sintética e vedada com abraçadeiras metálicas, a coifa protetora evita a contaminação com areia, lama, água ou outras substâncias que podem aumentar o atrito entre os elementos rolantes da homocinética.
Uma vez que a coifa protetora estrague as substâncias que passarem por ela irão causar falhas na junta e reduzirá o tempo de vida da peça. As coifas são fabricadas em borracha sintética flexível e resistente a altas temperaturas, que mantêm a graxa especial sempre em contato com a junta, além de protegerem os componentes internos e também a graxa interna de danos provocados por condições atmosféricas adversas (temperaturas extremas, gases etc) e por materiais estranhos (sujeira, pedriscos, água, ataque de produtos químicos derivados de petróleo, geralmente usados na lavagem da parte de baixo do veículo).
As braçadeiras, feitas em aço inoxidável, oferecem conexão sem vazamentos da junta homocinética ao eixo e à transmissão/rodas.
Use sempre Spicer, o único kit de reparo com qualidade original.