A Tesla foi para o espaço. E deixou os problemas na Terra

Portal Exame

 

A montadora de carros elétricos Tesla, uma das maiores promessas da indústria automotiva, divulga seus resultados trimestrais nesta quarta-feira e todos estarão de olho na produção do Modelo 3, o carro popular da companhia, lançado ainda em 2016.

 

A empresa divulgou prévias de produção muito abaixo do esperado, e vem queimando dinheiro para tentar, enfim, se estabelecer como uma montadora de massa.

 

Na época do lançamento, Elon Musk, presidente da empresa, prometeu entregar 20.000 unidades do Modelo 3 até o final de 2017.

 

A Tesla não produziu nem 10% dessa estimativa até setembro, entregando um total de 29.870 carros no último trimestre – 15.200 Modelo S, 13.120 Modelo X e apenas 1.550 Modelo 3.

 

A produção de veículos caiu 3% na comparação anual. Quando o Modelo 3 foi oficialmente colocado à venda em julho do ano passado, a um custo de 35.000 dólares por carro, a fila de espera já era de 400.000 nomes, com os primeiros pedidos reservados ainda em 2016.

 

O problema se reflete nas finanças da empresa. Enquanto o faturamento da Tesla deve subir 44,3%, para 3,3 bilhões de dólares, os prejuízos também devem crescer: estima-se que a perda por ação chegue a 3,19 dólares, bem acima do 0,69 dólar do mesmo trimestre do ano anterior.

 

Investidores da companhia se perguntam se Elon Musk terá de fazer uma nova rodada de captação de recursos para continuar a produção.

 

A promessa inicial era entrar em 2018 produzindo 10.000 unidades do Modelo 3 por semana.

 

A realidade se mostrou muito diferente: na última semana do ano foram fabricados 793 veículos.

 

Até a metade do ano, a companhia espera fabricar 5.000 Modelo 3 por semana – uma estimativa que analistas e acionistas consideram mais pé-no-chão.

 

Ontem Elon Musk aproveitou para fazer uma jogada publicitária para a Tesla. A empresa de exploração espacial SpaceX, cujo proprietário é o próprio Musk, lançou em direção à órbita de Marte o Falcon Heavy, o mais potente foguete operacional do mundo.

 

A bordo, um esportivo e conversível Tesla Roadster vermelho-cereja, pilotado por um boneco vestido de astronauta, ouvindo a música Space Oddity de David Bowie no rádio.

 

O lançamento foi um sucesso, mas escancara a falta de foco de Musk. Com a cabeça nas nuvens, o fundador da Tesla não consegue fabricar carros em larga escala, um trabalho feito pelas montadoras tradicionais há mais de 100 anos, quando as aventuras espaciais eram pura imaginação. (Portal Exame)