Para dar vida ao “Projeto Agenda Cultural – Histórias transformando o futuro”, a Associação de Apoio à Criança em Risco (ACER), seleciona e capacita jovens de Diadema, São Paulo, para monitorar as atividades de Mediação de Leituras, Contação de Histórias e Teatro de Bonecos junto a crianças de escolas municipais. A escolha dos monitores é criteriosa e passa por diversas etapas, como entrevistas, visita domiciliar e observação de fatores como urgência social, potencialidades, continuidade de atendimento e desejo de transformação pessoal e social. Tanto cuidado é necessário para que a instituição possa selecionar jovens que tenham potencial para adquirir e replicar conhecimento.
São garotos e garotas, entre 14 e 17 anos, entrando na importante fase de fazer escolhas e buscar caminhos e que, aqui, encontram oportunidades e orientação. Eles passam por formações e capacitações, desenvolvem novas habilidades, resgatam a autoestima e aprendem a minimizar as barreiras impostas pela exclusão social. Como não se sentir honrado em fazer parte desta transformação? Para a Dana, ajudar a solidificar uma etapa tão importante na vida destes jovens é motivo de orgulho. E para a ACER também. A metodologia de trabalho da instituição tem como princípio fundamental a inserção destes adolescentes em um grupo de referência positivo, tornado-os mais confiantes e motivados – e capazes de dar os primeiros passos com suas próprias pernas.
Michelle Missias é um exemplo de como projetos como este impactam positivamente na vida de muitos adolescentes. Ela também foi uma das jovens da comunidade atendida pela ACER. Em 2005, começou a receber treinamento e passou a desenvolver atividades de Mediação de Leitura. De lá pra cá, participou de várias formações e oficinas de mediação, desenvolveu capacidades, incorporou novas responsabilidades e hoje é funcionária da instituição. Michelle é a agente cultural responsável pela Biblioteca Comunitária ACER Brasil e pela execução do “Projeto Agenda Cultural”. Além disso, também supervisiona a equipe de 17 mediadores e tenta repassar a eles o aprendizado que adquiriu. “Hoje, consigo passar para os monitores tudo que aprendi quando também fui mediadora. Respeito o desenvolvimento e o tempo de cada um para aprender e entender a importância do nosso trabalho para as acrianças que atendemos”, destaca Michelle. “Consigo ver de perto o desenvolvimento de cada um e suas conquistas. Vendo isso tudo, me orgulho muito e fico feliz, satisfeita por saber que minha missão está sendo cumprida”, comemora.
Uma prova de que o trabalho coordenado por Michelle está dando bons frutos são os relatos de alguns monitores do projeto, alunos da Escola Estadual Simon Bolívar. Daiane da Silva Mariano é a caçula da turma de monitores da ACER. Com apenas 14 anos, a estudante da 8ª série do Ensino Fundamental conta sobre as mudanças que já começaram a acontecer em seu comportamento nos últimos meses. “Este projeto está me ajudando em muitas coisas. Eu era muito tímida e não falava em público, tinha muita vergonha. Depois que eu comecei a interagir com as crianças eu consegui falar em público e comecei a me expressar melhor”. Suzane Gonçalves de Alcântara é colega de Bruna na 8ª série. Juntas desde o início do projeto, a estudante de 15 anos também já percebe o quanto evoluiu em apenas sete meses de monitoria. “Eu amadureci bastante e sinto que fiquei mais responsável. Aprendi coisas novas que nunca tinha visto. Participar do projeto tem sido uma ótima experiência na minha vida”.
Leonardo Araújo Caldeira, de 15 anos, aluno do 1º ano do Ensino Médio, complementa os depoimentos das colegas de monitoria. “Levarei para minha vida inteira o aprendizado que conquistei na ACER. Ajudou a me desenvolver. Aprendi a ter foco naquilo que quero fazer”. Já para Miri Hellen Loner de Souza, estudante de 17 anos do 3º ano do Ensino Médio, sua evolução nos últimos meses transcende o conhecimento adquirido. “Na verdade, eu sinto uma grande mudança em mim. Fazer parte desse projeto me tornou mais humana. Hoje, sou uma pessoa melhor”.
Mesmo tão jovens, os monitores Aline Dias de Souza e Felipe Souza Santos, ambos alunos do 1º ano do Ensino Médio, já estão de olho no futuro. A estudante de 16 anos observa transformações significativas na sua forma de se relacionar com todos. “Desde que me envolvi com as crianças, perdi a timidez, converso mais e estou conseguindo me enturmar com as pessoas. Vejo que é uma experiência importante para o meu futuro, me motiva a conquistar mais coisas novas para minha vida”. Felipe, de 15 anos, também pensa assim e quer usar tudo que aprendeu no projeto para conseguir um emprego. “Agora, consigo falar melhor com as pessoas, usar melhor as palavras. Espero que eu possa crescer no mercado de trabalho, adquirir experiência e cada vez mais aprender coisas novas”.
Para Gilbert Bijoux, que assessora a instituição na elaboração de projetos e mobilização de recursos, os monitores são os grandes protagonistas deste projeto. “Estes jovens monitores são uma referência importante numa comunidade carente de modelos positivos”, afirma o assessor. Gilbert destaca que muitos monitores já conseguem seu primeiro emprego alguns meses depois de entrar no projeto. “Não é um programa que tem a meta de inserir no mercado de trabalho, mas sim o desenvolvimento de cada jovem, que recebe acompanhamento social na ACER. No entanto, temos ciência de que um dos benefícios é proporcionar um primeiro contato com um ambiente de trabalho”, esclarece Gilbert.
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