O grupo Expresso 25 é a mais expressiva representação da estética desenvolvida pelo maestro uruguaio Pablo Trindade. Seu trabalho é interessante por envolver o coral, as artes cênicas, criativos arranjos musicais e música popular brasileira de primeira qualidade. O Expresso 25 foi indicado pelo Prêmio Açorianos de Porto Alegre como um dos três melhores espetáculos musicais estreados no ano de 2003 e recebeu Prêmio Açorianos 2004 na categoria de Mellhor intérprete da Música Popular Brasileira.
O espetáculo ”Imaginário Sonoro do Brasil” é integralmente musical, onde as vozes, os instrumentos e a percussão corporal e instrumental realizam um repertório integrado por arranjos de Pablo Trindade sobre obras de Lenine, Guinga, Eduardo Gudin, Hermeto Pascoal, Djavan, Caetano Veloso, Gonzaguinha, Milton Nascimento, Ivan Lins, Almir Sater, João Bosco, Tom Jobim, Chico Buarque e Tunai. Num cenário circular, o público se mistura com os músicos ouvindo um resultado sonoro totalmente integrado, em que se sente fazendo parte. O programa viaja pela beleza das harmonias da música popular brasileira e proporciona muita emoção a todos os participantes, tanto público como músicos. O grupo é composto por 46 pessoas. O espetáculo já foi visto em vários países da Europa e estados brasileiros.
Pablo Trindade nasceu em Montevidéu e está radicado em Porto Alegre desde 1997 e se declara um grande admirador da música brasileira.
De onde surgiu a idéia de unir o coral, o teatro, e a música popular brasileira?
Maestro Pablo Trindade: O Expresso 25 é o resultado de uma proposta que iniciou-se há 10 anos atrás, quando eu cheguei ao Brasil. Imediatamente, comecei a trabalhar com este grupo que, até esse momento, era um coral típico. A partir dessa nova estética, o grupo passou a se chamar Expresso 25, e desde então evitamos usar a palavra ”coral” – chamamos de ”grupo”, para deixarmos de ser associados com esta estética. A idéia surgiu ainda no Uruguai, lá já faziam vários anos que eu trabalhava fazendo a união de diferentes linguagens artísticas, e não via a hora de ”importar” isso para o Brasil, um país com uma musicalidade e cultura impressionantes.
Guinga, Tom Jobim, Ivan Lins, Milton Nascimento são clássicos da MPB de todos os tempos. Como funciona a escolha do repertório?
Basicamente, sou eu que escolho o repertório, e a partir destas escolhas, todos trabalhamos a partir de uma linguagem, que é o diferencial do grupo. Como estamos trabalhando juntos há 10 anos, o interessante é que foi acontecendo até uma mudança de cultura dos próprios integrantes do grupo – hoje, vejo que eles gostam e admiram tanto a MPB quanto eu, e o espetáculo acaba sendo uma conseqüência deste trabalho todo de ”bastidores”. Além dos arranjos, também feitos por mim.
E como têm sido a resposta das pessoas à esta proposta inusitada?
A resposta têm sido unânime, e muito boa. Costumamos dizer que nossa meta é fazer com que as pessoas saiam do espetáculo com alma mais leve, e que elas fiquem mais felizes, pelo menos naquela noite. E é verdade. Se conseguirmos tocar os sentimentos de uma pessoa que seja, saímos no lucro. Neste ano, por exemplo, estivemos levando o espetáculo ”Imaginário Sonoro Brasileiro” para alguns países da Europa e notamos que, mesmo tendo a barreira do idioma, as pessoas saíam do show emocionadas. Então imagine no Brasil, que temos todo o peso das letras das músicas, verdadeiros tesouros da poesia brasileira. Acho que a resposta têm sido boa. Quando a gente começou a trabalhar para montar este grupo, o público que vinha nos assistir era de uma idade bastante avançada. Hoje, na nossa platéia, temos gente de todas as idades – crianças, muitos jovens, adultos e idosos também. Para nós, é uma conquista termos contribuído para que as pessoas percam um certo ”preconceito” contra grupos vocais.
E como foram os shows com Hermeto Paschoal?
Os nossos shows com o Hermeto Paschoal, que aconteceram no ano passado, no Theatro São Pedro, foram a consequência de todo um trabalho que desenvolvemos com esse artista, uma pessoa com quem pudemos aprender muitas coisas. A musicalidade dele é simplesmente fantástica, acredito que esta tem tudo para ser uma noite mágica! Além das músicas que já estão no repertório do show que as pessoas já conhecem, cantamos 5 músicas a mais e improvisamos muito, já que misturamos o coral com a linguagem do jazz, com uma inúmera quantia de instrumentos.
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