Com produção menor, faltam caminhões pesados nas concessionárias

AutoIndústria

 

Enquanto o mercado de automóveis e comerciais leves reage de forma lenta e indica queda de 38,9% no semestre, o de caminhões convive com falta de produtos nos segmentos de pesados e extrapesados por causa da queda na produção decorrente da pandemia da Covid-19.

 

A informação é do presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, ao garantir que os resultados no mercado de pesados só não foram melhores em junho porque as montadoras estão retomando a produção em ritmo menor do que o ideal para acompanhar a demanda atual na área de transporte. “Em função do necessário distanciamento social, a produção de caminhões – mesmo que em dois turnos – não está alcançando a demanda e, com isso, as concessionárias já têm entregas previstas para outubro”, informa o empresário.

 

Foram emplacados em junho 8.762 caminhões, o que representou crescimento de 12,3% sobre o mesmo mês de 2019 (7.804 unidades) e de 85% sobre maio (4.735). Ou seja, o segmento praticamente retomou níveis registrados antes da pandemia, em torno de 8 mil a 9 mil unidades/mês. Já no caso dos veículos leves, houve reação em junho sobre o mês anterior – alta de 116,8% -, mas o comparativo com o sexto mês do ano passado indica queda de 42,5%.

 

Além do transporte de itens essenciais durante a pandemia, a demanda por caminhões também vem sendo fortemente influenciada pelo agronegócio, que tem previsão de uma supersafra de 245 milhões de toneladas de grão, das quais 116 milhões de soja.

 

“Para o transporte desse tipo de grão, há encomendas que só poderão ser atendidas pelas montadoras de caminhões daqui a três ou quatro meses”, reforça o presidente da Fenabrave, comentando que o mesmo fenômeno verificado nos segmentos de pesados e extrapesados ocorre também no mercado de motocicletas de baixa cilindrada, cuja demanda cresceu por causa das vendas delivery.

 

No acumulado de 2020, o mercado de caminhões recuou 19,7%, de 46.865 unidades emplacadas no primeiro semestre de 2019 para 37.62. O resultado, como explica a Fenabrave, reflete principalmente a redução na produção por causa da paralisação das fabricantes frente à pandemia da Covid-19. “Historicamente, estamos na 15ª colocação entre todos os primeiros semestres e na 10ª se considerarmos apenas o mês de junho nas vendas de caminhões”, revela Assumpção Júnior.

 

Na revisão das projeções para este ano, a Fenabrave estima que o mercado de caminhões absorverá perto de 82,2 mil unidades, o que representará queda de 18,6% sobre as 126,1 mil unidades comercializadas no ano passado. É uma retração bem menor do que a projetada para os veículos leves, da ordem de 37,1%, para 1,67 milhão de unidades.

 

Com relação às vendas de ônibus, a entidade informa retração de 36,5% no acumulado do ano, com 7.875 unidades emplacadas no primeiro semestre, contra as 12.402 unidades do mesmo período do ano passado. Na comparação com junho de 2019, a queda refletida foi de 34,1%. Mas, se comparados com o mês de maio/2020, os números apresentam também apresentam crescimento, nesse caso de 58,03%. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)