Após enchentes no RS, setor de consórcio de caminhões reduz expectativa de crescimento

Transporte Moderno

 

As boas expectativas de crescimento em novos contratos de consórcio de caminhões estão um pouco mais tímidas em função das enchentes no Rio Grande do Sul. Essa é a avaliação do presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (ABAC), Paulo Rossi, compartilhada com o portal Transporte Moderno. Conforme o executivo, prestes a completar um mês, a tragédia é um dos principais motivos da projeção mais tímida para o avanço de novas cotas em 2024 que, no início do ano, era de 15%. Agora, a estimativa de expansão gira em torno de 5% a 10%.

 

O Rio Grande do Sul é estratégico para as administradoras de consórcio. Segundo estimativas do presidente da ABAC, em 2023 o estado representou 9,3% de todos os participantes ativos no sistema de consórcios de caminhões e correspondeu a 7,4% de todas as vendas de novas cotas. “É uma região que consideramos importante, sobretudo, no agronegócio.”

 

Outros fatores que poderão diminuir as vendas de novas cotas, segundo o executivo, são: a desaceleração do consumo, os altos estoques de grãos, a desvalorização da soja e do milho, a redução das exportações e a menor safra. “Devemos considerar que o setor do agronegócio vem enfrentando diversos desafios, como condições climáticas adversas, inundações no Rio Grande do Sul, seca em outras regiões e altas temperaturas, afetando as áreas de cultivo”.  Rossi relembra que, inicialmente, previa-se uma colheita de 217 milhões de toneladas, mas essa estimativa já foi revisada para 195 milhões. Questões como essas, segundo ele, frequentemente impactam o setor e a produção de máquinas agrícolas.

 

Mesmo assim, Rossi diz que a modalidade de consórcio não sente os impactos como o financiamento porque exige planejamento no longo prazo. “A principal vantagem do consórcio é que o consumidor está focado no futuro. Ele pode continuar investindo com o objetivo de melhorar suas condições”, diz. Segundo o presidente da ABAC, no Rio Grande do Sul muitas empresas estão adquirindo cotas de consórcio para comprar caminhões novos ou seminovos nos próximos anos.

 

Redução de janeiro a maio

 

Os dados da ABAC mostram que as vendas de novas cotas para caminhões de janeiro a maio somaram 110,24 mil unidades, uma retração de 13,1%. Contudo, houve aumento no número de participantes ativos no período. São 806,41 mil, crescimento de 18,3% sobre a base do ano passado, com 681,75 mil integrantes. “É possível que em junho haja um impacto mais direto devido às condições no Rio Grande do Sul, incluindo a colheita e a perda de safra. No entanto, não é possível afirmar se será pior do que maio”, finaliza. Até o fechamento desta reportagem, a ABAC não havia divulgado os dados deste mês. (Transporte Moderno/Aline Feltrin)