Ibama segue em greve e liberação de veículos importados continua afetada

Motor 1

 

A liberação de licenças ambientais para comercialização de veículos importados continua fortemente afetada no Brasil neste início de abril. Principal responsável pela documentação, o Ibama está com atividades paralisadas desde janeiro e sem previsão de normalização. Como carros trazidos do exterior só podem ser vendidos com aval do órgão, o estoque de modelos parados nos pátios aguardando liberação só aumenta.

 

O problema já impacta negativamente os números gerais do mercado. Em março, por exemplo, houve recuo de 6% nas vendas na comparação com igual mês de 2023. Ao todo, foram comercializados 187,7 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, contra 199 mil do ano anterior no mesmo período.

 

A queda acontece após seis meses seguidos de crescimento na comparação anual. Ou seja, o mercado está aquecido, com consumidores dispostos a comprar e média diária de vendas de 9.400 unidades bem superior às 8.600 de março do ano passado. O problema é justamente a demora na liberação dos importados.

 

No fechamento do primeiro trimestre, o mercado registrou crescimento de 9,1% e somou mais de 514.500 unidades entregues. Na prática, foi o melhor resultado para o período desde 2021.

 

Greve desde janeiro

 

Paralisados desde janeiro, os funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) reivindicam novo plano de carreira, aumento de salário e melhores condições de trabalho para o setor. Cerca de 90% dos trabalhadores de campo aderiram à mobilização e os demais agora se concentram apenas nas atividades burocráticas internas.

 

A categoria alega que espera valorização do novo governo, especialmente depois dos problemas enfrentados na gestão passada. Pelos menos duas propostas já foram apresentadas pela ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, mas não houve acordo. As negociações seguem em curso.

 

O problema atinge em especial montadoras que não possuem fábrica no Brasil, como GWM e BYD, que trazem carros elétricos e híbridos da China. Além disso, afeta fabricantes instaladas nacionalmente e que ainda assim trazem veículos de fora, como Stellantis, Volkswagen, Nissan e Toyota, que importam principalmente da Argentina.

 

Entre os modelos, o Peugeot 208 recuou 27,4% em março na comparação com fevereiro. A picape Ranger, da Ford, caiu 26,9% e o Volkswagen Taos amargou queda de 13,3%. Todos são produzidos na Argentina. Entre os veículos trazidos da China, o BYD Seal sofreu queda de 25,1%, o Ford Territory de 76,5% e o BYD Song Plus de 24,7%. (Motor 1/Dyogo Fagundes)