Tainá Müller é atriz e está em cartaz nos cinemas brasileiros com “Tropa de Elite 2”, em que interpreta Clara, uma repórter policial que investiga a atuação da polícia nos morros cariocas.
Antes disso, ela já havia protagonizado, junto com o atual marido Júlio Andrade, “Cão sem dono”, adaptação para o cinema do primeiro romançe de Daniel Galera, “Até o dia em que o cão morreu”. O filme de Beto Brant e Renato Ciasca conta as dores de um jovem formado em letras tentando achar seu lugar, enquanto lida com as figuras que independente de suas atitudes estão à sua volta, entre eles um cão. O filme recebeu ótimas críticas na imprensa brasileira, como na revista Rolling Stone e no jornal Estadão, ambos dando ênfase à ótima estreia de Tainá como atriz na “tela grande”.
Confira um pouco da trajetória deste “despertar” da atriz – que surgiu depois dela ter trabalhado como modelo e jornalista.
Como iniciou essa história de trabalhar como atriz na sua vida?
Tainá Müller – Sempre amei as manifestações artísticas, em todas suas formas. Dancei balé por sete anos, toquei piano por cinco, amava escrever e desenhar. Mas nunca havia pensado numa carreira artística como um modo de “ganhar a vida”. Então fui estudar comunicação, porque achei que tinha a ver comigo. Trabalhei como jornalista durante três anos e depois, quase sem querer, acabei virando modelo. Entrei para agencia de modelos Ford / Sul para tentar incrementar a renda doméstica e acabei sendo chamada para trabalhar fora do Brasil. No ano de 2004 passei 8 meses em Milão e decidi voltar para casa e tentar a carreira de atriz. Em 2005 mudei de Porto Alegre para São Paulo para estudar teatro e nesse meio tempo surgiu o convite para ser assistente de direção do Beto e posteriormente atriz do filme.
Você não teve receio de interpretar a Marcela, uma personagem autobiográfica?
Não houve motivos para ter medo. Tanto eu como meu marido na época (o escritor Daniel Galera) achamos que era uma ótima oportunidade para começar com pé direito o caminho pelo qual estava me propondo a trilhar.
Qual o seu grau de envolvimento com o filme e com a personagem? Imagino que deva ser lancinante participar de um filme, meio violento, até…
O grau de envolvimento com o filme e com a personagem foi o maior possível durante as filmagens, assim como quero ter com todos os papéis que eu venha a realizar. No cinema, a entrega do ator é mais do que necessária para se ter um bom resultado. E toda essa intensidade passa pela escolha de vida do artista. Não dá para querer fazer arte com a ponta dos dedos.
Você acompanhou o processo de escrita do “Até o dia em que o cão morreu”? O que você pensa sobre o livro?
Acompanhei de longe, como é possível acompanhar o processo de todo escritor. Escrever, ao contrário de atuar, é uma busca solitária. Eu adoro o “Até o Dia em que o Cão Morreu” e desde a primeira vez que li a história me comoveu profundamente. Por isso também não tive dúvidas ao aceitar o convite do Beto.
Você participou de uma peça baseada no livro do Daniel Pellizzari, “Ovelhas que voam se perdem no céu”. Como é a sua percepção da diferença do trabalho de atriz para teatro? Completamente diferente do trabalho no cinema?
Sim e não. Depende muito do tipo de texto, papel e principalmente direção. Eu acho que o Mário Bortolotto é um diretor que usa muitos artifícios cinematográfico no teatro, por exemplo. Mas ao mesmo tempo, o teatro nunca vai ser tão naturalista quanto o cinema, pois é preciso impostar a voz e o corpo de uma forma que comunique com o público, ao contrário das lentes que captam o mínimo desvio de olhar. Para o ator a base é sempre a mesma, a pesquisa através dos métodos. O que muda é a forma de adaptá-la às telas ou ao palco.
Você Imaginava fazer parte da sequência quando assistiu Tropa de Elite? O que tinha achado do primeiro filme?
Jamais pensei que participaria da sequência, aliás, não imaginava que pudesse haver uma continuação. Achei forte pra caramba o primeiro e entendi o porquê de todo mundo estar comentando. Gostei muito e lembro que fiquei feliz quando ganhou Berlim, achei merecido. E o mais impressionante é ver o efeito de um filme brasileiro na cultura popular, sempre tão influenciada pela televisão. Acho que o cinema nacional ganhou uma força a mais depois desse longa e essa é uma das maiores contribuições do “Tropa”.
Como você definiria a sua personagem no filme?
Interpreto a Clara, uma jornalista da editoria de polícia, que está disposta a se arriscar para conseguir suas matérias. Junto com o deputado Fraga, ela investiga as milícias cariocas e é antagonista do Capitão Nascimento.
E quais são os seus planos daqui pra frente?
Meu plano por enquanto é divulgar o filme e continuar estudando. O resto vai no improviso.
Veja mais: Site do filme “Cão sem Dono”