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Reciclagem de borracha vulcanizada

Atualmente quase 94% dos resíduos de borracha vulcanizada gerados na operação do Complexo Dana Gravataí (RS) são empregados na produção de tapetes automotivos, pneus para carrinhos de mão e apara­barro para caminhões, além de cimenteiras. Olhando para trás, tudo parece simples agora, mas foi um longo caminho percorrido desde 2004 para alcançar a reciclagem.

A Dana opera em todo mundo dentro das melhores práticas, sendo certificada pela norma ISO14001 desde 1999. Além disso, o Sistema de Gestão Ambiental é baseado no ciclo do PDCA (Plan­Do­Check­Act) que visa à melhoria contínua, com a realização de análises críticas periódicas, envolvendo a alta administração e as equipes envolvidas na avaliação dos resultados dos projetos ambientais e, a partir dessa ação, são propostas as correções e melhorias necessárias.

De acordo com essa política, a empresa se compromete em reduzir o impacto ambiental dos processos de manufatura, produtos e, portanto, negócios. Para resíduos, a reciclagem está chegando aos 90%. Na operação que desenvolveu a iniciativa, a meta era ainda mais ousada: 100% para borracha e 95% para os demais recicláveis, incluindo papel e plástico.

Mas as metas frequentemente conflitam com a realidade. Diferentemente dos plásticos, não se pode usar diretamente o resíduo de borracha vulcanizada como material virgem no processo de produção, pois durante a produção de um artefato de borracha ocorre uma reação química (cura) irreversível, impedindo o reaproveitamento do material no próprio processo, como acontece com o aço, por exemplo.

Vale destacar que a Dana realizou esse projeto de forma voluntária, uma vez que não há obrigatoriedade legal. Pois justamente esta não obrigatoriedade que leva à falta de tecnologias e à inexistência de um mercado de reciclagem para esses resíduos de borracha vulcanizada. A Norma ABNT NBR 10.004 de 09/1987 exige o tratamento com propósito de reutilização ou pelo menos sua inertização, isto é, envio para aterros industriais, mas artefatos de borracha vulcanizada, após sua vida útil, demoram de 400 a 800 anos para se decomporem no meio ambiente. Essa opção, além de representar um custo financeiro, era um passivo inaceitável.

Assim, o primeiro passo foi investir em pesquisa para obter a reciclagem da borracha moída “desvulcanizada”, substituindo o elastômero, ou pó de borracha, como carga no próprio processo. O reuso foi viabilizado, transformando sobras em pó para a reutilização na fabricação de novas peças, mantendo as propriedades, sem afetar a qualidade dos produtos. Contudo, o índice de aproveitamento da purga alcançou seu limite de capacidade de 6%. Foi preciso iniciar um movimento maior em busca de reciclagem.

Uma comissão interna se dedicou à análise de alternativas ao longo de dez anos. Foram 12 tentativas que passaram por: utilização de resíduo moído em novos artefatos de borracha como em rampas de calçadas, protetor de colisão em paredes; para camada abaixo da grama sintética em campos de futebol; na confecção de cones de sinalização; construção civil – tijolos e cimenteira, asfalto. As iniciativas esbarravam em entraves econômicos, técnicos ou legais.

Em 2011, finalmente, surgiu o primeiro parceiro capaz de abraçar o projeto. Uma empresa do segmento de reciclagem de pneus, no Rio Grande do Sul, apostou na tentativa de passar a processar os resíduos de borracha vulcanizada. Para alcançar a viabilidade do projeto, uma equipe da Dana e do parceiro consumiram cerca de seis meses entre reuniões técnicas, auditorias, análise de amostras, auxílio no processo de licenciamento ambiental do reciclador, e adaptações no processo fabril e alinhamento de ambos.

Os operadores de máquina foram treinados para colocar os resíduos em sacos plásticos transparentes que são imediatamente lacrados, quando cheios, e recolhidos pelos auxiliares de coleta seletiva que levam os sacos até uma caçamba criada especialmente para acondicionar esse tipo de resíduo. Diariamente, é feita uma inspeção para garantir que nenhum componente metálico esteja contaminando a borracha. A equipe do Sistema de Gestão Ambiental faz a conferência nas embalagens e libera o envio para a recicladora.

Desde 2004, o reúso vem se mantendo na faixa de 4% a 5%, enquanto a reciclagem para uso externo cresceu continuamente e alcançou a média de 94%, com diferentes aplicações. Na mesma proporção reduziu o envio para os aterros industriais.

Reconhecimento Externo

Essa iniciativa foi reconhecida no Ranking Benchmarking Brasil em 2015, ocupando a 10ª posição entre os projetos nacionais, sendo também reconhecida pela Câmara de Vereadores de Gravataí em 2016 com o Selo Ambiental.


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