Estradão
A startup TuSimple, empresa que desenvolve tecnologias para caminhões autônomos, acaba de lançar a primeira rede autônoma de cargas nos Estados Unidos. Batizado de Autonomous Freight Network (AFN), o sistema já está em operação em sete rotas no país. Os caminhões autônomos poder rodar sem motorista.
O sistema é composto por caminhões autônomos, rotas mapeadas digitalmente e terminais em locais estratégicos. Tudo é controlado por meio do aplicativo de monitoramento TuSimple Connect. O conjunto compõe a tecnologia chamada L4. O objetivo é tornar a operação mais segura e eficiente.
“Nosso objetivo é ter uma rede de transporte com rotas mapeadas conectando centenas de terminais. E permitir operações autônomas de longa distância eficientes e de baixo custo”, diz o presidente da TuSimple, Cheng Lu.
Caminhões autônomos de longas distâncias em etapas
A entrada em operação da rede autônoma ocorrerá em três frases. Nesta inicial, os caminhões vão trafegar por rotas entre as cidades de Phoenix e Tucson, no Estado do Arizona, El Paso, Dallas, Houston e San Antonio, no Texas. Esse trecho tem cerca de 1.600 km.
A TuSimple já opera em sete rotas diferentes entre Phoenix, Tucson, El Paso e Dallas. No terceiro trimestre, a startup abrirá um novo terminal de embarque em Dallas. Com isso os caminhões vão poder trafegar pelo de forma autônoma pelo chamado “triângulo do Texas”.
Na segunda fase, início de operação previsto para 2022, a TuSimple expandirá a rota de Los Angeles, na Califórnia, a Jacksonville, na Flórida. E vai conectar a costa leste à costa oeste dos EUA.
Na terceira fase, a mais ousada, as operações serão expandidas para 48 Estados norte-americanos. Quando isso ocorrer, as operações com veículos autônomos estarão disponíveis para uso comercial em todo o país, de acordo com informações dos executivos da TuSimple
Os EUA vão funcionar como mercado-piloto para a companhia. Após a conclusão da implantação da terceira fase, o próximo passo da startup é replicar a estratégia em países da Europa e Ásia.
A meta da empresa é expandir rapidamente as operações e o número de rotas de veículos autônomos. E fornecer o serviço a usuários em qualquer lugar, 24 horas por dia, sete dias por semana.
Grandes operadores logísticos apoiam
Representantes das principais operadores logísticos norte-americanos participaram do evento de lançamento da rede autônoma da TuSimple. Havia executivos de companhias como UPS, Penske Truck Leasing, Xpress e McLane, por exemplo.
O U.S. Xpress, aliás, é uma das parceiras do projeto. A companhia, cuja frota tem aproximadamente 7 mil caminhões, vai fornecer dados da operação para ajudar no aprendizado e no aprimoramento da tecnologia L4. Com acesso a mais rotas, a TuSimple pode refinar o sistema.
O objetivo é tornar o sistema mais seguro e reduzir o risco de acidentes. Por ora, cada caminhão terá um motorista que, embora não dirija de forma efetiva, ficará ao volante para monitorar tudo o que acontece durante a viagem. Esses condutores poderão tomar o controle do caminhão em caso de necessidade.
“Nos últimos dois anos, o US Xpress trabalhou em estreita colaboração com a TuSimple para ajudar a definir as necessidades das operadoras para caminhões L4”, disse o presidente e diretor executivo da U.S. Xpress, Eric Fuller.
Economia de combustível
Fuller diz que, além de a tecnologia tornar a operação de transporte mais segura, permitirá o aumento da eficiência. Isso se traduz em redução do consumo de combustível. Estudo elaborado pela startup com base nos primeiros testes mostra que a tecnologia autônoma pode gerar 10% de economia em relação aos caminhões tradicionais.
A Penske Truck Leasing fara a manutenção preventiva dos caminhões autônomos. “A Penske sempre apoiou seus clientes quando se trata de inovações para a mobilidade”, diz o vice-presidente de estratégia e experimentação de veículos conectados da empresa, Bill Combs.
No Brasil tecnologia atua em ambiente controlado
No Brasil, apenas a Volvo e a Mercedes-Benz oferecem caminhões com recursos de tecnologia autônoma. Os modelos são direcionados à operações nas lavouras de cana-de-açúcar. A filial brasileira da Volkswagen Caminhões e Ônibus também deve lançar em breve um veículo com essa tecnologia para atuar em canaviais.
Esses caminhões utilizam um conjunto de recursos que formam o sistema. Há, por exemplo, navegador GPS de alta precisão que atua em conjunto com o controlador eletrônico de velocidade, conhecido como “piloto automático”. Esses dispositivos utilizam uma série de parâmetros para manter o veículo no trajeto pré-estabelecido.
No caso dos caminhões canavieiros, a circulação entre as filas da plantação é feita de forma mais eficiente. Isso se traduz em menores índices de pisoteamento (quando os pneus esmagam os brotos). Na prática, há menos perdas.
No Brasil, os caminhões utilizam sistema autônomo de nível 2. Por meio de geolocalização (a partir de sinais de satélite), o caminhão pode frear, acelerar e seguir a rota predeterminada sem sozinho. Não é necessária a atuação de motorista.
Mesmo assim a operação é limitada a ambientes controlados. Como plantações e propriedade particulares. Embora o sistema seja bastante eficiente, sempre há um motorista a bordo. O objetivo é monitorar o comportamento do veículo e intervir quando necessário. (Estradão)