Andrio Maquenzi é vocalista da banda Superguidis, um dos grupos mais bem sucedidos da última safra do rock independente do Rio Grande do Sul. Ultimamente ele também é reconhecido como um dos responsáveis pela febre dos auto tunes feitos no Brasil, isto é, aquelas versões musicadas de notícias que são postadas na Internet. A mais famosa, do acidente do ator Werner Schunemann no Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, levou o projeto-brincadeira até os holofotes das grandes redes de TV. Mas Andrio continua dizendo que não é um cara ruim.
E então? Chega de carro sem air bag?
Se todos os carros tiverem air bag ninguém mais precisa de cinto de segurança.
A gente vai ter que falar disso antes de entrar na parte da sua vida. Como surgiu a ideia de brincar com o Auto Tune?
Surgiu depois de eu conhecer os trampos dos Gregory Brothers (Auto Tune The News). Achei aquilo fantástico! “Pô, finalmente acharam alguma utilidade pro auto tune” e aí pensei com meus colegas, Valmor Pedretti e Thiago Grün, que já andavam fazendo mashups com as frases do Werner Schunemann após o acidente em cenas de novela, “por que não fazer uma trilha e afinar esse cara?”
Alguém imaginava o monstro que iria se tornar?
Claro que não.
Recentemente, vocês fizeram matérias para a Rede Globo, e foram convidados para a Campus Party. Como foram essas experiências?
Puxa, foi muito massa! Sobretudo pela avalizada que deu na nossa nova empreitada, de abrir um coletivo independente de produção em áudio! Tudo se fez em boa hora.
Porque você acha que essas brincadeiras viram “memes” instantâneos na Internet?
É inusitado, é divertido, bizarro. E em um canal como o YouTube, onde você cria sua programação e derruba a TV, é golaço.
Vai ter mais?
Pior que vai, eu acho. Achamos que essa febre tinha passado. É trampo pra uma grande marca aí… Vamos ver se rola.
Agora voltando pro começo. Fale um pouco sobre a Superguidis, e por onde ela anda?
Este ano temos que divulgar o DVD Acústico, gravado no saudoso Cultura Rock Clube (Porto Alegre). Viajamos tanto no ano passado, que acabamos por deixar de lado a produção deste DVD, que foi gravado ainda em 2009… Mas beleza, antes tarde do que nunca. O Nirvana Live at Reading Festival foi lançado só agora, também… hehe
Existe hora de parar de insistir no cenário independente do rock nacional?
Nada. Aí se termina com a banda, hehe
Qual a sua opinião sobre a movimentação da cena “indie” nacional hoje?
Está muito boa. Mas há que se discernir “cena” de bandas realmente boas. Às vezes o que vemos é um amontoado de hype sem qualidade autoral.
Não dá pra viver só de música, ou não dá pra viver só de música autoral?
A segunda opção.
Se você fosse enumerar algumas bandas nacionais que prometem para 2011, o que estaria na lista?
As com um primeiro disco fresquinho na praça, ou ainda para lançar: O Carabala, INI e Megadrivers.
E no seu som, o que está tocando agora?
– Bruce Springsteen – Magic (2007)
– Buena Vista Social Club – Presents Ibrahim Ferrer (1999)
– Macaco Bong – Artista Igual A Pedreiro (2008)
– Elizabethtown OST (2005)
– John Frusciante – Curtains (2004)
– Pelican – What We All Come To Need (2009)
– Neil Young – Chrome Dreams (1977) e Le Noise (2010)
– Zé Geraldo – Catadô de Bromélias (2008)
– Bob Dylan – Blood On The Tracks (1975), Desire (1976) e Street Legal (1978)
– Dave Brubeck – Time Out (1959)
Tudo no shuffle.
Como você vê a relação dos músicos com a Internet? Que é útil a gente sabe, mas as bandas estão sabendo explorar de forma correta?
Acredito que sim. Ruim são os spams (“ouve minha banda” “como somos incríveis”…etc). Eu prefiro adotar a lógica de RP, na qual falam bem ou mal de você, do que pela autopublicidade.
Existem outros projetos dos quais você participa? Como se administra isso?
Sim, toco com minha amiga Gabi Lima (Gru), e com meu colega multifuncional Valmor Pedretti nas bandas Urso e Worldengine… Fora umas composições aleatórias que a gente inventa. O lance todo é verter música, diariamente, o dia todo.
Os 5 melhores nomes de álbum dos últimos tempos são:
– Artista Igual A Pedreiro (Macaco Bong)
– To Record Only Water For Ten Days (John Frusciante)
– A Panela Do Diabo (Raul Seixas e Marcelo Nova)
– Incesticide (Nirvana)
– Sea Change (Beck)
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