Mercado já vê inflação em 7,65% no ano, indica Banco Central

O Estado de S. Paulo

 

O Banco Central voltou a divulgar ontem, após quase um mês, as estimativas de economistas do mercado financeiro para os principais indicadores da economia. O atraso tem a ver com a greve dos servidores da autarquia (que foi suspensa até o próximo dia 2), por reajuste de salários. Pela nova publicação, a estimativa de uma centena de instituições para a inflação em 2022 passou de 6,86%, projetada no fim de março, para 7,65% – bem acima da meta definida para o ano, de 3,5%.

 

Para 2023 – atualmente, o foco principal da política monetária mantida pelo BC –, a nova projeção é de 4%, também se afastando cada vez mais da meta, de 3,25%. Há quatro semanas, o mercado esperava variação de 3,80% para o próximo ano.

 

Como resultado, o mercado reviu igualmente suas projeções para a Selic, que hoje está em 11,75%. A mediana das estimativas para a taxa básica de juros está agora em 13,25%, ante 13% há um mês.

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC voltará a se reunir no início de maio, e a indicação já dada é de um novo aumento da Selic de 1 ponto porcentual. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, chegou a dizer que ficou “surpreso” com o resultado do IPCA em março (1,62%).

 

PIB

 

O relatório divulgado pelo BC trouxe ainda aumento da previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, que passou de 0,50%, há um mês, para 0,65%. Para 2023, no entanto, a mediana recuou de 1,3% para 1%, no mesmo tipo de comparação.

 

A greve dos servidores do BC começou em 1.º de abril, depois de o presidente Jair Bolsonaro acenar com aumento de salário apenas para categorias policiais. Na semana passada, num sinal de “voto de confiança”, eles interromperam o protesto por duas semanas na tentativa de avançar nas negociações com o governo.

 

Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, a categoria aceita rever a reivindicação inicial de 27% de reajuste, para reduzir o impacto orçamentário neste ano. Em média, um analista do BC ganha R$ 26,3 mil mensais. (O Estado de S. Paulo/Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues)