AutoIndústria
A decisão da ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico, de adotar o termo micro-híbrido para classificar veículos com sistema até então chamado de híbrido leve (também conhecido como MHEV ou mild-hybrid) está sendo questionada pela Stellantis.
Em entrevista online na manhã desta terça-feira, 30, o vice-presidente de Assuntos Regulatórios da companhia, João Irineu Medeiros, explicou que o termo micro-híbrido é utilizado para definir modelos com o sistema Stop&Start, ou seja, não tem a função de tracionar o motor a combustão, como ocorre nos chamados híbridos leves.
“O híbrido tem de propulsionar o motor”, explicou o VP. Assim como outras montadoras, a Stellantis trabalha com três categorias de híbrido. A primeira – MHEV – tem dois subsegmentos: o com baterias de 12V a 48V, que gera de 3 a 10 KW, e o de 48V, com 10 a 20 KW.
As outras duas são de baterias de alta tensão, que é de até 150V no Híbrido HEV, com até 50kw, e de até 300V no PHEV, recarregável e também conhecido como híbrido plug-in, possibilitando a rodagem 100% no modo elétrico.
A nomenclatura micro-híbrido adotada pela ABVE para o híbrido leve é utilizada oficialmente pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos, mas, segundo João Irineu, não consta em nenhuma norma técnica local ou internacional.
“Para nós da Stellantis o melhor caminho é separar o micro-híbrido do híbrido. O debate leva ao conhecimento e quanto mais debatermos mais subsídios daremos ao governo para definir o escalonamento do IPI Verde. Certamente o governo vai consultar as normas internacionais para definir o que é híbrido e o que não é”, complementou o executivo.
A questão da nomenclatura tem tudo a ver com o chamado IPI Verde, que está contemplado no Mover, Programa de Mobilidade Verde e Inovação, e deve ser regulamentado ainda este ano.
Ao invés de alíquotas menores para modelos de menor cilindrada, como acontece hoje, a ideia é considerar o nível de emissão de poluentes do veículo para definir a taxação.
Durante a entrevista de hoje, João Irineu insistiu que o Brasil tem de colocar o pé na eletrificação de forma gradual, começando pelos híbrido leves com biocombustível, no caso o etanol, até chegar no 100% elétrico.
“Esse é o melhor caminho a ser seguido por aqui e é nesse sentido que a Stellantis está trabalhando. O Mover é importante no contexto da descarbonização, incluindo não só a emissão final mas todo o processo do poço à roda e também a reciclabilidade dos materiais e do carro em si, que é mais complexa no caso do modelo 100% elétrico”. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)