Num semestre, cai à metade a produção de autos

O Estado de S. Paulo/Notas & Informações

 

A recuperação da produção e das vendas de veículos entre maio e junho de 2020 não evitou que a queda desses itens entre os primeiros semestres de 2019 e de 2020 chegasse a níveis de até 50%. No período, a fabricação caiu 50,5%, para 730 mil veículos, enquanto as vendas declinaram 38,2%, para 808 mil unidades. Com esses dados e com base nas expectativas econômicas do País para o segundo semestre, a associação das montadoras (Anfavea) projeta, para 2020, produção de 1,63 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em 2020, volume 45% inferior ao de 2019.

 

Não se pode reduzir a importância da recuperação entre maio e junho: a produção cresceu 129,1%, para 99 mil unidades, e as vendas avançaram 113,6%, para 132,8 mil unidades. As exportações também aumentaram, chegando a 19,4 mil veículos, 401,4% acima das de maio. Esses indicadores deram alento a uma recuperação do setor industrial, dado o peso relativo do segmento automotivo.

 

Mas, em plena pandemia, não há como imaginar uma retomada firme no segundo semestre, daí a moderação das previsões do presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. Ele previu uma queda de 40% da produção no segundo semestre, mas a redução atingirá 53% nas exportações, em boa medida dependentes da Argentina, onde a intensidade da recessão é muito maior do que no Brasil.

 

Um dos mercados menos atingidos foi o de caminhões e de máquinas agrícolas. Também aí a expansão do agronegócio ajudou a evitar um declínio mais acentuado da produção.

 

O dinamismo do segmento de veículos é fator importante para a retomada da economia brasileira. O setor é grande consumidor de aço, plásticos e de uma extensa lista de itens industriais fornecidos pela cadeia de autopeças. Mas, nas previsões da Anfavea, só em 2025 deverá retomar o ritmo de atividade de 2019. Ainda há fábricas fechadas. O custo para a geração de emprego ainda não se apresenta na totalidade, admitiu Moraes. Nos últimos 12 meses, reduziu-se em 4% (cerca de 5 mil) o número de vagas, depois do corte de 2,5 mil empregos entre o segundo semestre de 2018 e o primeiro semestre de 2019. (O Estado de S. Paulo/Notas & Informações)