Endividamento pode afetar o consumo

O Estado de S. Paulo

 

Entre julho de 2018 e julho de 2019, aumentou 4,5 pontos porcentuais, de 51,2% para 55,7%, o porcentual de famílias endividadas na capital, segundo pesquisa recente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O endividamento excessivo passou a ser registrado por 2,19 milhões de famílias, 190 mil mais do que os quase 2 milhões que estavam endividados em julho do ano passado.

 

O crescimento das dívidas significa um problema para endividados e varejistas. Estes precisam, ao planejar, levar em conta a capacidade financeira dos consumidores de comprar a prazo. Em igual período, cresceu 0,6 ponto porcentual o número de inadimplentes: quase 793 mil famílias têm dificuldade para pagar as contas. Os dados são relevantes, ainda, para avaliar o ritmo da atividade econômica dos próximos meses, em razão do peso do comércio na economia.

 

O maior volume de dívidas está nas operações com cartão de crédito, seguindo-se os carnês e os financiamentos destinados à aquisição de veículos. Em junho, segundo dados do Banco Central (BC), o custo médio do rotativo do cartão de crédito era de 277,2% ao ano.

 

Há grande diferença na situação de famílias com renda superior e inferior a 10 salários mínimos mensais. As famílias com maior renda registraram queda do endividamento, que em julho atingiu 44,3% dos lares, bem como da inadimplência.

 

Nas famílias com renda inferior a 10 salários mínimos, o endividamento alcançou 59,6% dos pesquisados e os atrasos atingiram 26,3%. Este foi o maior porcentual registrado na série histórica do levantamento.

 

Pelo peso das famílias de menor renda entre endividados e inadimplentes, é razoável supor que esses problemas possam ser atenuados com o recebimento de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), cujo cronograma de liberação foi anunciado pela Caixa Econômica Federal. É possível, ainda, que alguns consumidores tenham antecipado suas compras quando o governo prometeu liberações do FGTS.

 

O conselho da FecomercioSP aos pequenos e médios empresários do setor foi o de tomar cuidado com a precificação dos produtos, ainda que à custa de margens de lucro. Se a recomendação for seguida, será mais fácil para as famílias manter o padrão de consumo. (O Estado de S. Paulo)