Daimler desenvolve novas instalações para fabricação de células de combustível para ônibus e caminhões a hidrogênio

Diário do Transporte

 

O grupo Daimler, detentor de marcas como Mercedes-Benz, Setra e Thomas Built, informou nesta terça-feira, 07 de julho de 2020, que já deu início ao desenvolvimento de novas instalações para fabricação em escala de células de combustível para ônibus e caminhões movidos a hidrogênio.

 

Em junho, foi criada a Daimler Truck Fuel Cell GmbH & Co. KG, justamente para esta produção. Em abril, foi anunciado um acordo preliminar não vinculativo com outra gigante do setor de ônibus e caminhões, a sueca Volvo. Isto é, as duas empresas vão atuar em parceria para o desenvolvimento da tecnologia e das pilhas de combustível, mas devem ter produtos próprios, com autonomia no mercado.

 

As empresas planejam oferecer veículos comerciais pesados com células de combustível ainda na segunda metade desta década.

 

As novas instalações são na sede da Daimler em Stuttgart, na Alemanha. Os profissionais alemães atuam com a colaboração de especialistas de Vancouver, no Canadá.

 

No local, deve ocorrer o processo produtivo completo, desde o revestimento com membrana e fabricação de pilhas à produção completa de unidades de células de combustível.

 

O CEO da Daimler Truck AG, que envolve as operações de caminhões e ônibus do grupo, que também é membro do Conselho da Administração da Daimler AG, Martin Daum, disse, em nota, que estão previstos grandes investimentos. Na nota, não foi revelado o valor previsto.

 

“Estamos trabalhando fortemente para um transporte neutro em CO2 no futuro. A célula de combustível baseada no hidrogênio é uma tecnologia-chave de importância estratégica neste contexto. Agora, seguimos consistentemente o caminho rumo à produção em série de células de combustível e, dessa forma, realizamos um trabalho absolutamente pioneiro, que vai além da indústria automotiva. Para chegar a isso, vamos investir uma soma considerável nos próximos anos”

 

No dia 21 de abril, quando foi anunciado o acordo preliminar entre os dois grupos, foi informado que a Daimler vai incorporar toda sua operação atual em células de hidrogênio à nova empresa e a Volvo vai adquirir 50% da joint venture, com 600 milhões de euros.

 

Na nota de ontem, o CEO da Daimler Truck Fuel Cell, Andreas Gorbach, informou que haverá uma padronização nos processos industriais para ganhos de escala.

 

“Assim como no desenvolvimento da tecnologia das células de combustível, nós também nos beneficiamos no campo da produção com a experiência de muitos anos de nossos especialistas. Isso nos proporciona uma enorme vantagem competitiva: já estamos aptos para trabalhar especificamente em um de nossos marcos mais importantes, que é a padronização para a produção industrial em série e em grande escala desses sistemas de células de combustível “.

 

A Daimler ainda detalhou a complexidade para a produção das células de combustível, que fogem ao padrão dos processos produtivos tradicionais. Até a qualidade do ar das salas conta.

 

“Processos industriais convencionais de produção não podem ser transferidos diretamente para a fabricação das complexas e sensíveis pilhas de células de combustível. O processamento de numerosos componentes delicados ocorre em escala micrométrica (1 mícron = 1 milionésimo de metro). Mesmo a menor contaminação pode comprometer a funcionalidade das células de combustível. É por isso que uma sala limpa, com ar filtrado, está sendo instalada para alguns dos trabalhos na produção planejada. A otimização do ar também é muito importante, uma vez que mínimas alterações na temperatura e na umidade podem levar a mudanças significativas nos materiais, dificultando muito o processo.”

 

Parceria com a Rolls-Royce para geradores de emergência

 

A Daimler também anunciou nesta terça-feira, 07 de julho de 2020, que deve assinar até o fim deste ano um acordo com o grupo britânico Rolls-Royce, “que pretende utilizar os sistemas de células de combustível para produção de geradores de energia de emergência da marca MTU, os quais são usados em centrais de dados.” (Diário do Transporte/Adamo Bazani)