Desemprego cai e, depois de dois anos, renda média tem crescimento real

O Estado de S. Paulo

 

A taxa de desemprego confirmou a tendência de queda em julho. O índice desceu de 10,5% no trimestre terminado em abril para 9,1% no encerrado em julho, o mais baixo desde o trimestre concluído em dezembro de 2015. Além disso, o rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve elevação real de 2,9% na comparação com o trimestre até abril, para R$ 2.693 (alta de R$ 75). A renda real não apresentava crescimento significativo desde o trimestre terminado em julho de 2020.

 

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme o levantamento, o número de pessoas trabalhando no Brasil é o maior já registrado, embora o contingente de trabalhadores informais também tenha alcançado novo recorde.

 

A queda na taxa de desemprego reflete a dinâmica mais robusta da atividade econômica, com efeitos da reabertura e dos impulsos fiscais concedidos pelo governo, avaliou o economista João Savignon, da gestora de recursos Kínitro Capital. Ele prevê um novo recuo no desemprego no trimestre encerrado em agosto, com taxa entre 8,8% e 8,9%, mas com expectativa de perda de fôlego, chegando ao fim de 2022 em 8,6%.

 

“Vamos ter efeitos defasados do ciclo de aperto monetário (elevação dos juros) e desaceleração da atividade econômica global. Tudo isso vai desafiar essa melhora de curto prazo”, justificou. “A maior dúvida é para o ano que vem. O mercado de trabalho deve ter uma recuperação mais devagar, com arrefecimento (de crescimento) do PIB a 0,5%, mas sem uma reversão importante na taxa de desemprego, que deve ficar relativamente estável.”

 

Aumento de renda

 

Com mais pessoas trabalhando, a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 13,106 bilhões em um trimestre, para R$ 260,699 bilhões. Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, reconhece que a deflação registrada em julho (0,68%, de acordo com o IPCA) também pode ter ajudado o desempenho melhor da renda média no trimestre. Ela ressalva que a renda nominal também subiu.

 

Sem descontar a inflação no período, o rendimento médio cresceu 4,8% no trimestre terminado em julho ante o encerrado em abril. Já na comparação com o trimestre terminado em julho de 2021, houve elevação de 8% na renda média nominal. Na comparação com o trimestre encerrado em julho do ano passado, porém, a renda média real caiu 2,9%, ou R$ 79. RECORDE DE INFORMAIS. Ainda há 9,882 milhões de pessoas em busca de uma vaga, mas esse é o menor número de desempregados desde o trimestre encerrado em janeiro de 2016. Em apenas um trimestre, 2,154 milhões conseguiram um trabalho. A população ocupada alcançou um recorde de 98,666 milhões de trabalhadores no período, mas o número de postos informais atingiu o ápice, com 39,294 milhões.

 

“O processo da expansão da ocupação está bastante disseminado pelas atividades”, acrescentou Beringuy. “Nenhuma atividade dispensou”. (O Estado de S. Paulo/Daniela amorim e Guilherme Bianchini)