Muito utilizado em caminhões e veículos off road, o bloqueio do diferencial serve para situações na qual uma das rodas do veículo encontra-se livre. O sistema ajuda o veículo em situações de baixa aderência em um dos conjuntos de rodas ou um dos eixos. Entenda como funciona e quando deve ser usado.
Caminhões que precisam trafegar em estradas de terra ou situações de pista escorregadia utilizam muito esses sistemas para assegurar mais estabilidade e evitar acidentes.
O diferencial é o mecanismo de engrenagens responsável por tracionar o veículo. Sua função é permitir que os diferentes eixos que tracionam o caminhão possam girar em velocidades diferentes — como acontece em curvas ou em manobras mais fechadas.
No entanto, apesar de o diferencial ser fundamental para qualquer caminhão, ele pode causar um problema bastante comum: o giro em falso da roda. Isso acontece porque o diferencial tende a concentrar a força do motor no eixo que está com menor carga, ou seja, que gira mais facilmente.
Assim, caso o caminhão esteja em um atoleiro ou em um terreno muito irregular e uma das rodas motrizes esteja sem aderência ou suspensa, é comum ver essa roda girando em falso, impedindo o veículo de sair do lugar. Nessa hora, o bloqueio de eixo faz toda a diferença.
Antigamente, era comum o motorista acionar o bloqueio do eixo acionando uma alavanca no interior do veículo ou indo até a roda para acionar o sistema. Hoje, com a evolução da tecnologia e da eletrônica embarcada, o motorista pode ativar o sistema por meio de um botão no painel, já que a maioria dos caminhões conta com um sistema eletrônico para isso.
O sistema de bloqueio de eixo, quando acionado, distribui a força do motor de maneira igual para as rodas, permitindo que o veículo saia de situação extremas, em que apenas um dos eixos de tração toca o solo
Assim, o bloqueio de eixo evita que a roda suspensa gire em falso enquanto a que toca o solo e suporta o peso fica parada. Ao acionar o sistema, ambas as rodas passam a girar de maneira igual, empurrando o caminhão.
Esse sistema, na prática, tem como função distribuir o torque do motor entre as rodas que tracionam o veículo. No caso dos caminhões, é possível encontrar diferentes modelos e configurações no que se respeito à tração, que pode ser 6×2, 6×4, 8×4 ou 8×2. O primeiro número indica o número de rodas em contato com o solo e o segundo é o número de eixos.
Essas configurações são conhecidas como “toco”, “truck ou trucado”, “bitruck” e “traçado”.
O caminhão do tipo toco (um semipesado) possui quatro pontos de contato com o solo e dois eixos – um frontal e um traseiro. Por isso, é chamado de 4×2. O peso bruto chega a até 16 toneladas.
O trucado (truck ou pesado) é 6×2. Ele possui seis pontos de contato com o solo, um conjunto de eixos mistos. Um deles é simples, na frente; e um deles é duplo, atrás. O eixo duplo atua, diretamente, na força do motor. O peso bruto é de até 23 toneladas.
O bitruck (8×2 ou 8×4) tem oito pontos de contato com o solo e quatro eixos, sendo dois dianteiros direcionais. Por ter quatro eixos, o bitruck tem uma capacidade maior de transporte e mais capacidade que o trucado e peso bruto total de 29 toneladas. São, por exemplo, caminhões graneleiros e caminhões-tanque.
Já o caminhão traçado (6×4) tem três eixos, sendo um deles dianteiro e dois deles traseiros e com tração. O nome traçado é dado porque é um veículo de dois eixos de tração nas rodas traseiras.
Independentemente do tipo de caminhão, o bloqueio de eixo poderá ser utilizado. Porém, o sistema de bloqueio será diferente.
Bloqueio transversal – Esse é o sistema usado em caminhões de tração simples. Nele, o bloqueio é feito na caixa satélite do diferencial, travando o eixo esquerdo e o direito na mesma posição para que girem juntos.
Bloqueio longitudinal – Esse é o sistema de bloqueio utilizado nos caminhões “traçados”. Nestes casos, o bloqueio ocorre na caixa estabilizadora e permite que o conjunto de rodas (direito e esquerdo) seja travado de forma independente, evitando que duas ou mais rodas de eixos diferentes patinem.
Para evitar erros em sua utilização é importante orientar o motorista como e quando utilizá-lo e observar alguns cuidados básicos. Confira as orientações abaixo:
Não faça curvas com o diferencial bloqueado
Quando ativado, o bloqueio de eixo anula a principal função do diferencial do caminhão, que é eliminar a diferença da velocidade de giro das rodas em manobras e curvas, evitando que o eixo simplesmente quebre.
Por esse motivo, não é nem um pouco recomendado realizar curvas com o bloqueio ativo. Como as rodas não poderão girar em velocidades diferentes, o eixo que gira mais devagar será forçado a acompanhar o giro do mais rápido, gerando uma grande pressão nas engrenagens. A depender do ângulo da curva, o eixo e as engrenagens do diferencial podem sofrer avarias graves, como trincas e rompimento.
Não use o sistema em situações normais
Nas situações em que o caminhão tem uma boa aderência com o solo, não há qualquer razão para utilizar o bloqueio de eixo. Esse sistema, como vimos, deve ser acionado em situações extremas, para conseguir superar obstáculos e terrenos ruins. Além disso, o uso desnecessário do bloqueio pode gerar um enorme desgaste aos componentes do caminhão.
Não acione o bloqueio de eixo com o caminhão em movimento
Outro cuidado essencial para o uso do bloqueio de eixo é acioná-lo somente com o caminhão totalmente parado. Essa medida é importante, pois o bloqueio precisa justamente travar o diferencial, fazendo com que as rodas de tração girem igualmente.
Assim, se o veículo está em movimento, o encaixe pode acontecer de maneira errada e brusca, causando sérios danos às estruturas metálicas do diferencial e dos eixos.
Use somente baixas velocidades com o sistema ativado
Acionado o bloqueio de eixo, o caminhão precisa ser conduzido em baixa velocidade, para evitar qualquer tranco ou descompasso no giro das rodas. Para ter uma ideia, em alguns modelos de caminhão, não se pode nem chegar aos 10 km/h.
Não use o sistema em descidas íngremes
Acionar o bloqueio do eixo em descidas como forma de reduzir a velocidade e ganhar estabilidade é uma péssima ideia e pode causar sérios defeitos no seu sistema de alinhamento. A consequência mais comum é o desbalanceamento entre a carreta e o cavalo, o que leva à formação de um “L” entre as peças. Isso pode tornar a direção ainda mais difícil.
O bloqueio de eixo não é um recurso tão complexo e o modo de operação é bastante simples, devendo apenas tomar alguns cuidados com o caminhão sempre que o bloqueio for utilizado.
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