Em 2013, a Dana lançou o Programa de Inclusão de Pessoas com Deficiência Intelectual, atenta ao fato de se tratar de um dos perfis mais marginalizados no mercado de trabalho. Por um lado havia a necessidade pontual de se ajustar à Lei de Cotas, devido a uma mudança na estrutura societária. Por outro, um objetivo maior em garantir o ingresso de Pessoas com Deficiência Intelectual no mercado de trabalho, oferecendo uma real oportunidade de inclusão desse grupo em um ambiente que pudessem desenvolver seus conhecimentos, habilidades e atitudes. Passados cinco anos, o Programa atingiu seus objetivos e, agora, busca avançar na perspectiva de assegurar estabilidade e oportunidades de progressão profissional para esses colaboradores.
A visão da empresa, ao desenvolver um projeto de formação, não é preparar aprendizes apenas para seus quadros, mas oferecer uma oportunidade de qualificação profissional para pessoas com deficiência intelectual, na região de Gravataí (RS). Assim, os conteúdos contemplam disciplinas técnicas dentro do processo produtivo do setor automotivo, além de desenvolver habilidades de concentração, desenvolvimento motriz, noções sobre regras de segurança e qualidade.
A formação contribui também para o desenvolvimento da responsabilidade, comprometimento, autonomia e autoconfiança dos alunos. Mesmo atingindo seus objetivos e sem vagas abertas, a DANA conduziu mais uma edição de formação com sete alunos em 2015. O Programa é desenvolvido sobre três pilares de atuação:
- Projeto de Deficiência Intelectual – Aprendizagem;
- Projeto de Sensibilização/Recrutamento;
- Projeto de Acessibilidade
Para receber os aprendizes, a empresa promoveu, além da adequação das máquinas e da estrutura física, ações de sensibilização para preparar o ambiente do ponto de vista do relacionamento com os colegas, e lideranças. Os participantes ingressam na empresa como aprendizes, enquanto realizam o curso de formação profissional pelo Senai que dura cerca de 12 meses. Após esse período, ocorre a contratação no cargo de auxiliar, que não é automática, pois depende das aptidões técnicas e comportamentais demonstradas. A APAE e a família representam pilares importantes no suporte do processo de seleção e, nos períodos de estágio e integração.
Desde 2013 foram realizadas três turma e ingressaram: em 2013, 24 / em 2014, 11/ e em 2015, sete alunos. Foram formados 39, sendo contratadas 31 pessoas. Permanecem na Dana 23 que já avançaram na carreira e, agora, ocupam cargos de Montador 1 e Operador 1, atuando em quatro das cinco fábricas do Complexo em Gravataí (RS). A empresa tem como política preparar as pessoas em novas tarefas, a fim de que quando surja uma oportunidade de progressão, estejam aptas a assumirem novos desafios.
A Dana vê no programa uma oportunidade de manifestar a igualdade de condições, em sintonia com seus valores de inclusão social. É uma experiência transformadora tanto para quem tem deficiência, quanto para quem não tem. O grupo foi e, continua sendo, incentivado a entender as limitações e a importância da inclusão. Essa ação de engajamento promove uma reverberação do respeito e da igualdade de tratamento, sem distinção, percebido como valor dentro e fora da organização.
Além disso, a experiência ajuda a derrubar o mito de que pessoas com deficiência intelectual são improdutivas. Embora um dos operadores atue em um equipamento de menor complexidade, suas aptidões oferecem vantagens em relação a outros colaboradores, porque a tarefa exige mais paciência, persistência e resiliência. Habilidades exaltadas pela liderança na Produção, “várias vezes, a operação dele foi comparada com um operador do turno anterior e foi a melhor. Como ele, todos nós temos uma coisa ou outra que pode ser ajustada”. Por sua vez, ele mesmo critica atitudes que tendem tratar pessoas com deficiência intelectual com pena, não dando a elas oportunidade de superarem seus próprios desafios e desabafa: “Muito do que eu aprendi foi insistindo”.
Existem varias evidências: somando as habilidades desse grupo, a Dana conseguiu avançar em seu processo de melhoria contínua. Certificada desde 1999 com a ISO 14001, buscava identificar incrementos para aumentar a eficiência, exatamente quando dois colaboradores com deficiência estavam ingressando na equipe. A solução encontrada foi a pré-montagem de kits de peças para os operadores de máquina que resultou na otimização do processo. São dois os resultados diretos, o alcance de um índice de produtividade de 25% e o aumento no controle de qualidade, pois com a pré-montagem dos kits, o montador não deixa escapar nenhum passo do processo, atingindo a impressionante marca de zero erro.
Reconhecimento
Esta iniciativa foi reconhecida em diferentes premiações:
- Prêmio Proteção Brasil 2015, conquistou o Capacete de Ouro, tornando-se líder da Região Sul na categoria: Qualidade de Vida no Trabalho
- Top Cidadania ABRHRS 2015
- Melhores Empresas para PCD Trabalhar 2018
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