Cibelle Cavalli entregou seu coração às artes e sua alma à música. Intuitiva e apaixonada pela vida, ela se inspira nas sutilezas do cotidiano para construir canções que soam como aqueles pequenos sonhos que invadem a mente durante a luz do dia. Cibelle está imersa em um mundo poético que começou a ser construído aos cinco anos de idade, quando resolveu estudar violão por vontade própria.
Morando em Londres desde 2002, Cibelle foi agraciada com o título de nova diva da música brasileira pela imprensa estrangeira. Um exílio voluntário que lhe trouxe uma carreira de artista e o reconhecimento de um trabalho que rejeita os rótulos preguiçosos de “neo bossa-nova”. Ironicamente, aqui na terrinha poucos conhecem o trabalho desta cantora de voz doce e suave que resolveu se entregar ao mundo. E na sua vida de estrela da música, descobre a cada viagem, em cada cidade, o prazer de realizar seus sonhos de viver da arte e para a arte.
Como foi sua formação musical?
Cibelle: Aos 5 ou 6 anos, eu entrei num Conservatório para estudar piano e fazer musicalização infantil, e não sai de lá até meus 12, 13 anos. De lá, parti para o Teatro no Indac (Escola de Atores que fica em São Paulo), lá pelos 14 e, com 17 anos, voltei com força total pra música.
Quais pessoas influenciaram na sua carreira? Você cita como influências artistas com trabalhos tão diversos como Nina Simone, Tom Jobim, Jackson do Pandeiro e Bjork.. Poderia nos dar mais detalhes?
Eu me inspiro de tudo e todos, de todos os meus amigos, a gente vive “se devorando” (risos). Mas é verdade que, vocalmente, eu passei um tempão ouvindo jazz, e estudei folclore brasileiro no Abaçaí cultura e Arte, onde eu tambem dançava no balé afro brasileiro. Nessa época, eu também ouvia sinfonias, muito rock’n’roll dos anos 50 ,Technotronic e Depeche Mode.. Também tive uma fase Metallica , Alice in Chains, Soundgarden e The Wailers. Deu pra sacar?
Você mora em Londres desde 2002. Você acredita que há um melhor lugar para morar para os artistas que estão fazendo um trabalho diferenciado?
Acho que Berlin é o lugar perfeito para o artista da música que já faz muita turnê, porque é relaxado, central, o aluguel é barato, e tem muitos músicos morando por lá.
Como foi sua participação no Tim Festival no Rio e em São Paulo?
Foi muito intensa, os show foram ótimos, o de são paulo melhor que o do rio. No Rio de Janeiro, eu estava verdadeiramente apavorada e com medo de morrer no palco, porque os choques que eu estava tomando eram muito fortes. Sem falar que me botaram pra cantar às 4 da manhã, e um dos meus músicos estava doente e minha mãe de 60 e tantos anos de idade me esperando na platéia há horas. Mas São Pulo foi ótimo, a produção de são paulo está de parabéns, foi impecável e muito emocionante.
Como foi a resposta do público brasileiro ao teu trabalho? E como você se sentiu, tocando no Brasil depois de anos morando no exterior?
Foi muito emocionada, afinal de contas, eu sou fruto dessa terra.
Como funciona seu processo de composição e gravação? Você trabalha bastante gravando jam sessions, certo? Porque?
Porque eu acredito que assim é possível captar a pureza das coisas mais facilmente, a não pretensão, a não-intenção, fica mais difícil ser racional.
Você costuma trabalhar como colaboradora de artistas plásticos. Como começou esta relação das artes plásticas com música na sua vida?
Quando tinha 7 anos, pintava umas aquarelas e tentava vender no hall do meu prédio (risos). Eu preciso ter esse mundo liberto e visual à minha volta e eu também sou uma artista, então nós precisamos estar unidos e nos alimentarmos uns dos outros pra viver e criar.
Como surgiu o convite do David Byrne para você participar do projeto “Welcome to Dreamland” no Carnegie Hall? Poderia nos contar mais sobre esta experiência?
O David Byrne já era meu fã desde o primeiro disco- eu me lembro que estava tocando em Nova York e ele apareceu no meu camarim pra dizer que tinha acabado de pousar em NY, vindo de londres, e que havia pegado uma Time Out (guia cultural) na banca e lá dizia que eu ia tocar, e ele foi do jeito que estava, sem ao menos passar em casa. Agora, sempre que estou em Nova York, ele vem no meu show… E, num destes shows, ele me convidou pro “Welcome to Dreamland”, e justificou dizendo que, se eu não participasse, iria faltar alguém da família sonora (risos).
E a parceria com Devendra Benhart, como aconteceu? A idéia de regravar “London, London”, de Caetano Veloso, partiu de quem?
A idéia foi minha, o convidei por que sei que ele é muito fã do Caetano.
Seu segundo disco foi gravado entre Londres e São Paulo. Houve alguma consequência disto?
Eu queria muito que isso acontecesse. A consequência é o disco, mas eu acho que a consequência não foi de ser Londres e SãoPaulo, foi de ser Apollo, Mike Lindsay, eu e Yann Arnaud na França. O disco ficou com a cara de todos nós.
Atualmente, qual é o seu sonho como cantora? Quais seus planos, daqui pra diante?
Fazer mais música com mais gente. Cada vez mais.