Ano começa decepcionante para veículos

O Estado de S. Paulo

 

A melhor notícia sobre o comportamento das montadoras de veículos neste início de ano não foi a relativa aos dados – decepcionantes – de janeiro, mas aos resultados dos primeiros dias do mês em curso. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas em fevereiro já compensam o declínio exibido no mês passado.

 

Nos últimos 12 meses, foram produzidos quase 2,8 milhões de veículos novos e comercializados cerca de 2,5 milhões. Em janeiro, as vendas de 193,5 mil unidades foram 3,2% inferiores às de janeiro de 2019 e 26,3% menores que as de dezembro de 2019.

 

Comportamento menos ruim foi notado na fabricação de autoveículos, que diminuiu 3,9% na comparação com janeiro de 2019, mas cresceu 12,2% em relação a dezembro. Não se trata de resultado imprevisível, mas do fato de que os meses de dezembro são caracterizados por forte movimento de vendas, mas não de produção.

 

Quanto a janeiro, a Anfavea atribui a queda das vendas à necessidade de os licenciamentos serem feitos com placas do Mercosul. Sem essa exigência, que entrou em vigor no mês passado, teria havido, segundo a entidade das montadoras, comercialização de cerca de 200 mil veículos mais.

 

Do ponto de vista da economia, os resultados insatisfatórios da indústria automobilística em janeiro deverão exercer influência negativa sobre os números da indústria de transformação. O peso da produção de veículos na indústria é elevado e foi calculado, há algum tempo, em cerca de 10%. Ante a prolongada recessão industrial, é possível que esse porcentual seja mais elevado hoje.

 

A Carta da Anfavea relativa a janeiro mostra que as exportações continuam em forte queda. Essa queda foi de 30,9% entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020 e de 20% entre os meses de janeiro de 2019 e de 2020. As exportações de 20 mil unidades em janeiro de 2020 são bem menores que as de 25 mil em janeiro de 2019.

 

Resultados menos ruins foram observados no emprego, com alta de 0,2% em relação a dezembro, para 125,9 mil postos de trabalho, mas baixa de 3,5% comparativamente a janeiro de 2019, quando 130,5 mil pessoas trabalhavam no setor.

 

O otimismo moderado da Anfavea com relação a 2020 se deve à continuidade da queda do juro e à perspectiva de aumento do emprego e da renda. (O Estado de S. Paulo)