Com utilitários, Audi quer superar BMW

Jornal do Carro

 

A Audi está pisando fundo para ultrapassar a BMW como principal marca de carros de luxo do mundo com um novo leque de utilitários, do pequeno Q2 ao “grandalhão” Q8.

 

Após cair para o terceiro lugar no ano passado, atrás da Mercedes-Benz, a maior fonte de lucro da Volkswagen está procurando reavivar o crescimento lento e deixar para trás o escândalo das emissões que manchou a imagem de sua empresa controladora.

 

A Audi, que passou por dificuldades no ano passado por ter a linha mais antiga das três concorrentes, quer recuperar a vantagem em 2016 lançando novos modelos enquanto os da BMW envelhecem. “A concorrência com nossas rivais continuará sendo uma corrida ombro a ombro”, disse o diretor de vendas da Audi, Dietmar Voggenreiter, em entrevista na sede da empresa, em Ingolstadt, Alemanha. “Deveremos ter o vento a favor com nossos novos modelos”.

 

A Audi apresentará o Q2, de foco urbano, no Salão de Genebra, na semana que vem, e verá seus planos para os utilitários serem testados quando a atualização do Q7 chegar às concessionárias dos EUA, em janeiro. O modelo competirá com o BMW X5, o Mercedes GLE e novos concorrentes como o Maserati Levante em um segmento cada vez mais disputado. O sucesso da Audi é crucial para encher os cofres da Volkswagen no momento em que a pressionada fabricante de veículos busca uma base de apoio em meio ao escândalo de emissões, que já dura seis meses.

 

A líder de mercado BMW usou os utilitários para manter o domínio por uma década e todas as três concorrentes correram para atender os nichos do mercado. Com o pequeno Q2, a Audi se concentrou em um segmento não explorado pela BMW e pela Mercedes. O carro é desenhado para atrair jovens moradores da cidade que requerem menos espaço que o oferecido pelo irmão do modelo, o Q3, que custa US$ 33.700, algo em torno de R$ 132 mil.

 

As entregas de utilitários subcompactos como o Q2 em toda a Europa mais do que dobrarão, para cerca de 2,1 milhões de unidades, no período de cinco anos até 2022, mas a Audi ainda crescerá menos que suas rivais, disse Tim Urquhart, analista da IHS Automotive em Londres. A IHS estima que a Audi continuará em terceiro lugar em 2022 e que encerrará este ano com um aumento de 1,2% nas vendas, para 1,83 milhão de carros, crescimento mais lento que o da BMW e o da Mercedes.

 

Reconquistando terreno. Além dos novos modelos, as chances da Audi de derrubar essas previsões recaem sobre a China, seu maior mercado. As vendas de carros no país asiático provavelmente começarão a crescer de forma robusta novamente e a Audi deverá se beneficiar da nova versão de seu campeão de vendas, o utilitário Q5, que deverá começar a ser produzido no fim do ano, disse Sascha Gommel, analista do Commerzbank em Frankfurt.

 

“Eu acredito que a Audi começará a reconquistar algum terreno, em particular em comparação com a BMW”, disse Gommel. A BMW tem menos modelos novos em produção. Além disso, a marca tem usado métodos extraordinariamente agressivos para aumentar as vendas nos EUA, inclusive pagando concessionárias para que coloquem modelos novos em suas frotas de serviço, disseram pessoas familiarizadas com a prática, neste mês.

 

A Audi planeja, após os lançamentos do Q7, do Q5 e do Q2, introduzir seu primeiro crossover totalmente elétrico em 2018, acompanhado de um novo utilitário, chamado de Q8. Está sobre a mesa também uma versão crossover mais alta do carro esportivo TT.

 

A estratégia é fundamental para os resultados. Os compradores de SUVs da Audi investem cerca de dois terços a mais em recursos extras que os compradores de sedãs do mesmo nível, disse a empresa. Além disso, eles são fiéis. Dois em cada três clientes da Audi com utilitários compram outro crossover ao trocarem de carro. (Jornal do Carro)