Mdic reduz projeção de superávit comercial de US$ 94,4 bi para US$ 73,5 bi em 2024

O Estado de S. Paulo Online

 

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) revisou a previsão de superávit comercial de 2024 para baixo. Agora, a expectativa é de que, no ano, o saldo positivo das contas feche em US$ 73,5 bilhões ante US$ 94,4 bilhões da previsão inicial. No ano passado, a balança teve superávit recorde, de US$ 98,9 bilhões. A nova projeção representa uma queda de 25,7% em comparação com o saldo de 2023.

 

A queda no preço de mercadorias que são chave para as exportações brasileiras e uma economia interna mais aquecida, com revisões consecutivas do PIB, estão entre os principais fatores a explicar a revisão para baixo do saldo esperado para a balança comercial de 2024, explicou o Diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Herlon Brandão.

 

“Os preços das mercadorias estão em queda, como é o caso do petróleo, soja, minério”, disse Brandão, lembrando do grande peso que esses itens têm na balança comercial, uma vez que a pauta exportadora não é muito diversificada. A pasta espera que as exportações somem em US$ 332,6 bilhões neste ano – queda de 2,1% em relação a 2023. A projeção inicial, de janeiro, previa exportações de US$ 348,2 bilhões – número maior que o do ano passado, quando as vendas somaram US$ 339,7 bilhões. A demanda externa menos aquecida também explica uma expectativa menor para as exportações do ano, lembrou Brandão.

 

“Tem demanda mundial caindo lentamente. O volume importado pelo mundo apresentou estagnação no ano passado”, pontuou Brandão, lembrando ainda que as exportações para a Argentina, que sofre uma crise econômica, caem mês a mês. “Argentina é um fator de risco”, disse. Ele ponderou que o preço das mercadorias é muito volátil e que, portanto, o cenário para as exportações brasileiras em 2024 é mais incerto, em comparação com as projeções para as importações.

 

No caso das compras, ressaltou Brandão, há um reflexo do aquecimento da economia interna. “Com constantes revisões do PIB para cima, é natural que o Brasil consuma mais bens importados”, disse o Diretor de Estatísticas, que vê um cenário “bem consistente” para o crescimento das importações neste ano. “O câmbio real vem apreciando, o que influencia também em expectativa maior de importação”, disse.

 

Agora, a expectativa é de que as compras somem US$ 259,1 bilhões em 2024, alta de 7,6% na comparação com 2023. Inicialmente, o Mdic projetava US$ 253,8 bilhões em importações. No ano passado, esse número fechou em US$ 240,8 bilhões.

 

Brandão destacou que houve “grande” aumento de volume importado nas três principais categorias da balança comercial do primeiro trimestre: bens de capital (15,4%), bens intermediários (11,1%) e bens de consumo (22,8%). A exceção ficou com a importação de combustíveis, que registrou queda tanto no volume (-13,7%) quanto no preço (-9,1%). “O Brasil vem dependendo cada vez menos de combustível importado”, disse o técnico do MDIC.

 

Em valores, a importação registrou queda de 1,8% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, puxada pelo recuo dos preços, de 10,6%, enquanto que o volume comprado cresceu em 8,7%.

 

Entre os destaques positivos nas importações está o segmento de veículos automóveis de passageiros, com crescimento 46,4% no valor comprado. Em motores e máquinas não elétricos, o avanço nas importações foi de 12,6%. As compras da China cresceram 13,1% no período.

 

Elétricos e híbridos

 

A forte alta na importação de automóveis de passageiros no primeiro trimestre do ano foi puxada principalmente pelas compras de origem da China. De lá, os principais embarques foram de veículos elétricos e híbridos, disse o coordenador-Geral de Estatísticas do Mdic, Saulo Castro.

 

“O aumento de 46,4% nas aquisições foi puxado principalmente pelas compras de origem da China, foi aproximadamente US$ 570 milhões com origem da China, quem está puxando a alta”, disse Castro, pontuando ainda a queda na compra de carros com origem da Argentina, em 41,5%.

 

Brandão, reconheceu como “natural” o grande avanço nas importações neste primeiro trimestre tendo em conta a decisão do governo de aumentar o imposto de importação sobre carros elétricos e híbridos, de forma que a elevação acontecerá de maneira gradativa. Em julho, as alíquotas já terão um novo aumento.

 

“É natural que as importadoras tenham o movimento de antecipar a importação de veículos por conta da expectativa de crescimento da tarifa”, disse Brandão, observando que o entendimento do governo era de justamente não pegar o mercado de surpresa. “As indústrias estão se instalando no Brasil. O crescimento de importações não vai se manter assim. As medidas já foram tomadas tendo em vista este cenário”, concluiu. (O Estado de S. Paulo Online/Amanda Pupo)