Anfavea faz campanha contra o acúmulo de créditos de ICMS não pagos às montadoras

A Tarde

 

Em época de vacas magras, qualquer centavo poupado ganha o chamado valor agregado, e quando um credor retém R$ 13 bilhões a situação ganha contornos mais dramáticos. Diante de tal cenário, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a Anfavea, abriu uma campanha para explicar o impacto que a retenção de créditos gerados pela exportação de manufaturados causa ao “Custo Brasil”, índice que empresários desenvolveram para quantificar o que se paga para empreender no País.

 

A ação foi deflagrada publicamente ontem, quando a associação divulgou seus números do mês passado, considerado por seu presidente, Luiz Carlos Moraes, “o melhor julho desde 2014”.

 

Para ganhar peso e impacto nessa luta, Moraes deixou claro que a causa não é apenas do setor automobilístico, “mas da indústria como um todo”. Estudos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, citados por ele, indicam que 1,2% do faturamento industrial é gasto com mão de obra, software, serviços e custos legais para cálculo e processamento de tributos. Isso equivale a R$ 37 bilhões, ou 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do exercício 2017″.

 

O representante da Anfavea ilustrou o caso que afeta o setor, lembrando que o custo financeiro anual do crédito retido pelos governos federal e estadual chega a 20% do total. “Esse valor é uma estimativa otimista dos prejuízos gerados pelo montante retido e que não sabemos quando vamos receber. Ou acabamos com sistema tributário atual ou ele acaba com o Brasil”.

 

Impostos e burocracia

 

O principal executivo da Anfavea destacou ainda que a indústria automobilística é um setor de alta competitividade, porém afetado pela alta incidência de impostos e burocracia, que afeta negativamente as possibilidades comerciais no mercado externo. Ele ilustrou sua posição citando que os 2,6 milhões de unidades produzidas no Brasil representam 87,9% do consumo interno e que os 900 mil veículos exportados para a Argentina equivalem a 63% do mercado que é nosso maior importador. Já no contexto latino-americano, excetuando-se Argentina, Brasil e México, o 1,4 milhão de automóveis verde-amarelos representa 9,2% desse bolo; esse índice cai para 5,8% no México e pífios 0,03% das importações de automóveis pelo Canadá e Estados Unidos. No resto do mundo esse índice é nulo ou abaixo de 1%. (A Tarde/Wagner Gonzalez)