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Jimi Joe, Julio Reny E Wander Wildner
Wander Wildner, Tiago Flores , Jimi Joe e Júlio Reny. Imagem: Fernanda Chemale

“Vocês não estão passando as minhas músicas só porque eu sou o mais bonito, né?”, pergunta o animado Wander Wildner no segundo ensaio dele, Jimi Joe e Júlio Reny com a Orquestra de Câmara da Ulbra. O maestro Tiago Flores ri da piada de Wander, e continua ensaiando “Adeus às ilusões”, com Jimi Joe, sempre compenetrado. Wander ensaia uma dança, de olhos fechados e Júlio Reny, com seus inseparáveis óculos escuros, assiste à tudo da soleira da porta.

Os três se conhecem desde 1980. Wander trabalhou com Júlio neste ano, quando ele ainda tocava na “Expresso do Oriente”. Logo, Wander seria o vocalista da banda punk Os Replicantes, formada em 1983, e conheceria também Jimi Joe, que é guitarrista da sua atual banda há 8 anos. Por isso o clima, tanto nos ensaios como no espetáculo, que aconteceu em 12 de julho em Porto Alegre, era de um encontro de amigos. Até mesmo a escolha do repertório refletia isto: “Bocomocamaleão”, por exemplo, foi composta por Jimi Joe e Antonio Villeroy e interpretada por Wander. “Sandina”, sucesso do rock gaúcho dos anos 80 com Os Replicantes, foi composta por Jimi e cantada pelos três compositores no espetáculo que lotou o Salão de Atos da Ufrgs.

O show começou com a participação de um Júlio Reny visivelmente nervoso – e emocionado. “Achavam que eu é que ia quebrar o protocolo no show – sempre sobra pro punk, né? – mas quem fez isso foi o Júlio, que não parava de dizer como estava feliz por estar tocando com uma Orquestra”, diria Wander, mais tarde. O show começou com “Expresso do Oriente”, que ele lançou em 1986 – uma música de rock com letra romântica, bem ao estilo dele que, no show, ganhou arranjo de Pedro Figueiredo, com forte presença do contrabaixo de Walter Schinke. A segunda música foi o reggae “Café em Marrakesh”, o destaque do show segundo o maestro Tiago Flores, que achou o arranjo de Iuri Correa fantástico. Ao final da música, Júlio seria ovacionado por um público que cantou as músicas junto com ele.

Em seguida, “Cine Marabá”, que com certeza despertou as lembranças de quem freqüentava o cinema de calçada mais famoso dos anos 80, em Porto Alegre. Ao lado do palco, se via Jimi Joe, preparando-se para entrar em cena, dançando e cantando vigorosamente a música de Júlio. Jimi entra em cena para tocar violão em “Amor e Morte”, que ganhou um arranjo encorpado de Arthur de Faria – a música agradou tanto que foi repetida no bis.

Raul Ellwanger. Imagem: Fernanda Chemale

Raul Ellwanger.
Imagem: Fernanda Chemale

A quinta música foi “Adeus às ilusões”, composição recente de Jimi que entrou em seu último disco, “Saudades do futuro”. A letra agridoce e a levada pop empolgaram o público, que também vibrou com “Primeiro Instante”. A voz grave de Jimi foi atenuada pela suave presença de uma gaita de boca e também pela letra romântica da canção. Em seguida, Jimi tocou a triste “O vôo”, também presente em seu disco mais recente”, que fala sobre suicídio e, com certeza, emocionou muita gente – também pelo delicado arranjo de Michel Dorfman. Nos ensaios, Jimi não teve vergonha e chorou durante a execução desta música e também de “Sandina”. “Já chorei tudo o que eu tinha que chorar nos ensaios, hoje acho que não choro mais”, brincou Jimi.

Era a hora de Wander Wildner, também romântico, mas sempre irreverente e com grande presença de palco. Com um casaco verde e uma camisa de babados que parecia saída do set de filmagem de “Maria Antonieta”, ele começou sua participação com “Bococamaleão”, que levou a platéia aos risos com sua interpretação hiperbólica. Em seguida, o grande sucesso “Bebendo vinho”, do seu primeiro disco, “Baladas sangrentas”, entoada em coro pelo público de todas as idades que assistia o espetáculo. Em seguida, “Rodando El mundo”, em que ele brincou dizendo “vai, Orquestra!” no meio da canção. Em seguida, uma das músicas mais conhecidas de Wander, “Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro”, e logo depois, “Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo”. Wander fechava os olhos, visivelmente emocionado, para ouvir a orquestra, e estava totalmente à vontade no palco com os dois amigos, que se juntaram numa versão de arrepiar do clássico “Sandina”. Os sorrisos cúmplices entregavam: aquela ficaria marcada na memória deles como uma noite inesquecível.

Jimi Joe avaliou, mais tarde: “o saldo final do Concertos Dana foi maravilhoso, emocionante e mais todos os adjetivos bons que tu conseguires inventar. Foi uma experiência fantástica, foi um crescimento total. Se não tivesse tido Concerto, só os dias de ensaio teriam valido pelo crescimento musical fantástico de conviver com uma orquestra e músicos tão talentosos… E o concerto foi pra lavar a alma. Fiquei absolutamente maravilhado com o arranjo para “O vôo”, uma canção folk, que ganhou um arranjo que demonstra aquela emoção contida mas tão linda, ele captou as emoções, o espírito das músicas”. Já Wander disse que nunca havia sequer sonhado em tocar com uma orquestra e o grande momento do show foi o bis de ‘Sandina’. “Neste momento eu, o Jimi e o Júlio estávamos extasiados, muito emocionados mesmo. Acho que a nossa emoção contagiou a Orquestra e o público, parecia que todos estávamos conectados. Esse show foi simplesmente a coisa mais emocionante que já fiz na minha vida”.

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