Montadoras vão ajudar no combate à pandemia de coronavírus

A Crítica

 

Boas notícias também aparecem em meio à crise global que a pandemia do coronavírus está provocando. O Banco FCA, em parceria com a Leasys (empresa de mobilidade que também pertence ao grupo Fiat Chrysler) comunicou que vai oferecer 300 veículos Fiat e Jeep, além de cinco ambulâncias Ducato de biocontenção, para a Cruz Vermelha Italiana, a fim de que sejam utilizados como apoio durante a situação de emergência naquele país.

 

Graças à ampla rede de lojas da Leasys na Itália, os voluntários da Cruz Vermelha poderão contar com um importante apoio no trabalho diário de entrega de material de primeira necessidade e de medicamentos nas cidades italianas, assistindo pessoas que necessitam de ajuda. Desde o início da crise, a Cruz Vermelha Italiana vem fornecendo apoio logístico, de saúde, psicológico e transporte seguro para pessoas que precisam de hospitalização ou assistência domiciliar. A entidade decidiu transformar essa emergência em um “momento de bondade”, intensificando os serviços destinados às pessoas mais vulneráveis, como entrega de alimentos, remédios e refeições em casa, além de transporte.

 

Na Alemanha, o grupo Volkswagen anunciou que vai doar 200 mil máscaras de proteção ao governo alemão, por meio do ministério da saúde. Além disso, a cidade de Wolfsburg, onde se localiza a sede do grupo, vai receber mais material médico. “A solidariedade tem prioridade na Volkswagen e esse princípio também se aplica além dos portões da fábrica”, declarou Gunnar Kilian, membro do conselho de RH da empresa. “Estamos certos de que essas máscaras terão a melhor utilização possível”, acrescentou.

 

“Esforça de guerra”

 

No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson entrou em contato com mais de 60 empresas pedindo que contribuam com a produção de até 20 mil sistemas de ventilação mecânica auxiliar, equipamento essencial no tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus. De acordo com o jornal inglês “The Guardian”, Johnson realizou teleconferências com empresas como Rolls-Royce, Airbus e Jaguar Land Rover, as quais o governo acredita terem condições de ajudar. “Ele pediu às fabricantes que enfrentem esse desafio, oferecendo tecnologia e conhecimento, além da fabricação dos equipamentos. As empresas poderão se envolver em qualquer parte do processo: design, montagem, testes e remessa”, explicou um porta-voz do governo britânico ao jornal. O Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido possui 5,9 mil ventiladores, mas pode necessitar de mais que o triplo disso, caso o pior cenário de disseminação da Covid-19 se concretize.

 

As equipes da Airbus já estão trabalhando em maneiras de construir os ventiladores, assim como na estratégia para distribuí-los por todo o Reino Unido. “Estes são tempos sem precedentes e a Airbus ajudará como e onde puder”, afirmou um representante da companhia. Da mesma forma, técnicos da Rolls-Royce estão envolvidos na missão. “Estamos empenhados em fazer o possível para ajudar o governo e o país neste momento e vamos procurar fornecer qualquer ajuda”, declarou a tradicional montadora, por meio de nota.

 

Ainda segundo o “The Guardian”, a Vauxhall, hoje pertencente ao Grupo PSA, anunciou que também está interessada em contribuir com o esforço e está em contato com representantes do governo. “Quando tivermos mais detalhes, vamos analisar em que e como poderemos ajudar”, disse Stephen Norman, diretor administrativo da montadora. Já a Jaguar Land Rover comunicou: “Como empresa britânica, naturalmente faremos o que pudermos para apoiar nossas comunidades durante esses tempos sem precedentes”.

 

Americanas também se manifestam

 

Sistemas de ventilação mecânica também serão necessários nos Estados Unidos. Assim, Ford e GM já conversam com o governo americano sobre a possibilidade de modificar suas fábricas para permitir a produção dos equipamentos respiratórios. “Como maior produtor de veículos da América e principal empregador da indústria automotiva, a Ford está pronta para ajudar da maneira que puder, incluindo a possibilidade de produzir ventiladores e outros equipamentos”, afirmou a montadora em comunicado.

 

A General Motors, por sua vez, afirmou que pretende contribuir para encontrar soluções para o país durante esse período difícil e se ofereceu para ajudar, estando, inclusive, estudando como pode apoiar a fabricação de equipamentos médicos, como ventiladores. Da mesma forma, Elon Musk, da Tesla, assegurou que sua empresa também pode participar do esforço. “Faremos ventiladores, se houver escassez”, escreveu em uma mensagem no Twitter.

 

Se toda essa contribuição realmente se concretizar, será um feito similar ao realizado durante a Segunda Guerra Mundial, quando montadoras e outras fabricantes deixaram de produzir seus itens principais para se dedicar à fabricação de armas, munição e veículos blindados, além de outros materiais para apoiar os soldados no front. O então presidente americano, Franklin D. Roosevelt, descreveu o esforço como parte do “arsenal da democracia”.

 

Esforço no Brasil também

 

Por aqui, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP) e o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) anunciaram que vão distribuir álcool 70% para os pontos onde o produto será processado para ser transformado em gel ou envasado. De acordo com o comunicado emitido na sexta-feira, 20, a Unica ficará responsável pela produção do álcool, enquanto as empresas associadas ao Sindicom doarão o diesel necessário para o transporte, que será realizado pelos veículos da ABTLP.

 

Ainda segundo o comunicado, após o processamento, o álcool 70% será enviado para as unidades públicas de saúde e a operação não terá custos para os cofres públicos. “Vivemos um momento que demanda união e com essa parceria conseguiremos criar uma operação adequada para superar os desafios impostos pela Covid-19 e contribuir com diversos Estados da Nação”, afirmou Evandro Gussi, presidente da Unica. José Maria Gomes, presidente da ABTLP, segue o mesmo raciocínio: “Diante do impacto socioeconômico que a Covid-19 poderá provocar, temos de nos unir com os governos para ajudar a combater a propagação do vírus”, disse. (A Crítica)