Ferris Bueller é um garoto esperto e cheio de truques que decidiu tirar um dia de folga. Ele, a namorada e um amigo inventam muitas mentiras para não irem à escola e saem pelas ruas de Chicago com a Ferrari do pai de Cameron. Juntos, aproveitam ao máximo o dia livre enquanto o diretor da escola e a irmã invejosa de Ferris estão atrás deles. A sinopse deste filme é simples, mas o conteúdo está longe de ser simplório.
Na minha visão, ”Curtindo a vida adoidado” criou toda uma geração de frustrados, e é aqui onde eu me encaixo. Eu lembro que não entendia como o protagonista conseguia fazer tantas coisas legais em um só dia e ainda por cima se safar da bronca dos pais. Ferris era ”o” cara. Ele ainda tinha um amigo chamado Cameron, travado, e uma namorada que continua bonita nesses tempos de über models, Sloane. Provavelmente ela tinha as botas certas e o quase-topete adequado para o cara mais popular do colégio.
Mas não é só isso. O filme tem uma série de estereótipos adolescentes: fingir que está doente para faltar a aula é um deles. A irmã TPM constante, o diretor do colégio que vive perseguindo Ferris, o carro proibido que acaba sendo roubado para dar umas voltas. Está tudo ali.
E há a filosofia carpe diem por todos os lados. Frases como “a vida passa muito rápido” e “porque eu ia perder um dia lindo desses trancado naquela escola?” mostram bem isso. Aproveitar o dia. Basicamente, é o que Ferris faz o filme todo, e o faz com maestria. A cena dele cantando “Twist and Shout”’ é simplesmente uma das minhas favoritas de todos os tempos – até porque concordo com Ferris quando ele diz que John Lennon era o máximo.
Mas essa é a fórmula de filmes sobre adolescentes, certo? “Juventude Transviada” já tinha o cara cool(James Dean), com uma bela namorada e um fiel amigo. Definitivamente, a revolta em “Curtindo a vida adoidado” não é com os valores da vida americana, como em “Juventude Transviada”. Ferris não quer saber sobre o socialismo europeu. Ele quer um carro ao invés de um computador. O problema aqui é outro: o que fazer com a vida? O fim do segundo grau pode realmente significar um problema quando se tem é 17 anos. Os dilemas de nossa geração são muito menos políticos, mas não menos preocupantes – ah, se a vida viesse com manual de instrução…
Mas eu sou suspeita: cresci na década de 80, tentando tirar sonzinhos de tosse de um teclado e roubei o carro do meu pai quando tinha 15 anos. De qualquer maneira, lembre-se: na dúvida, sempre tenha uma bola de beisebol embaixo da cama.
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