Buracos, lombadas, valetas, batidas contra as guias no meio-fio e uma série de irregularidades das ruas e estradas podem entortar as peças da suspensão, causando desalinhamento e desgaste dos pneus. Saiba como identificar estes danos causados.
A direção normal geralmente não desalinha as rodas nem danifica a suspensão. No entanto, a direção normal também envolve encontros com o inesperado, o que geralmente inclui buracos, lombadas, cruzamentos com desníveis de asfalto (isso quando ainda existe asfalto), e outras coisas que sacodem e estressam os componentes da suspensão.
Usando como exemplo um braço de direção torto, por exemplo, pode alterar complemente o alinhamento de todo a carroceria. A barra axial, que faz parte do sistema da suspensão e liga a caixa de direção aos terminais da roda, se estiver torta mudará o alinhamento.
Medir a distância entre cada braço de controle e a roda é uma maneira de encontrar um braço de direção torto. Ambas as distâncias devem ser as mesmas em ambos os lados do veículo. Se um braço estiver mais perto ou mais longe da roda do que o outro, ele não permitirá mudanças de convergência iguais em ambos os lados quando as rodas forem esterçadas.
Puxar a suspensão para baixo e verificar se há mudanças de convergência desiguais de um lado para o outro é outro “truque” que pode ser usado para encontrar esse tipo de dano “oculto”. Se um braço de direção estiver torto, um lado mostrará uma mudança de convergência maior do que o outro.
Se você encontrar evidências de um braço torto (mudança de convergência desigual ou uma diferença na distância do braço de direção ao volante de um lado para o outro), pode não ser óbvio qual braço é o que está torto.
Obviamente, há uma diferença, mas qual braço é o que está torto? Você pode ter que comparar as medidas do braço de direção com as do volante em outro veículo do mesmo ano, marca e modelo para determinar qual braço está torto.
A cambagem também pode ser prejudicada por choques e batidas contra o pavimento e pode afetar a estabilidade direcional. Um veículo puxará para o lado com mais cambagem. Então sempre compare as leituras de cambagem em ambos os lados. Mais de meio grau de diferença pode causar um puxão na direção.
Se a cambagem estiver desviada apenas de um lado, um encontro próximo com um buraco ou outro obstáculo pode entortar um fuso, braço de controle ou, até mesmo, danificar um amortecedor.
Qualquer mudança na posição no amortecedor ou na torre do amortecedor pode causar os mesmos problemas acima, com a agravante que a mudança na posição de uma travessa, por exemplo, geralmente mudará a cambagem em ambos os lados.
Uma maneira de identificar danos ocultos que podem estar afetando a cambagem é fazer uma verificação de cambagem. Leituras diferentes de cambagem podem indicar um suporte torto que precisa ser substituído. Se as leituras forem coincidentes, é recomendável fazer uma verificação do ângulo de inclinação do eixo de direção.
Oriente seu cliente
Como não é o reparador ou o especialista em autopeças que diariamente utiliza o veículo, a melhor forma de evitar esses danos é esclarecer o cliente sobre como proceder ao enfrentar um obstáculo nas ruas e estradas e orientá-lo a fazer a verificação da suspensão periodicamente – em sua oficina é claro.
Para passar com o carro sobre uma lombada é mito que “passar de lado” é menos agressivo aos componentes da suspensão, assim como é mito que frear bruscamente para tentar escapar de um buraco é a forma correta para superar esses obstáculos.
Segundo estudos de institutos de segurança automotiva e especialistas em direção defensiva, passar de lado sobre a lombada compromete a estrutura da carroceria, pode provocar desalinhamento da direção e, com o tempo, pode ocasionar torção e até trincas.
A outra situação onde o motorista mantem o pedal do freio acionado, travando as rodas, impede que o sistema de suspensão cumpra seu papel, que é o de absorver impactos contra o piso.
Ao frear sobre o obstáculo, todo o peso do veículo é transferido para os componentes da suspensão dianteira, sobrecarregando a frente do veículo e provocando o que é comumente chamado de “dive”, que é quando o veículo mergulha de frente e aproxima a parte inferior junto ao solo.
A pancada do assoalho é direta e o risco de danos é muito elevado, além dos amortecedores, que sofrem folgas e até travamentos, dos pneus, que podem sofrer cortes, e dos danos que podem causar nas rodas, como, por exemplo, amassados, trincas e quebras.
O melhor é frear sem forçar muito o pedal e reduzir as marchas. Ao se deparar com o obstáculo, o motorista deve frear pouco e tirar o pé do pedal ao atingi-lo.
É importante manter as rodas alinhadas e os pneus calibrados, pois com a pressão ideal, eles não são comprimidos, o que evita a deformação.
Jamais deve-se virar o volante de forma brusca, pois há risco de o carro desviar e atingir outros usuários da via ou colisão.