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Quando John Lennon, o liverpoodliano mais famoso do planeta, ainda era criança, adorava ir ao cinema com seus amigos. Uma tarde, enquanto assistiam ao mais recente lançamento cinematográfico do Elvis – o título do filme me foge à memória – Lennon percebeu uma coisa que viria a mudar a sua vida, e todo o mundo pop, conseqüentemente. Quando Elvis aparecia na tela, a maioria das pessoas que estavam no cinema gritavam histericamente e perdiam o controle, subindo nas poltronas, como se pudessem ser vistas pelo Rei do Rock.

“Taí uma coisa que eu poderia ser”, pensou John. “Quero fazer isso. Ser uma estrela de rock deve ser algo muito bom”.

Mal sabia ele que, alguns anos depois, eram outros milhares de pessoas que se descabelavam ao ver os quatro ingleses mais ingleses da face da terra projetados na tela de cinema. O filme “Os Reis do Iê-Iê-Iê” foi relançado em 2001, o que deu aos admiradores do rock and roll a oportunidade de ver um clássico exibido com todas as pompas a que tem direito. O filme mudou a vida de muita gente. É raro encontrar alguém que não tenha alguma historinha de vida mesclada com a música do Fab Four.

Na época em que tudo era tutti-frutti e as matinés eram disputadas, ganhei meu primeiro disco dos Beatles. Coincidentemente, era o primeiro deles, “Please Please Me”. Levei um choque ao escutar aquela harmonica da introdução de “Love me Do”, sob os olhares e sorrisos cúmplices do meu pai, beatlemaníaco assumido.

Mas, muito antes disso, as sombrancelhas de Paul MacCartney, os dentes tortos de John Lennon, os cabelos cortadinhos de George Harrison e o narigão de Ringo Starr já tinham conquistado uma legião de adoradores mundo afora.

Cartaz original de "Os Reis do Iê-Iê-Iê". Imagem: Reprodução
Cartaz original de “Os Reis do Iê-Iê-Iê”.
Imagem: Reprodução

E ingleses, vocês sabem, são ingleses. Humor nonsense bem na linha Monty Phyton dão o tom de “Os Reis”, num filme em que Ringo Starr é tudo. Seja nas piadas ou nos clipes, é ele sempre quem tem a melhor tirada. Numa entrevista coletiva (na realidade, a banda diluída em uma multidão de repórteres num saguão de hotel, que me pareceu muito mais interessante que as atuais, demasiado burocráticas), uma jornalista pergunta à Ringo se ele é um roqueiro ou um modelo. Ele responde, sério: “Sou um modeiro”.

Aposto também que muitas meninas, como a Rita Lee, ficaram enrolando seus cachinhos ao som de “And I love her”. E que as fãs histéricas que corriam atrás dos Beatles eram realmente fãs histéricas.

Pode ser só uma pergunta de gente fanática/paranóica. Mas o final do filme não me deixa mentir: o velho John, subindo de helicóptero, joga as fotos com autógrafos falsificados dos Beatles, como que presenteando os fãs, que ficam olhando para o teto da sala de cinema. Autógrafos falsificados, mas quem se importa? São os Beatles

Veja mais: Site do filme no Internet Movie Database