O Estado de S. Paulo
Acordo entre o governo do Rio Grande do Sul e a Ford trará um pequeno e momentâneo alívio para os servidores que ganham até R$ 2 mil líquidos. Dando fim a um entrave jurídico que durou 16 anos, o Estado receberá R$ 216 milhões e usará o dinheiro para pagar parte dos salários dos servidores que está sendo parcelado há quase dez meses.
O governo informa que divulgará nesta terça-feira, 29, quantos funcionários terão a remuneração paga na íntegra e qual o calendário para quitar a folha de novembro dos demais trabalhadores.
O processo contra a montadora foi movido em 2000 pelo então governador gaúcho, Olívio Dutra (PT), após a montadora desistir de construir uma fábrica de carros em Guaíba, na Grande Porto Alegre.
A montadora americana havia se comprometido a instalar a unidade em 1998, após negociações com o então governador Antônio Brito (PMDB), que estabelecia vários benefícios fiscais, incluindo empréstimo subsidiado de R$ 210 milhões pelo Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul).
No ano seguinte, com a derrota de Brito ante Dutra na eleição, o novo governador decidiu rever o acordo e suspender parte dos benefícios, o que levou a Ford a desistir do projeto.
O governador baiano da época, Antonio Carlos Magalhães, publicou anúncios em jornais convidando a Ford para levar a fábrica para o Estado e, com oferta de benefícios superiores, atraiu o projeto para Camaçari, onde hoje existe um complexo que reúne a fábrica de carros e diversos fornecedores de componentes. A Ford já havia recebido R$ 42 milhões do Banrisul e o Estado também havia bancado obras de infraestrutura no terreno, por isso Dutra foi à Justiça.
Em nota, a Ford confirmou ontem ter celebrado o acordo para pagamento de R$ 216 milhões. “Essa decisão reitera o compromisso da empresa com o Estado, onde foi instalado recentemente, em Gravataí, o Centro de Distribuição de Peças da Ford para atender à Região Sul do País”, diz o texto.
O atual governo gaúcho, de Ivo Sartori, discute agora com a General Motors a antecipação de créditos de benefícios pagos para a construção da fábrica em Gravataí. Os valores podem chegar a R$ 130 milhões, relativos a benefícios fiscais que deveriam ingressar no Tesouro em 20 anos. Repasse da multa do programa de repatriação também deve ser revertido para pagar o funcionalismo. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva e Wagner Machado)