No seu carro, as cores da Amazônia

O Estado de S. Paulo

 

Pela primeira vez, a Basf, maior fabricante global de tintas automotivas, desenvolveu uma cor especial para a próxima geração de carros que serão produzidos na América do Sul, em especial no Brasil, nos próximos anos.

 

Inspirada nas nuances da floresta amazônica vista em diferentes horários, com claridades diversas, a Visual Arete, como foi batizada, é um verde metálico intenso com tons azulados que entrou na nova coleção de 65 cores da Basf, a ser apresentada hoje a representantes das principais montadoras da região.

 

“Foi um ano e meio de desenvolvimento que incluiu pesquisas, conversas com influenciadores, como artistas e gente ligada à moda, e visitas a vários locais para avaliar tendências”, diz Zenon Paul Czornij, responsável global pela área de design da Basf. Segundo ele, a escolha se deve à conexão dos consumidores locais com a natureza.

 

As regiões América do Norte, Ásia e Europa já haviam ganhado uma “cor chave” em coleções anteriores. “Entendemos a importância do mercado da região e por isso desenvolvemos essa cor, que será mostrada glo- balmente nas nossas apresentações”, diz Czornij. Dependendo da claridade, a Visual Arete pode ser confundida com preto. Mas, ao mudar o ângulo ou a luz, logo o verde se sobressai.

 

A Basf apresenta anualmente aos clientes mundiais um cardápio de 65 novas cores que buscam atender as tendências do mundo automotivo e usa como base a moda, joias, produtos eletrônicos, entre outros.

 

Na moda

 

A pesquisa atual constatou que o azul será a cor mais quente para os automóveis nos próximos três anos. “É a cor que fará a conexão entre o mundo digital e as pessoas; ela transmite confiança e segurança”, informa o executivo.

 

Ele ressalta, contudo, que o branco, prata, preto e cinza, em diferentes nuances, continuarão à frente na preferência dos consumidores brasileiros, assim como dos demais países. Globalmente, diz ele, cerca de 65% das vendas de automóveis estão concentradas nessas quatro cores. No Brasil, a participação passa dos 70%, segundo o último dados da Associação Nacional dos fabricantes Veículos Automotores (Anfavea).

 

O desafio da Basf, afirma Czornij, é criar tonalidades, brilhos e misturas para que essas cores não se tornem burocráticas. Foi o que ocorreu com o branco, antes visto como cor de carro de serviço, como táxis, no Brasil. “Conseguimos transformar o branco numa cor sexy, elegante e sofisticada”, diz. Hoje, quase 40% dos novos veículos vendidos no País têm essa cor.

 

O vermelho, também em diferentes tons, é outra cor que deve cobrir os automóveis que serão lançados entre 2020 e 2022, prevê o estudo da Basf.

 

Ao apresentar a nova coleção, a empresa também colocará à disposição dos clientes uma tecnologia com pigmentos que aju- dam a barrar o calor no interior de carros pretos, hoje evitados em regiões como o Nordeste. Tradicionalmente, as montadoras escolhem uma cor exclusiva e, muitas vezes, berrante para o lançamento de novos modelos e nem sempre as colocam no catálogo de vendas.

 

É o que ocorre com o novo Polo, lançado pela Volkswagen no mês passado. O marketing do modelo está sendo feito em um inédito amarelo kurkuma, criado pela Basf. Em nota, a Volkswagen informa que “dependendo da demanda do mercado, vai avaliar a possibilidade de produção em série do novo Polo nesta cor de lançamento”. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)