VW vai negociar extensão das medidas de flexibilização de trabalho

AutoIndústria

 

A fim de evitar demissões em suas fábricas no curto prazo, a Volkswagen vai negociar com os sindicatos de metalúrgicos onde opera a extensão das medidas de flexibilização trabalhista, que envolvem redução de jornada de trabalho e de salários. O acordo firmado no início de abril com base na medida provisória 936, que garantia estabilidade no emprego, vence agora em julho.

 

“Devemos marcar reunião com o sindicato do ABC e os demais nos próximos dias. Estou otimista quanto ao fechamento de novos acordos”, comentou o presidente e CEO da Volkswagen América Latina, Pablo Di Si, em entrevista online nesta terça-feira, 7, ocasião em que falou não só do risco de demissões no setor, mas também do mercado, da dificuldade de obtenção de empréstimo por parte das montadoras e dos fornecedores e até dos casos de Covid-19 na fábrica.

 

O executivo informou que o mercado de veículos não está mostrando reação agora em julho e registra, no acumulado até segunda-feira, 6, queda de 50% em relação ao mesmo mês do ano passado. E deixou claro que as medidas de flexibilização resolvem o problema do emprego só no curto prazo, visto que a perspectiva é de retomada lenta do mercado.

 

Apesar das dificuldades, a Volkswagen comemora a liderança do mercado em junho e os bons resultados do Nivus, que esgotou dois lotes de pré-venda em pouco tempo, num total de 2,2 mil unidades. Também revelou que a Volkswagen lançará projeto piloto de aluguel de carro por assinatura ainda neste segundo semestre.

 

Para garantir a oferta do Nivus, que começa a chegar na rede de concessionárias da marca esta semana, a Volkswagen voltou operar em dois turnos na fábrica da Anchieta desde o dia 22 de junho. “Vamos fazer todo o possível e o impossível para vender mais. Mas não dá para prever quanto tempo poderemos manter o 2º turno”, comentou Di Si, informando ainda que 79% dos pontos de venda da Volkswagen estão operando, em alguns casos com restrições.

 

O executivo informou ainda que apesar das várias reuniões com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o BNDES, o setor, incluindo montadoras e fornecedores, não está conseguindo obter empréstimos para repor caixa: “Isso vai ter consequências no curto, médio e longo prazos”.

 

Sobre novos projetos de desenvolvimento de produtos no pós-pandemia, Di Si disse que a empresa vai trabalhar o portfólio em função do tamanho do mercado e da segmentação. “A história mostra que em períodos de crise as pessoas buscam mais os carros de entrada, o que não descarto que venha a ocorrer agora. Tenho impressão que o mercado vai para os modelos compactos e mais econômicos. Mas tudo ainda está em análise”.

 

Di Si deixou claro que a empresa não tem caixa para manter todos os projetos previstos para os próximos 5 anos ou mais e terá de reavaliar prioridades. Admitiu que uma saída é dar sobrevida a alguns modelos, como Fox e Gol, mas por enquanto nada está definido.

 

O CEO da Volkswagen também falou de casos de Covid-19 na fábrica da Anchieta, onde todos os funcionários têm a temperatura medida na entrada e são encaminhados para o ambulatório se houver risco de estarem com a doença. “Tivemos cinco casos na fábrica de pessoas que estavam com febre e também teve teste positivo de uma pessoa com a qual convivi no escritório. Daí eu fiz o teste, que deu negativo, mesmo assim fiquei três dias em casa para fazer uma reavaliação antes de retornar”. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)