Ascensão do Eclipse leva Mitsubishi a crescer o triplo do mercado

AutoIndústria 

 

Com a discrição de sempre, sem qualquer alarde, a Mitsubishi está entre as três marcas que mais cresceram em vendas no Brasil em 2024 — exceção feita, claro, àquelas que debutaram aqui há apenas pouco tempo, leia-se chinesas e RAM, e têm baixa base de comparação.

 

Com atuação quase que restrita a SUVs e picapes, a Mitsubishi ultrapassou 10,5 mil licenciamentos no primeiro semestre. O avanço de expressivos 40% sobre os emplacamentos registrados em igual período do ano passado a aproximou também dos 11 mil alcançados nos primeiros seis meses de 2022, melhor ano da marca desde 2016.

 

Entretanto, as vendas da picape L200 Triton, um dos dois produtos fabricados pela HPE Automotores em Catalão, GO, apenas oscilaram positivamente de 5,2 mil  para 5,5 mil na mesma comparação, enquanto o segmento de picapes grandes avançou 13%, segundo a Fenabrave.

 

A mola a empurrar os licenciamentos totais da marca este ano, portanto, esteve mesmo nos utilitários esportivos, mais precisamente no Eclipse Cross, segundo e último veículo nacional depois da aposentadoria do ASX, em 2021, e de seu sucessor Outlander, em 2022.

 

O Eclipse começou a ser montado em Goiás antes, no fim de 2019, e agora ameaça a Triton como “carro-chefe” de vendas da marca. Só as do primeiro semestre, 4 mil unidades, já equiparam todos os emplacamentos do modelo registrados ao longo dos doze meses de 2023.

 

No primeiro semestre do ano passado, o Eclipse havia conquistado somente 1,4 mil clientes, pouco mais de um terço do público de 2024. A desvantagem para a Triton era equivalente a quase três vezes a atual.

 

É visível nas ruas como o Eclipse ganhou espaço como alternativa entre os SUVs médios, categoria que tem como protagonistas, por exemplo, Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos, dentre outros, e cujo portfólio cresce a cada ano.

 

Naturalmente, não foi o desenho pouco ou nada conservador do modelo atualizado há dois anos que, de repente, caiu nas graças dos consumidores. Colaborou muito mais a decisão da HPE de reduzir, em outubro do ano passado, os preços das diversas versões, que ficaram até R$ 30 mil menores.

 

Sempre com motor 1.5 turbo a gasolina de 165 cv de potência e câmbio CVT, o Eclipse é oferecido atualmente por valores entre R$ 165 mil e R$ 215 mil. A versão topo de linha HPE S AWC tem tração integral nas quatro rodas, um atributo importante para quem gosta de estradas de terra e diferencial dentro do segmento.

 

Preços mais ajustados ao mercado não foi o único motivo, afirma Mauro Correia, CEO da HPE:

 

“O aumento das vendas da linha Eclipse Cross ocorre após esforços em diversas frentes Além do reposicionamento de preços, crescimento da rede de distribuição e ações de comunicação, publicidade e eventos que ampliaram a repercussão sobre nossos modelos. Realizamos ações de marketing específicas para o Eclipse Cross, que também ganhou as séries especiais Rush e Sport”.

 

O dirigente adianta que séries especiais seguirão como ferramentas importantes na estratégia de sustentação e ampliação das vendas do SUV.  Tanto que a marca já tem programadas, para breve, as apresentações de outras duas: a Motorsports, feita “a quatro mãos” a partir de consulta aberta ao público, e a R, para rali. A Mitsubishi também retornará à Stock Car no próximo ano justamente com o Eclipse Cross.

 

“Os resultados positivos em relação à linha eram esperados e temos boas expectativas por conta do desenvolvimento de uma estratégia e um plano focado não somente no crescimento de vendas, mas também na visibilidade da linha Eclipse Cross e da marca como um todo.”

 

Mais produtos e tecnologia em Catalão

 

A recuperação das vendas da Mitsubishi depois de um 2023 de queda de 17% frente ao ano anterior e que poderá resultar em maior volume anual desde 2016, quando a marca negociou 24,9 mil veículos, coincide com a decisão da HPE Automotores de investir em Catalão.

 

Em abril, a empresa revelou que desembolsará R$ 4 bilhões até 2032 na fábrica goiana para melhoria de processos e atualização de equipamentos, mas sobretudo produção de novos veículos e desenvolvimento de tecnologias híbridas e flex.

 

“Os próximos oito anos serão muito empolgantes para a nossa marca”, resumiu Correia, principal executivo da empresa desde março de 2023, depois de presidir o Grupo Caoa, concorrente direto da HPE exatamente no mercado de SUVs. (AutoIndústria/George Guimarães)