Rodrigo Rosa nasceu em 11 de junho de 1972, em Porto Alegre, e se considera um “geminiano típico” – pelo menos no que diz respeito à curiosidade e vontade de aprender, sempre. Trabalha como cartunista, ilustrador e quadrinista, e é jornalista formado pela PUC/RS. Publica desde os 14 anos, quando começou a desenhar tiras no jornal Oi! Menino Deus.
Trabalhou como integrante da Editoria de Arte do jornal Zero Hora durante seis anos e também como cartunista e chargista colaborador de jornais e revistas nacionais. Rodrigo ainda trabalhou como ilustrador de livros infantis, como “Os Meninos da Rua da Praia” (de Sérgio Caparelli), “O Negrinho do Pastoreio e Outras Lendas Gaúchas” (de Carlos Urbim), “Um Passeio pela África” (de Alberto da Costa e Silva), “As Aventuras de Tibicuera” (de Erico Verissimo). Para a Dana, fez as incríveis aquarelas da exposição Lendas Brasileiras,
Como foi sua infância? Você lia muito gibi? Geralmente quem trabalha como ilustrador recebe muita influência deste tipo na infância. O que você lia?
Eu lia muito gibi, muitas histórias em quadrinhos. Gostava mesmo era das de super-heróis, do Homem Aranha, do Batman (também assistia o seriado de televisão, muito popular nos anos 70). Gosto de quadrinhos desde sempre, não sei precisar com que idade comecei a desenhar, só sei que sempre demonstrei facilidade pra isso – e que comecei a desenhar muito antes de começar a ler. Meu pai, Paulo Afonso, era desenhista publicitário, por isso tive muita influência em casa para começar a desenhar. Estraguei muitos pincéis dele (risos).
Você acha que sua formação como jornalista te ajudou a trabalhar como cartunista?
Não sei se isso foi fundamental para o meu trabalho como cartunista, já que eu sempre fiz trabalhos com cunho político e social, mas eu sempre me interessei por esses temas. Eu tentei cursar artes duas vezes, mas, como era preciso atingir uma nota mínima de matemática, nunca passei (risos). Entrei pro jornalismo porque também gosto de escrever, embora poucas pessoas saibam disso. No meu primeiro ou segundo ano de faculdade, comecei a trabalhar como ilustrador na Zero Hora e daí não parei mais.
Quando você decidiu que queria trabalhar como ilustrador?
Minha primeira publicação aconteceu quando eu tinha 14 anos, e foi pro jornal de bairro “Oi!”, do bairro Menino Deus. Para eles, eu fazia uma tira mensal, cujo personagem era um passarinho, o Biquito. Depois, a tira se tornaria semanal. Ao mesmo tempo, comecei a conhecer os desenhistas daqui, como o Santiago e o Edgar Vasquez, e fui o primeiro amador a entrar na Grafar, que é uma associação aberta a cartunistas, chargistas, caricaturistas, ilustradores e quadrinistas gaúchos ou por aqui em atividade. O convívio com eles me fez ter vontade de viver como ilustrador.
Quais artistas você cita como influência?
Vários artistas me influenciaram, e gosto do trabalho de muita gente. Posso citar dois que me influenciaram bastante como desenhista: o Alberto Breccia, uruguaio criado na Argentina, que era um ilustrador que pesquisava muito para compor seus desenhos, sabia mesclar vários estilos quando precisava: podia ser intimista, obscuro, divertido… Era muito versátil. Outro ilustrador que me influenciou foi o Hugo Pratt, italiano autor de “Corto Maltese”, que também tinha essa característica de pesquisar bastante – seus trabalhos tinham um forte cunho histórico. Aqui no Rio Grande do Sul, uma pessoa que me influenciou muito foi o João Mottini, tanto que até criei um site para ele (www.joaomottini.com). Ele foi um grande mestre e também amigo – conheci-o no início dos anos 90, quando ele havia voltado de Buenos Aires (na verdade ele voltou no início dos anos 60 pra cá). Ele era um grande desenhista – nos anos 50 e 60 era considerado um dos maiores do mundo.
Como funciona o seu processo criativo?
Independente do trabalho que estou fazendo, procuro pesquisar muito antes de começar a desenhar. Faço pesquisa, geralmente, na internet e em livros, e esta pesquisa pode demorar tanto quanto o trabalho em si, e esse tempo de pesquisa depende do trabalho, também. Há algum tempo, fiz ilustrações para uma edição de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. Eu e o Carlos Ferreira chegamos até a ir pra Canudos, onde fizemos pesquisas.
Depois desta etapa de pesquisas, faço rascunhos para começar a definir o estilo que vou usar nas ilustrações – se vão ser mais clássicos, caricaturais… – daí eu mando propostas de layout para aprovação e, só depois disso, finalizo o trabalho. Procuro seguir sempre por novos caminhos e, no caso da ilustração, acrescentar algo a mais para a obra, fugir do óbvio.
E como foi ilustrar as Lendas Brasileiras para a Dana?
Eu já havia feito, para a RBS Publicações, um livro chamado “Lendas Gaúchas”, junto com o Emiliano Urbim. A mãe dele, a Alice Urbim, foi que me indicou pro Marketing da Dana e a parceria começou. Eu tive um bom tempo para criar as ilustrações em aquarela, e pude conhecer um pouco mais sobre as lendas brasileiras. Foi muito interessante. Depois das 16 ilustrações grandes, acabei fazendo outras, complementares, que foram usadas no DobraDana. Gosto deste tipo de trabalho porque sempre aprendo muito com eles.
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