Mercedes-Benz cresce em participação no mercado, mesmo com pandemia, mas volume de vendas caiu

Diário do Transporte

 

A Mercedes-Benz registrou de janeiro a junho deste ano, crescimento de 3,8% de participação no mercado, apesar da pandemia da Covid-19.

 

A informação é do diretor de vendas e mercado da Mercedes-Benz, Walter Barbosa, em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira, 15 de julho de 2020, da qual o Diário do Transporte participou.

 

Por segmentos acima de oito toneladas, a participação da Mercedes-Benz no acumulado de seis meses deste ano é a seguinte: micro-ônibus (29%/ 316 unidades), escolar (38%/317 unidades), urbano (74%/1919 unidades), fretamento (53%/253 unidades) e rodoviário (57%/360 unidades).

 

Apesar disso, como tem ocorrido no mercado geral de ônibus, as vendas acumulam expressivas quedas entre todas as marcas.

 

De acordo com Barbosa, o segmento mais afetado até o momento foi o escolar (queda de 56%) e menos afetado foi o de fretamento (- 20%) em termos percentuais. Mas o fretamento é o que tem menor volume (quantidade total de ônibus).

 

O executivo acredita que um dos motivos para o fretamento ter registrado uma queda menor foi o fato de as empresas prestarem serviços para indústrias e atividades que, por medida de segurança, reduziram “pela metade a lotação dos ônibus”, tendo de ampliar a frota para transportar funcionários.

 

Barbosa disse, porém, que esse quadro não deve persistir, já que depois da normalização haverá adequação da lotação à frota no fretamento.

 

Em volume, o segmento que mais sofreu foi de ônibus urbanos, devido à queda de demanda de passageiros. A queda das vendas de janeiro a junho entre todas as marcas foi de 56%.

 

O número de passageiros caiu no Brasil em torno de 75%, variando de acordo com cada cidade, o que, na visão de Walter Barbosa, explica a queda expressiva do volume de vendas dos veículos.

 

No segmento de rodoviários, que representa em torno de 10% de todo o mercado, a queda de demanda de passageiros foi maior, em torno de 90% em algumas linhas, tanto intermunicipais como interestaduais.  Entretanto, diferentemente do urbano, as empresas não são obrigadas a manter frota em operação nas mesmas proporções.

 

Sobre os escolares, uma parcela significativa dos emplacamentos realizados no semestre, de acordo com Walter Barbosa, ainda se refere à licitação de 2018, cujas unidades estão sendo finalizadas.

 

Para o segundo semestre, os emplacamentos de escolares devem refletir os contratos da licitação mais recente.

 

De cerca de 6 mil ônibus autorizados pelo Programa Caminho da Escola da mais recente concorrência, em torno de 3,5 mil devem ser emplacados neste ano.

 

Estimativas

 

O executivo apresentou na coletiva as estimativas da Anfavea – Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores para 2020 que não são nada animadoras.

 

A queda de vendas de ônibus projetada é de 52% em relação estimativa que o mercado tinha no início do ano, antes da pandemia atingir fortemente o Brasil.

 

No início de 2020, o mercado de ônibus tinha estimava de fechar o ano com 23 mil unidades vendidas aproximadamente. Agora, a perspectiva é de 10 mil unidades.

 

Dependendo das compras públicas de ônibus escolares, o volume pode subir para 11 mil unidades aproximadamente.

 

Para Barbosa, o pior mês do ano foi abril, com queda de 90% no faturamento da Mercedes-Benz. Atualmente, o faturamento varia entre 30% e 50% do período anterior à crise da pandemia e até o final do ano, a estimativa é de chegar de 75% a 80%.

 

Os volumes anteriores à crise do novo coronavírus só devem ser retomados no primeiro semestre de 2021, caso não haja nenhuma surpresa desagradável.

 

Campanha vai divulgar boas práticas das empresas

 

O volume de passageiros interfere diretamente na atividade industrial de ônibus.

 

A lógica é simples: sem passageiro, a empresa de ônibus não ganha dinheiro, não tem condições de renovar a frota e não compra veículos.

 

O estímulo da retomada dos passageiros seria benéfico para todos, na visão da Mercedes-Benz, segundo Walter Barbosa, para o cidadão com melhores serviços, para a mobilidade nas cidades, para a imagem do poder público, para as empresas de ônibus, para a indústria e para a manutenção e, futuramente, geração de empregos.

 

A Mercedes-Benz vai lançar uma campanha on-line chamada “Coletivo de Cuidados” para demonstrar que o ônibus vai ser essencial na retomada às atividades econômicas ainda na persistência da pandemia da Covid-19.

 

Um dos objetivos é mostrar as boas práticas de empresas de ônibus urbanos, fretados e rodoviários quanto às ações para tornar as viagens mais seguras quanto à transmissibilidade do novo coronavírus, sejam medidas diferenciadas de higienização, adequação da frota, de operação e de comunicação com os passageiros, por exemplo.

 

Iniciativas de encarroçadoras e até de poder público devem entrar no conteúdo.

 

A estimativa é que a campanha seja lançada em agosto, quando os gestores municipais e estaduais devem alcançar níveis mais confortáveis sobre a circulação de pessoas.

 

Os vídeos podem ser enviados para a Mercedes-Benz pelas empresas de ônibus, gestores públicos e fabricantes de carrocerias e equipamentos. (Diário do Transporte/Adamo Bazani)