“Across the Universe” é o tipo de filme que você assiste e se pergunta: “por que ninguém teve essa idéia genial antes?”. Unir as músicas da banda mais influente de todos os tempos, os Beatles, com um enredo ambientado na década de 60 e uma pitada de surrealismo.
No filme, Evan Rachel Wood e Jim Sturgess vivem Lucy e Jude, casal que vive uma história de amor de Liverpool até o Greenwich Village, passando por temas da década como a contracultura, os protestos contra a Guerra do Vietnã, o amor livre, as drogas e o rock ‘n roll. Mas o grande mote do filme são as canções dos Beatles, selecionadas para se adaptarem ao enredo e cantadas pelo jovem elenco. 90% das canções foram gravadas ao vivo nos sets de filmagens, sem qualquer dublagem feita em estúdio durante a pós-produção.
Os nomes de todos os personagens – assim como o título do filme – foram retirados de canções dos Beatles. Como em um espetáculo musical, cada um tem ao menos um momento solo garantido. Letras não são modificadas, mas melodias, sim. E o resultado é estonteante. Ao todo, são 33 canções dos Beatles interpretadas neste musical.
Também há espaço para coreografias em “Across the universe”, seguindo o modelo do musical definitivo sobre os hippies, “Hair”, lançado em 1979 por Milos Forman. Destaca-se a cena em que Max, o irmão mais velho de Lucy, é recrutado para lutar no Vietnã e canta “She’s so heavy”, fazendo uma metáfora sobre a Estátua da Liberdade. Arrepiante.
Outra cena marcante é a viagem de ácido dos nove amigos, embalada por uma versão de “Because”, com direito à cenas surreais, nuvens se transformando em líquido, muitas cores saturadas e culminando com a cena em que Jude e Lucy estão mergulhados na água, juntos.
A diretora Julie Taymor, de “Frida”, entende de surrealismo. Amiga de Salma Hayek justamente devido a este filme anterior, atendeu ao pedido de Salma para fazer uma ponta no filme. Julie a encaixou como uma enfermeira, cantando “Hapiness is a warm gun”.
Ao entrar no cinema, meu maior medo era o de não gostar do filme por medo das interpretações dos artistas para as músicas dos Beatles, que embalaram (e ainda embalam) muitos momentos da minha vida. Bobagem. A grande sacada de “Across the universe” é justamente mostrar a grandiosidade da obra dos Beatles, e como as canções deles se encaixam na vida de todo mundo. Além de, é claro, tornarem-nas muito melhores. Senão melhores, mais bonitas.
Veja mais: Site Oficial do filme – Site do filme no Internet Movie Database