A instalação e alinhamento correto do cardan na transmissão é coisa séria e traz consequências para a segurança, uso e durabilidade do veículo. Os técnicos explicam e dão as dicas para o cálculo dos ângulos de operação das juntas universais
Provavelmente, um dos aspectos mais fáceis, mas mais incompreendidos do diagnóstico e conserto do conjunto de embreagem é a medição e cálculo dos ângulos de operação da junta. Extraímos esta orientação do vídeo existente no Canal Spicer Brasil no Youtube.
O propósito deste vídeo é ajuda-lo a entender melhor desta opção simples, mas importante.
Acompanhe e vamos ver como se faz.
Medição e cálculo dos ângulos de operação do eixo de transmissão.
Para medir a inclinação da linha de transmissão usada para calcular o ângulo de trabalho você precisará de um transferidor. Deve ser capaz de uma precisão de até ¼ de grau.
Normalmente, isso exige um transferidor de alto nível. Ou, melhor ainda, um transferidor digital.
Comece descobrindo as inclinações dos componentes envolvidos.
São eles: a transmissão, linha de tração e o eixo traseiro.
Antes de tudo, meça a inclinação da transmissão. É a linha central do veio de saída. Normalmente, pode ser medido em uma superfície plana a 90 graus ou paralelo ao veio de saída da transmissão.
Medir as inclinações com precisão é extremamente importante. Você precisa se certificar que está medindo as verdadeiras linhas centrais dos componentes envolvidos.
Existem adaptadores disponíveis para os transferidores digitais que permitem que as medições sejam feitas diretamente, com pouco trabalho e desconectar rapidamente as aplicações.
É uma maneira muito precisa de se obter uma leitura.
Outro bom método de conseguir uma leitura em aplicações de cargas pesadas é retirar a tampa do rolamento e fazer a leitura diretamente.
Na aplicação utilizada no vídeo em questão, retire o anel retentor da junta universal e faça a leitura diretamente na tampa do rolamento usando um adaptador.
Como exemplo, no vídeo a leitura indica uma inclinação de 4 graus.
A próxima inclinação que devemos medir é alinha central do eixo de acoplamento. Isso é medido diretamente no tubo. No modelo do vídeo a inclinação é de 4 graus para baixo.
Agora o eixo de transmissão. Esta inclinação no vídeo foi de 8 graus para baixo.
Por fim, mediremos a inclinação do eixo.
Conforme o exemplo extraído do vídeo, esta é a linha central do eixo do pinhão. Esta inclinação é de 6 graus para baixo.
Note que enquanto realizamos as medidas das inclinações, descrevíamos se eram para cima ou para baixo. Isso se refere á inclinação vista da lateral do veículo.
Se a inclinação descer da frente para a traseira do veículo a inclinação é para baixo, se a inclinação sobe da frente para a traseira do veículo seria para cima.
Agora que tiramos medidas precisas, vamos calcular os ângulos.
Antes de começarmos a matemática, vamos ver o que queremos dizer com ângulo de operação da junta universal.
Precisamos de uma junta universal para transmitir força por meio de um ângulo.
Isso significa que teremos duas inclinações que se cruzam em algum ponto. O ponto onde essas duas inclinações se cruzam formaram um ângulo. Esse é o ângulo de operação.
Agora vamos fazer o cálculo.
Sabemos que:
A inclinação da transmissão é de 4 graus para baixo.
A inclinação do eixo de acoplamento é de 7 graus para baixo.
A inclinação do eixo de transmissão é de 8 graus para baixo.
E por fim, a inclinação do eixo é de 6 graus para baixo.
Agora, some ou subtraia as inclinações que se cruzam dependendo do seguinte:
Se as duas inclinações estiverem na mesma direção, subtraia a menor inclinação da maior para obter o ângulo de operação.
Se as inclinações estiverem em direções opostas, some as duas.
Vamos calcular os ângulos de operação em nosso exemplo:
Se a inclinação da transmissão e a inclinação do eixo de acoplamento estão na mesma direção, para baixo, subtrairemos a menor da maior para termos nosso primeiro ângulo de operação.
Nosso primeiro ângulo de operação é de 3 graus.
Nosso próximo ângulo de operação é formado pela inclinação do eixo de acoplamento e pela inclinação do eixo de transmissão. Novamente, estão na mesma direção, para baixo. Então, subtrairemos a menor da maior.
E nosso segundo ângulo de operação é de 1 grau.
Por fim, nosso terceiro ângulo de operação é formado pela inclinação do eixo de transmissão e pela inclinação do eixo. Novamente, estão na mesma direção, para baixo. Então, subtrairemos a menor da maior.
E nosso último ângulo de operação é de 2 graus.
Não importa quantas juntas universais você tiver em qualquer aplicação, todos os ângulos de operação são calculados da mesma maneira.
Apenas lembre-se de somar ou subtrair as inclinações onde elas se cruzam para calcular o ângulo.
Agora que mediu e calculou cuidadosamente os ângulos de operação das juntas universais, confira com o fabricante original ou o Manual de Serviços para verificar se estão corretos.