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Tita, uma apaixonada por música 'preta' Imagem: Danny

Tita Lima é uma cantora e compositora paulistana que faz uma mistura de MPB, Samba-Jazz, Bossa Nova, Hip-Hop e Dub em suas músicas e que, atualmente, mora nos Estados Unidos. Tita aprendeu a tocar piano com sua avó e baixo com seu pai, o Liminha dos Mutantes. Ela lançou recentemente seu primeiro disco, “11:11”, com colaborações de músicos e produtores brasileiros e americanos, como Apollo 9 (Planet Hemp) e Kassin (Los Hermanos).

Quais artistas você cita como influência?

Sou apaixonada por música “preta” brasileira e americana. Ouvia e ouço muito Clara Nunes, Gal Costa, Bill Withers, Robert Cool Bell, Danny Hathaway, Milton Banana Trio, Curtis Mayfield, Al Green, Cymande, Rufus, Tim Maia, Jorge Ben, Edson Machado, Moacir Santos, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Nação Zumbi, Di Melo, Itamar Assunção, Gigante Brasil, Luiz Melodia e por aí vai…

Alguns artistas filhos de compositores famosos acham que o sobrenome ajuda, outros que atrapalha. Como é isso, no seu caso?

Meu sobrenome não entrega muito, afinal eu sou mais uma “Lima” entre milhões, mas ter uma família de músicos ajudou na minha carreira, e muito. Ajudou no sentido de que eu sempre tive música em casa e meu pai me ensinou muita coisa, desde tocar baixo até produzir e mixar um disco, e também fazer programações de bateria… Enfim, ele me deu boas ferramentas. Somente o preconceito das pessoas pode atrapalhar no caso de uma cantora de sobrenome famoso, mas depois que as pessoas me conhecem direito e ouvem meu trabalho, tudo muda.

Imagem: Masi Corrêa
Imagem: Masi Corrêa

E que influências seu pai teve sobre seu gosto e produção musical? 

Preocupo-me com a cozinha sempre, o som do baixo tem que estar ‘gordo’ e ‘limpo’, o bumbo também. Porém, meu pai só foi ouvir o meu disco depois que ele já estava pronto. Fiz questão de fazê-lo sozinha para aprender e ganhar experiência. Gastei alguns neurônios pra aprender a mexer em programas de edição de música, como protools e logic, mas percebo que valeu à pena – e muito. Taí o disco pronto, que não me deixa mentir.

Como funcionaram as parcerias com outros artistas na gravação de “11:11”?

Todas fluíram muito bem, principalmente as com o Guilherme Held, porque quando ele toca e eu canto, parece que tudo flui naturalmente, até porque temos uma banda juntos (chamada Luz de Caroline), em que as músicas novas são compostas até durante os shows, tamanha é nossa sintonia.

Você também participou do disco do Apollo 9, “Res Inexplicata Volans”, como foi isso?

O Apollo 9 é um cara muito eclético e por isso, trocamos várias figurinhas. Por exemplo, apresentei ele ao Lanny Gordin que, na época, tocava com o Luz e as coisas foram se materializando aos poucos. Ele é um cara aberto e bem destemido, e fizemos três musicas em dois dias no estúdio dele, o trabalho foi muito proveitoso. Compor com ele trouxe um alívio. Além dele trabalhei com Bocatto, que me viu numa jam session (sessões de improviso entre músicos) um dia e me chamou de canto pra produzir um trabalho meu. Devo muito a ele.

Você toca baixo, e percebe-se que as linhas de baixo do seu disco têm bastante influência de samba. Como funciona o seu processo de composição?

Quase sempre penso na linha de baixo primeiro e, a partir daí, surge o resto da música. Mas as linhas de samba (que foram feitas com baixo acústico) foram tocadas por Fernando Raio.

Quais são seus planos para este ano?

Estou negociando com gravadoras para lançar o disco no Brasil e também na Europa, tudo indica que esse mês fechamos o contrato. Vou fazer uns shows de aquecimento enquanto isso.

Como têm sido a receptividade dos americanos ao disco?

A receptividade deles é muito bacana, fiz quatro meses de turnê lá, passando por várias cidades como NY, Portland, Seattle, Austin, Los Angeles, San Francisco, San Diego, Chicago, Washington… Foi muito legal, tem coisas que o público coloca no youtube.com, mandam cartas e e-mails depois dos shows… Adoro tocar lá, porque é muito gratificante mesmo.