Chinesas começam a dominar vendas do mercado russo após sanções

Jornal do Carro

 

O balanço preliminar das vendas de carros na Rússia em agosto aponta uma mudança radical no país. As marcas chinesas, que tinham vendas discretas, ascenderam rapidamente nos últimos meses e já respondem por mais de um quarto dos emplacamentos do mercado russo. Para sermos mais exatos, as montadoras da China já detém 26,4% das vendas locais, com total de 2.590 veículos vendidos entre os dias 15 e 21 de agosto.

 

A líder ainda é a russa Lada, que detém 39% de participação de mercado. Em relação às marcas, só a Haval, portanto, vendeu 723 unidades no período. Enquanto isso, Geely e Chery somaram, respectivamente, 719 e 672 emplacamentos.

 

Essa ascensão chinesa é um reflexo imediato das sanções econômicas feitas à Rússia, principalmente por Estados Unidos e Europa. Isso, a princípio, forçou várias marcas tradicionais – como os grupos Renault e Volkswagen – a deixarem o país desde o início da Guerra contra a Ucrânia.

 

Os sul-coreanos, bem como a China, não fazem parte do boicote à Rússia. Desse modo, a Kia nada de braçada. Enquanto tem participação irrisória no Brasil, por lá, passa dos 16% de share.

 

Chinês vende mais que Lada

 

Mas o modelo em destaque no ranking russo é o SUV chinês Haval Jolion – com 546 unidades. Este é um dos candidatos a ter produção no Brasil a partir de 2023, na fábrica da Great Wall Motors em Iracemápolis (SP).

 

A reviravolta chinesa é tão grande que o SUV, por exemplo, superou até as vendas do sedã compacto Lada Vesta. Um dos carros mais vendidos da Rússia desde 2015, o três-volumes não passou as 486 unidades vendidas no período.

 

Ainda assim, o Lada Granta ainda é o mais emplacado da Rússia. Com cara de carro dos anos 2010, não tem airbags ou freios ABS. Sem contar a falta de pré-tensionador de cintos e motor de 1996, que segue regras do Euro 2. Mas essa foi a solução que a marca encontrou para tentar driblar a crise dos chips, afinal, há um grande buraco, também, em peças de reposição. Ou seja, vende carro pelado para que não precise de conserto.

 

Crise dos chips

 

Outro fator decisivo para a mudança radical do mercado russo é a atual crise dos chips, que persiste no mundo inteiro. Sobretudo para gigantes como a General Motors.

 

A princípio, por deterem boa parte da produção global de chips, as chinesas parecem sofrer menos com a escassez de semicondutores. Assim, veículos fabricados na China encontraram porta aberta para ganhar o mercado russo, assim como foi no Brasil, há uma década.

 

Entretanto, por aqui, ao invés de as chinesas apresentarem salvação para a clientela (na Rússia, por causa das poucas opções de compra), foram vistas como ameaçadoras para fabricantes que atuavam no Brasil, principalmente, as nacionais.

 

Todavia, nessa época, quem ganhou foi o consumidor brasileiro, que hoje tem carros de entrada mais equipados. Para quem não se lembra, no início da década passada, os carros fabricados na China – como JAC J3, por exemplo – começaram a chegar por aqui com vasto conteúdo de série a preços competitivos. Enquanto isso, na época, muitos modelos de produção nacional sequer tinham vidros e travas elétricas, sistema de som ou airbags. (Jornal do Carro/Vagner Aquino)