O Tempo
Desde o início deste ano, começou a contar o prazo estipulado pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para apresentação de estudos técnicos e propostas da obrigatoriedade de uma série de novos itens de segurança nos veículos à venda no Brasil, tanto nos fabricados no país como nos importados. Ao todo, são 38 tópicos para veículos de diferentes categorias, que devem ser avaliados, com prazos diferenciados, pelos próximos quatro anos.
De acordo com o Contran, a intenção da Resolução 717 é fazer com que as montadoras já comecem a se preparar para uma eventual obrigatoriedade dos novos dispositivos. Os prazos previstos na resolução do Contran referem-se à conclusão dos estudos de regulamentação, o que significa que poderá haver um novo prazo quando as regras para cada tipo de equipamento forem efetivamente publicadas. Hoje, a legislação determina a obrigatoriedade de airbags dianteiros e freios ABS no Brasil, além do break light traseiro, por exemplo. Até 2022, todos os carros à venda no país também devem sair de fábrica com controle eletrônico de estabilidade.
Entre os novos equipamentos cuja regulamentação promete ser estudada pelo Contran está, por exemplo, o sistema de frenagem automática de emergência, que estava presente em apenas 6,5% dos modelos à venda no Brasil em 2016, sobretudo nos veículos de luxo. A tecnologia é capaz de evitar colisões traseiras e atropelamentos. Nos Estados Unidos, a frenagem automática se tornará obrigatória para todos os veículos a partir de 1º de setembro de 2022. Outro item que também pode se tornar obrigatório em breve é o sensor de estacionamento traseiro ou a câmera de ré.
A reportagem procurou algumas entidades independentes, não ligadas a montadoras, para repercutir sobre o cronograma proposto pelo Contran, mas todas elas preferiram, por enquanto, não comentar o assunto. O Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil), por exemplo, considerou a resolução positiva e, ao mesmo tempo, vaga demais devido à falta de informações adicionais sobre cada item proposto.
Impacto nos preços deve ser inevitável
Apesar da suposta preocupação do governo brasileiro com o aprimoramento da segurança automotiva no país, os especialistas analisam com cautela a possível exigência de novos itens de segurança nos carros.
Se por um lado, os veículos estarão mais seguros, por outro, eles vão inevitavelmente custar mais caro. Os consultores técnicos ouvidos pelo Super Motor são categóricos em afirmar que os equipamentos previstos na Resolução 717 do Contran são tecnologias importadas e caras, e com a alta carga tributária do país, pode se tornar inviável a manutenção dos chamados “carros populares” no país.
Batidas laterais
Reforço estrutural. A Resolução 717 do Contran também prevê a futura obrigatoriedade da proteção adicional para impactos laterais e contra postes em todos os carros à venda no país.
Latin NCAP
Recentemente, dois dos três carros mais vendidos no Brasil (Onix e Ka) receberam notas ruins em crash tests laterais. Após a péssima repercussão, a Chevrolet reforçou a carroceria do hatch, que foi reavaliado neste ano e melhorou um pouco a nota de segurança. (O Tempo/Igor Veiga)