Motor 1
Carros esportivados são algo comum na indústria automotiva, principalmente no Brasil. É uma fórmula simples para criar uma nova versão um pouco mais cara e sem mudanças na mecânica. A Nissan está usando este artifício com o Versa, seu sedã compacto, com a chegada do Versa SR como parte da linha 2025, mas com uma estratégia diferente. Além do visual diferenciado, traz alguns dos equipamentos da variante topo de linha Exclusive.
É uma boa ideia da Nissan, pois tem mais chances de atrair o cliente que não se interessa só em uma carinha de esportivo para o Versa, até porque o sedã está bem longe de ter um alto desempenho. Por R$ 123.990, é R$ 6 mil mais caro do que a versão Advance, mas R$ 8.200 mais barato do que o Exclusive, deixando de lado itens como faróis de LEDs, ar-condicionado digital, sensor de ponto cego, central multimídia de 8” e rodas de liga leve de 17”.
A Nissan deixou o passado dos carros sem graça para trás desde o lançamento do Kicks e tem acertado bastante no design. A terceira geração do sedã já havia chegado com um visual muito mais agradável aos olhos e a reestilização, lançada no ano passado, melhorou bastante a frente do carro, com a nova identidade da marca. Sai a grade “V-Motion”, usando um V cromado em torno do logo da Nissan, para usar uma entrada de ar trapezoidal, com acabamento preto e linhas cinzas na borda. O resultado é que ficou bem mais harmonioso.
No caso da versão SR, a sensação de esportividade vem da adição de um pequeno aerofólio na tampa do porta-malas, pintura preta brilhante na grade e retrovisores laterais, bancos em tecido com detalhes em laranja, costura laranja no volante e painel dianteiro, e o emblema SR espalhado pela carroceria. Por fora é bem discreto e combina bem com a pintura vermelha Scarlet, que custa mais R$ 2 mil.
O Versa é um bom sedã e sempre dissemos isso. Trouxe muito das lições que a Nissan aprendeu com o Kicks para fazer um carro bem confortável e com um bom espaço interno. Os bancos dianteiros, com a tecnologia Zero Gravity desenvolvida junto com a Nasa, são ótimos e, embora os assentos traseiros não tenham o mesmo espaço da geração anterior, ainda são agradáveis e será difícil sentir-se desconfortável.
Poderia ser um pouco melhor no acabamento. Temos plásticos de boa textura no painel junto com peças em couro, mas o restante está com plástico rígido como nas portas e na parte superior do painel. Não está longe do que padrão do segmento, mas depois de olhar para o Honda City, passa a sensação de que a Nissan poderia ter feito um pouco mais.
Ter recebido mais alguns equipamentos ajudou o Versa SR a ficar bem mais interessante. Temos chave presencial, computador de bordo com tela TFT de 7 polegadas, vidros e travas elétricas, seis airbags, rodas de liga leve de 16”, sensor de estacionamento, controle de cruzeiro, câmera 360° e carregador wireless para smartphones, central multimídia de 7 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay, entre outros. Deixou algumas coisas para a versão topo de linha, como o ar-condicionado ser automático e digital e alguns assistentes de segurança como alerta de pongo cego, alerta de tráfego cruzado e a multimídia com tela de 8 polegadas.
Algumas coisas precisam ser revistas, considerando como o segmento evoluiu. Faltam os faróis de LED de série e nem mesmo a iluminação diurna usa esta tecnologia. A multimídia também poderia usar Android Auto e Apple CarPlay sem fio, que está cada vez mais comum. Ao menos consegue manter a conexão constante, ao contrário de algumas fabricantes.
A Nissan até trabalha em um motor 1.0 turbo, que fará sua estreia na nova geração do Kicks mas, até lá, ainda veremos o 1.6 aspirado de quatro cilindros em quase toda sua linha nacional, de 113 cv a 5.600 rpm e 15,3 kgfm a 4.000 rpm. No Versa, entrega um desempenho até que bom acelerando de 0 a 100 km/h em 12,2 segundos. Lembrando ainda que é um carro com câmbio CVT com uma calibração voltada para o rendimento energético. Claro, isso com o sedã vazio, mas comece a levar a família e será um pouco triste fazer uma ultrapassagem na estrada.
O lado bom é que entrega uma boa economia, mesmo sendo aspirado. A média, com gasolina, foi de 10,8 km/litro na cidade, o que não é ruim. Se você realmente focar em ser econômico, é fácil chegar perto dos 12 km/litro. Na estrada, mantendo um bom ritmo, marcamos 17,7 km/litro, o que já entra no rendimento de um motor turbo.
Dinamicamente, tem uma carroceria bem acertada, comportando-se bem em alta velocidade, sem balançar em excesso, mesmo que seja um carro mais voltado para o conforto. A direção é bem precisa e com um bom feedback, o que ajuda a ser muito gosto de guiar. Como está com rodas de 16 polegadas e pneus 205/55 R16, consegue absorver bem as irregularidades do asfalto e ajuda a suspensão a não bater, só acontecendo ao forçar o carro ao limite.
Se fosse apenas pelo pacote visual, o Nissan Versa SR 2025 não teria muitos argumentos para ser uma boa compra, por ser um pacote visual bem discreto. Porém, a adoção de mais equipamentos faz com que seja uma ponte entre as versões Advance e Exclusive por um preço mais interessante e que traz não só o básico, como também itens mais chamativos como a câmera 360°. Isto faz com que seja uma boa opção dentro da linha do sedã compacto. (Motor 1/Nicolas Tavares)