Com a crise, Brasil mais vendeu do que produziu veículos no semestre

Diário do Poder

 

A crise gerada pela pandemia do novo coronavírus atingiu os mais diversos segmentos da economia brasileira. O setor automotivo foi amplamente afetado, além das vendas terem despencado, as montadoras se viram obrigadas a fecharem temporariamente suas fábricas para ajudar na contenção da disseminação do Covid-19.

 

Com isso, um fator incomum ocorreu no primeiro semestre, o Brasil mais vendeu do que produziu veículos nos seis primeiros meses. O motivo é óbvio, as marcas tinham um bom estoque e, algumas, ficaram quase três meses com as plantas fechadas.

 

Com todo este conjunto, a produção de veículos caiu 50,5% no primeiro semestre. O país fabricou apenas 729,5 mil automóveis nos seis primeiros meses deste ano, contra 1.474 milhão do mesmo período de 2019. Entre os caminhões, a queda no acumulado foi um pouco menor, 37,2% (34,8 mil de 2020 contra 55,4 mil do ano passado).

 

Quando comparado apenas junho, o mês foi 57,7% (98,7 mil contra 233,2 mil) pior para os automóveis e 43,6% (5,6 mil contra 10 mil) para os caminhões em relação à junho de 2019. Pelo menos, a produção subiu consideravelmente comparado com maio: 39% (5,6 mil) para os pesados e 129,1% (43,1 mil) para os automóveis.

 

Com um cenário ainda incerto, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta uma produção de 1.630 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em 2020, volume 45% inferior ao de 2019.

 

“Trata-se de uma estimativa dramática, mas muito realista com base no prolongamento da pandemia no Brasil e na deterioração da atividade econômica e da renda dos consumidores”, aponta Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

 

Segundo o executivo, a situação geral da indústria automotiva nacional é de uma crise maior que as enfrentadas nos anos 80, 90 e a mais recente de 2015/16.

 

“Ela veio em um momento em que as empresas projetavam um crescimento anual de quase 10%. Um recuo dessa magnitude no ano terá impactos duradouros, infelizmente. Nossa expectativa é que apenas em 2025 o setor retorne aos níveis de 2019, ou seja, com atraso de seis anos”. (Diário do Poder/Geison Guedes)