O Estado de S. Paulo
A inflação brasileira está desacelerando neste mês. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE, o IPCA-15 (que é uma prévia da inflação oficial) ficou em 0,30% no mês, abaixo do 0,39% registrado em junho. O número, porém, ficou acima do esperado pelo mercado: a expectativa dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast era de um índice de 0,23%.
No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 registra alta de 4,45%, acima dos 4,06% observados nos 12 meses encerrados em junho. Isso se explica principalmente porque, em julho de 2023, a taxa foi de -0,07%.
De acordo com o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em julho. Transportes (1,12%) e habitação (0,49%) puxaram as altas. Por sua vez, o grupo alimentação e bebidas teve recuo de 0,44%, após oito meses consecutivos de alta.
Ainda segundo o IBGE, no grupo alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio recuou 0,70% em julho (mais informações no quadro desta página). O grupo habitação, por sua vez, foi influenciado principalmente pela energia elétrica residencial, que subiu 1,20%. Em julho, passou a vigorar a bandeira tarifária amarela, que acrescenta R$ 1,885 a cada 100 kwh consumidos. No grupo transportes, o maior impacto veio das passagens aéreas, que subiram 19,21%.
Análises
O Itaú Unibanco afirma que os dados vieram piores do que o banco esperava, especialmente em função da aceleração dos serviços subjacentes, que mostra que a mínima desses preços no ano deve ter ficado em junho.
A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, aumentou as projeções para o IPCA de julho, de 0,25% para 0,31%, e para o ano, de 4,1% para 4,2%, após a surpresa para cima com o IPCA-15 de julho. As estimativas, afirma, estão atreladas às pressões dos itens seguro de automóvel e passagem aérea.
Andréa avalia que, embora a leitura do IPCA-15 do mês tenha apresentado pressões pontuais, há também uma mudança importante de nível de preços. “Alguns efeitos podem ser mais permanentes e elevar a inflação para o ano, como no caso do seguro de automóvel, muito relacionado às enchentes no Rio Grande do Sul”. (O Estado de S. Paulo/Daniela amorim, Caroline Aragaki e Maria Regina Silva)