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Rock Gaúcho II
Julia Barth, Wander Wildner, Beto Bruno, Pedro Verissimo, Tiago Flores, Carlo Pianta, Tonho Crocco, Julio Reny, Frank Jorge, Marcio Petracco e Orquestra da Ulbra - Foto: Fernanda Chemale

Os ingressos já estavam esgotados muito antes do espetáculo começar. As redes sociais e os agitadores culturais divulgavam em larga escala. O burburinho entre os apaixonados pelos hinos e causos do rock gaúcho entrava em ebulição. Esta era a energia que antecedia um dos bis mais aguardados da história de 12 anos dos Concertos Dana: a segunda edição do espetáculo “Clássicos do Rock Gaúcho”. O eletrizante concerto realizado no dia 29 de setembro passado, em Porto Alegre, fez a plateia mergulhar em uma linha do tempo que ia e vinha, passeando pela emblemática história de décadas do rock gaúcho.

Mais de 15 músicos convidados, verdadeiros símbolos de canções e atitudes da cena roqueira do Rio Grande do Sul, transformaram o Salão de Atos da Ufrgs num templo que mais uma vez reverenciou o rock’n’roll sulista com toda a pompa merecida. Foi uma segunda edição reinventada, mais madura, com novidades muito apropriadamente criadas pelo inventivo – e roqueiro! – maestro Tiago Flores, sempre impecável no comando da excelente Orquestra de Câmara da Ulbra.

Angelo Primon: um gigante na guitarra - Foto: Fernanda Chemale
Angelo Primon: um gigante na guitarra
– Foto: Fernanda Chemale

Entre os convidados da noite estavam Angelo Primon, Beto Bruno, Carlo Pianta, Frank Jorge, Julia Barth, Julio Reny, Marcio Petracco, Marquinhos Fê, Pedro Verissimo, Tonho Crocco, Wander Wildner e as vozes do afinado Quarteto Vocal composto por Atos Flores, Débora Dreyer, Iuri Correa e Rose Carvalho. Todos muito concentrados desde a passagem de som até os ajustes finais – era hora de fazer bonito mais uma vez.

Pedro Verissimo e o Quarteto Vocal abrem o concerto com “Bixo da Seda”, música que leva o mesmo nome da banda comandada por Fughetti Luz na década de 70. O intenso arranjo assinado por Rodrigo Bustamante e os solos de guitarra de Angelo Primon já davam o tom do que viria pela frente: rock’n’roll da melhor qualidade. E foi exatamente isto que se viu durante todo o espetáculo.

Mestre Julio Reny, a lenda do rock gaúcho - Foto: Marcos Massa
Mestre Julio Reny, a lenda do rock gaúcho – Foto: Marcos Massa

A música seguinte, também na voz de Pedro Verissimo, despertou as lembranças de todos que lotavam o Salão de Atos – era a hora de “Campo Minado”, considerado um verdadeiro hino do rock gaúcho. A música de Fughetti Luz, imortalizada na voz de Alemão Ronaldo, da Bandaliera, ganhou bonito arranjo de Pedrinho Figueiredo.

Mais um convidado especial de uma noite de hinos e heróis: Julio Reny e seu violão – e tudo o que este cowboy espiritual representa para a história do rock – recebe reverência e muitos aplausos. Ele vem com sua linda “Amor e Morte”, que mesmo sendo lançada em 1985 continua sendo entoada por fãs incondicionais do mestre Reny. Impossível não embarcar na letra desta obra-prima, ainda mais com o arranjo especial criado por outro mestre: Arthur de Faria.

TTonho Crocco interpreta Sandina - Foto: Marcos Massa
TTonho Crocco interpreta Sandina – Foto: Marcos Massa

A próxima música deste bis reinventado é de uma das bandas mais geniais de todos os tempos: DeFalla. Desta vez, é Julia Barth que cumpre muito bem sua missão e empresta toda a sua atitude rocker para o clássico punk dos anos oitenta “Não me mande flores”. Grande momento! Como tantos que estavam por vir.

Frank Jorge e Carlo Pianta entram no palco e o público já se remexe nas poltronas. Sabe que vem coisa boa por aí. Começa “Amigo Punk”, um dos principais clássicos do rock sulista. Até o maestro começa a cantar. É a deixa para a plateia embarcar na letra da canção mais emblemática da Graforréia Xilarmônica.

Sem pausa para respirar, é hora de rock visceral nos Concertos Dana. Beto Bruno, da Cachorro Grande, entra para cantar “Hey Amigo” e de cara já conquista o público. A apresentação do carismático vocalista da Cachorro incendeia o Salão de Atos. Como não cantar “Hey, eu quero ser seu amigo de novo”? Isto é muito rock!

Pedro e Tiago reverenciam Petracco, original do TNT - Foto: Fernanda Chemale
Pedro e Tiago reverenciam Petracco, original do TNT – Foto: Fernanda Chemale

Momento para se emocionar. Salve, Tonho Crocco! É dele a missão de cantar “Sandina”, outro hino de autoria de Jimi Joe, já interpretada por tantos. E a música que fala de amor e revolução foi reverenciada em outra memorável interpretação de Crocco e Orquestra que, sem dúvida, entra para a história dos Concertos Dana – e do rock gaúcho.

Mais música para tirar o fôlego: Pedro Verissimo e o Quarteto Vocal retornam para cantar “Por favor, sucesso”, do Liverpool. A canção de Carlinhos Hartlieb, lançada em 1969 como single do disco da banda, ganhou arranjo especial de Alexandre Ostrowski. A interpretação de Pedro Verissimo ganha a plateia, que retribui com longos aplausos.

E a noite antológica ganha ainda mais força com outro hino punk, “Surfista Calhorda”, enaltecido pela voz visceral de Julia Barth. A música dispensa apresentações, um clássico dos Replicantes Wander Wildner, Carlos Gerbase, Cláudio Heinz e Heron Heinz. E mais uma vez, Julia arrebenta – ela canta, grita e faz tremer o Salão de Atos.

Depois do punk, hora de um tributo romântico nos Concertos Dana. Como não amar a “Irmã do Doctor Robert” dos gloriosos TNT? Quem comanda a guitarra é Márcio Petracco, membro original da banda. Pedro Verissimo empresta sua linda voz para este clássico que conta com arranjo de Daniel Wolff. O resultando fica ainda mais singelo com a participação do Quarteto Vocal. A plateia se entrega, claro, e canta junto.

Salve, Wander Wildner! - Foto: Fernanda Chemale
Salve, Wander Wildner! – Foto: Fernanda Chemale

Neste clima saudosista, Tonho Crocco volta ao palco para cantar uma das músicas mais marcantes – e mais longas! – dos anos oitenta: “Infinita Highway”. A canção de Humberto Gessinger tem quase sete minutos de duração e é um dos principais sucessos dos Engenheiros do Hawaii. Crocco vai percorrendo a letra que fez parte da adolescência de muitos dos que estão cantando baixinho “Eu vejo um horizonte trêmulo, eu tenho os olhos úmidos” – uma boa e apropriada descrição para o estado de muitos na plateia.

Mais uma guinada. Momento de alegria e irreverência. Pedro Verissimo está de volta para cantar “Um Lugar do C…”, criado por Júpiter Maçã/Apple/Apfel, o incrível Flávio Basso, ex-TNT e ex-Cascavelletes, referência do rock sulista. Pedro, que até muda o figurino para homenagear o amigo, encara a responsabilidade e a plateia vai com ele no refrão. Baita hino! Seguido de outro.

É hora de uma das aparições mais aguardadas da noite: outra lenda, o diretor de palco Wander Wildner, surge para cantar “Bebendo Vinho”, esbanja carisma e arrebata o público. O punk brega mais querido do Sul é ovacionado. Que noite!

O show está acabando, mas ainda temos um importante hino para reverenciar neste antológico bis do Concertos Dana Clássicos do Rock Gaúcho. Tonho Crocco retorna para cantar “Tô de saco cheio”, dos Garotos da Rua. Os outros convidados juntam-se a ele e o concerto vira uma festa. O hino do inconformismo juvenil, cantado por tantos jovens brasileiros nos anos oitenta, mais uma vez ganha força e arremata o espetáculo. O rock agradece!

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